CAPÍTULO 31 – NÃO DÊ PALPITES!
Ô chatice, essa de ouvir dispensáveis palpites no que queremos fazer, sobretudo quando estes não solicitados! É uma inominável intromissão em nossas vidas e que motiva inclusive algumas fervuras emocionais que a boa educação manda manter sob controle!
Em alguns casos, estimado(a) leitor(a), bem que poderia existir uma lei permitindo que o “palpiteiro” perdesse a voz durante uns dias, como penalização!
O fato é que não se deve dar palpites como os de sempre: sobre o vestido da noiva, como se criam os filhos, o que fazer na reforma da casa, sobre a marca e modelo do carro com que se sonha há tempos, dentre infindáveis oportunidades perdidas de se ficar calado. E há aqueles que dão palpites até nas refregas emocionais de todos os dias de um casamento sadio e humano, esquecendo-se da sabedoria do velho ditado: “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher!”
Faça uma real diferença na vida das pessoas abstendo-se de qualquer intromissão em suas vidas, cuidando em nada dizer, comentar ou avaliar, se não for concretamente solicitado(a) a fazê-lo, atento(a) leiror(a), para evitar dizer o que não deve, escorregar no que não viu e o risco de jogar combustível na fogueira. Uma atitude de discrição e respeito ao espaço íntimo das pessoas será uma diferença enorme em suas vidas, e o mínimo que se ganhará é a certeza de que vale aquele outro ditado sobre as coisas dos bichos nos matos: “Peru de fora não dá palpites!” Lembra-se? Pois é…
A regra de ouro é: não dê palpites, e pronto! Guarde para si as suas opiniões, e se houver algum convite para que se pronuncie, aí sim é que deve compartilhar a sua visão dos fatos, claro que com todo o cuidado!
Inesquecível a situação que vivi como espectador lá atrás, nos idos da minha infância, quase adolescência! Morando em uma vila de casas ocupadas por italianos e portugueses, meio a meio, o que guardo de então, além da memória dos domingos em que os fados, deliciosamente portugueses, disputavam os ouvidos das pessoas com animadas tarantelas dos viscerais italianos, além dos aromas que encharcavam os ares, vindos das cozinhas e dos cozidos lusos e as porpettas dos “oriundi”, o que guardo, dizia, é a imagem de uma faixa que subitamente apareceu na frente de uma das casas. Durante a madrugada, um anônimo lá colocou a faixa: “Palpites, fofocas, fuxicos, aqui, de graça!”.
Acordados os habitantes daquela vila, o que se espalhou foi o vozerio daqueles que estavam a favor e dos que se opunham ao que havia sido feito com a viúva dona da casa, notória palpiteira, que de todos (mal) falava e na vida de todos se metia! Imagine uma mistura de berros e palavrões seculares, vindos d’além-mar, das aldeias lusas, misturados com as imprecações temperadas pelo sol e pelo sal da Sicília e das montanhas da Calábria! Uma cena para lembrar até bem depois dos tempos! Eu lembro e rio muito daquele fuzuê, como agora ao pô-lo nas linhas deste texto.
Você também pode gostar
Continue acompanhando a série