A maioria dos bebês já nascem chorando. Quando isso não acontece, o famoso “tapa na bundinha” estimula essa reação nos recém-nascidos para confirmar se ocorreu tudo bem no parto. Se considerarmos que a transição do ventre da mãe para o nascimento como a maior transformação de nossas vidas, o choro é uma reação de extrema emoção e que vai ser um recurso utilizado em outros momentos. A diferença é a frequência que cada um vai recorrer ao choro diante das situações tristes e também das grandes alegrias.
Na maioria dos casos, o choro é associado aos momentos de tristeza. Alguns amigos que não sabem como oferecer um amparo mais eficiente nessa hora, às vezes dão aquele tapinha no ombro e afirmam que “chorar faz bem”. Pode até ser, mas eu prefiro adotar hábitos saudáveis que me façam bem como comer frutas, correr, beber bastante água ou respirar ar puro do que ficar bem chorando. Brincadeiras a parte, os benefícios do choro é alvo de estudos e motivo de discussão entre médicos.
Cientificamente falando, o choro traz benefícios quando provoca a liberação de neurotransmissores e hormônios que provocam relaxamento e bem-estar.
Segurar o choro, portanto, exige um esforço no controle do comportamento que é desgastante, comparado a um estresse agudo, além de não permitir o alívio da tensão, enquanto a capacidade de reprimir o choro diante de uma situação triste ou desoladora teria mais a ver com o aprendizado ao longo da vida ou com questões fisiológicas.
Uma pesquisa publicada em 2008 pelo The Journal of Social and Clinical Psychology contou com mais de 5.000 depoimentos de pessoas de 35 países sobre seus episódios de choro mais recentes. Cerca de 70% descreveram a reação como positiva e confortante; mas para cerca de 16% a sensação depois foi pior.
Um dos autores do trabalho é o holandês Ad Vingerhoet. Segundo ele, a forma como as outras pessoas reagem ao choro também pode interferir no benefício que essa manifestação pode trazer ao indivíduo. Ou seja, se o indivíduo receber a empatia de quem estiver ao seu redor, as lágrimas devem trazer alívio a quem chora. Porém se o choro trouxer desaprovação das pessoas próximas, o ato não vai trazer benefícios emocionais.
Outro fator que precisa ser levado em conta é a cultura.
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Alguns grupos sociais buscam reprimir mais as emoções, algo que não ocorre no Brasil. O homem cordial de Sérgio Buarque é extremamente emotivo, seja na alegria ou na tristeza. Então por aqui a chance do choro gerar uma reação negativa das pessoas em volta é menor do que em outros países, portanto, em tese, chorar no Brasil faz mais bem. Infelizmente pelos problemas de nosso país, motivos negativos não faltam, então acaba perdendo boa parte do efeito benéfico.