Convivendo

Claudinha e o Mar

menina em um maiô olha para o mar
Olha, meu amigo, minha amiga… Se em um dos últimos artigos contei-lhes que fui “a garota do trem”, deixa eu contar que também já tive o meu dia de “Glorinha e o Mar”…

Bem, se a sua infância se situa nos idos de 70 ou 80, você certamente se recordará das aventuras de Glorinha, que, arrebatada pelas belezas naturais e abençoadas do litoral paulista, no período acima citado, é surpreendida por emoções e aventuras junto à sua família e novos amigos, enquanto conhece lugares que, para ela (e muitos como eu), revelam verdadeiras paixões para além do que se pode ver, como os pontos turísticos das cidades de Santos e São Vicente.

Menina pequena vestida com um maio rosa, óculos de sol e chapéu de praia, a beira mar, com a mão de um adulto passando protetor nas suas costas.

Então, amados, eu já fui muuuuitas vezes a Glorinha, já percorri estas cidades com tamanha fome aventureira, como ela, isso na minha infância, quando visitar o aquário santista era muito mais do que ver os “peixinhos”, era como se eu “entrasse” no mar… Lá no fundo… No fundão… Bendita infância! Um sorvete na rua, visitar os tios, amigos nos bairros do Gonzaga, que eu achava tão chique e imponente, poxa, tantas coisas, tantas lembranças… E como a Glorinha, a Claudinha aqui também conheceu e se aventurou na pequenez de suas aventuras infantis na Avenida Conselheiro Nébias, que eu jurava que era infinita… Nas minhas voltas pela Ponta da Praia e lá em São Vicente, próximo à Ponte Pênsil, me “acabei” igual a Glorinha, na Casa das Bananadas! Delícia!

Mas com o passar do tempo, notei e senti mudanças, fortes mudanças… Em mim, isso tem nome, né: idade, amadurecimento, sei lá…
 Às vezes, o sorvetinho na sorveteria Itanhaém, por exemplo, de flocos, o meu preferido, tem mais sabor aos oito anos, sabe… Quando você está totalmente focado naquilo e o depois se resume a somente depois. Não há planos para depois do sorvetinho de flocos… Tomar um sorvete aos trinta, quarenta e poucos, tem outro sabor: talvez eu não tenha mais o mesmo tempo para desfrutar dele, porque depois tenha uma reunião importante ou porque o meu celular tocou e eu também preciso tocar a vida adiante… A Casa das Bananadas continua lá, mas eu já não posso pedir quase que chorando e implorando ao meu pai que pare, porque se eu não comer um docinho passarei muito mal… Isso não cola mais, porque certamente, nas poucas vezes em que passo por lá, eu já estou voltando para casa, cansada… Enfim… E olha que na minha época aquilo parecia enorme! Não acredito que é uma casa normal… Normal demais para os dias de hoje, mas com muitas gostosuras.

É por isso que eu procuro sempre, por mais difícil que pareça, olhar as coisas com os mesmos olhos de uma criança, tento enxergar a grandiosidade das coisas pelo simples fato de não conhecê-las verdadeiramente em sua essência divina, as perguntas nos aproximam não da resposta, mas da energia, da vontade de estar perto, criando um elo inquebrável de conhecimento e magia, isso nos resgata sentimentalmente.

Menina branca correndo de braços abertos sorridente pela praia

O livro “Glorinha e o Mar” está na minha mesa, ao lado do meu computador e dos meus documentos importantes, muitas vezes, ele é um refúgio para mim, pois ali está uma infância saudável e muito próxima da infância que eu tive… E hoje eu me sinto mais tentada a ser o mar, não mais a Glorinha. Eu penso muito em como deve ser o mar, o que ele recebe em todos os dias… Pessoas caminhando, felizes, outras com problemas, outras de mãos dadas… E ele lá, sendo testemunha de amores, às vezes duradouros, outros nem tanto, mas talvez só ele saiba a verdade de cada um, aquilo que a ele contamos enquanto o observamos. Há ainda aqueles que sonham em conhecer o mar e só o fato de desejar conhecê-lo já deve ser um motivo para lhe contar coisas guardadas há muito tempo… Eu gostaria de ser o mar por um dia e abraçar as pessoas, as suas causas, os seus sentimentos, ressentimentos e medos… Como a garota que pratica exercícios, como o homem de meia idade que mira o horizonte quando já perdeu o seu próprio, a mulher que leva os seus filhos para brincar, o senhor que vende picolés e biscoitos, e em suas águas se refaz do calor exagerado, o bebê que bate as suas mãos na água, feliz com o efeito reacionário, o sol que lhe saúda pela manhã e a lua que lhe faz companhia pela noite adentro… Quando ele está só, talvez cansado da batalha diária, do acolhimento aos demais… Toda aquela energia nele depositada… Que grandeza é o mar, hein!?

Amigos, abençoada semana!

Adiante, sempre!


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Sobre o autor

Claudia Jana Sinibaldi Bento

Olá, sou a Claudia Jana Sinibaldi Bento, metade brasileira, sendo a outra metade encontrada na Espanha… rs... e aqui compartilho o que aprendi ao longo desta trajetória, seja estudando, traduzindo, escrevendo, lendo ou conversando… ah, melhor ainda: conhecendo pessoas que me acrescentaram o que carrego como sendo meu tesouro mais precioso: conhecimento. São anos aqui e ali, onde me chamam ou aonde eu simplesmente vou, para aprender, ajudar, sentir… e assim sigo esta estrada rumo ao autoconhecimento, evolução e simplicidade! Vem comigo aprender! Ah, também quero aprender com você!

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