As pessoas confiam e o fazem de forma entregue, sobretudo as pessoas que mais precisam de nós, e o que menos elas devem receber de volta é a deslealdade! Sentir-se como objeto passivo de uma deslealdade é uma dor intensa, que dilacera por dentro e apaga muito da chama da vida. A deslealdade é uma espécie de porta por onde transitam os piores sentimentos, agindo como garras de um ser gerado nos restos do pior das falências humanas, promovendo a dor que se multiplica e que se intensifica quando mais é sentida.
Fazer a diferença na existência das pessoas, já tão maltratadas pelas deslealdades de um estilo de vida de futilidades, transitoriedades e descaminhos emocionais, também está muito ligado à lealdade, ao estar presente de forma permanente nas suas vidas, sem lhes fechar portas e sem lhes negar a calorosa reciprocidade da confiança.
Seja o cenário que for, ser leal às pessoas é um ato de grandeza que eleva e faz melhor tanto a um quanto ao outro: o leal e o que recebe a bênção de notar em quem mais espera a conduta leal. E é uma diferença capaz de milagres nos contornos das relações interpessoais. Não importa o tempo de existência e muito menos o grau de intimidade entre os envolvidos: a lealdade de alguns poucos (você?) é a última linha de defesa para a pessoa, quando se vê no meio do turbilhão de acontecimentos que entorpecem os sentidos, tamanha a devastação que ocasionam. É na hora em que tudo parece virar pó e sumir nos sopros dos tais acontecimentos difíceis, que as pessoas, até mesmo as menos atentas para cultivar a lealdade nas que lhes sejam próximas, mais precisam da mão forte e do abraço acolhedor dos leais!
Não abandonar as pessoas quando só lhes resta a prova absoluta da lealdade é uma ENORME diferença em suas vidas e o acolhimento da ideia de que os sentimentos superiores nas pessoas não são uma ficção, mas sim uma possibilidade concreta, desde que lhes seja permitido manter e praticar a grandeza de mente e espírito.
Só um funcionário de uma pequena – à época – empresa de turismo e viagens ia visitar o seu empregador todos os dias numa cadeia de delegacia de polícia, por causa de uma sentença por pensão judicial em débito. Só um. De todos, uns 20 mais ou menos, só unzinho estava lá todos os dias à mesma hora, levando umas coisinhas de comer para o patrão e os demais ocupantes da cela, de modo a que pudesse minimizar o sofrimento daqueles dias.
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Essa era uma experiência bem conhecida pelo funcionário, que já estivera preso, cumprindo pena por invasão de domicílio e roubo de uns pacotes de cigarros e algumas garrafas de bebida ordinária. Meses depois de sua saída da Casa de Detenção, esse mesmo funcionário ajudou um senhor a trocar o pneu furado numa estrada com chuva, via por onde ele passava a pé, buscando um canto onde jogar seu corpo e tristezas. O motorista ouviu sua história, deu-lhe um dinheirinho e lhe disse para passar no dia seguinte num endereço onde, então, conseguiu um emprego que o tirou da crueldade das ruas e da trajetória para reincidir no crime. O patrão, que conseguiu de forma tão singular, nunca fez menção à sua passagem pelo sistema penitenciário e, enquanto passavam os dias no emprego e sua vida melhorava, ele jurava silenciosamente lealdade àquela empresa e a seu dono.
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