Saber que estamos carregando uma outra vida faz com que a gente se sinta um pouco estranha, especial e tenho certeza que toda grávida um dia se perguntou: como pode? Como posso estar carregando uma outra vida? Olha que milagre, que coisa surreal! Algumas sentem mais as mudanças no corpo que outras. Eu, por exemplo, tive dores nos peitos, enjoos, aumento de peso, inchaço, parecia uma pata andando. Tinha um amigo que quando me via andando dizia: olha lá, lá vem o ovo com palitinhos espetados!
Enjoo então, nem se fale! Meu café da manhã na primeira gravidez era pão com queijo branco e um belo copo de Coca-Cola. Eram as únicas coisas que conseguia comer lá pelas 10 da manhã. Antes disso, nada! Chegava para trabalhar e meu chefe na época ria e dizia: enjoo é psicológico. Se era mesmo, não sei, mas que era bem desagradável, isso era! Tanto o enjoo como o chefe!
Passar os meses escolhendo nomes, decoração do quarto, roupinhas, maternidade, padrinhos, é muito gostoso. Tarefas que nos ocupam durante os nove meses da gestação. É uma delícia!
Mas, sempre me pergunto, será possível nos preparar para o que vem depois? Não estou dizendo do trabalho de trocar fraldas, noites sem dormir, das horas amamentando, das atividades corriqueiras que deixamos para um segundo plano. Penso: será possível se preparar para lidar com uma realidade tão nova e peculiar? Tudo é uma caixinha de surpresa e acredito que quanto mais informação tivermos, maior nossa chance de lidar com os imprevistos e o desconhecido.
Por isso, resolvi escrever sobre algumas dicas, baseadas na minha experiência pessoal, que gostaria muito de ter sabido antes de ter me tornado mãe pela primeira vez.
Os avós
Ser mãe é responsabilidade da gestante! Mas nem pense que o bebê será “só seu”. Se estamos curiosos e ansiosos com a chegada do bebê, imagine aqueles que nos criaram e esperam pra ver o fruto do fruto? Ter a chance de reviver a sensação de ser mais ou menos pais/mães de novo e de “acertarem” as coisas que acham que não fizeram direito. A compreensão de que todos os conselhos, as sugestões e as críticas vindas deles são tentativas de nos ajudar com a experiência que adquiriram vai nos ajudar muito. Não que estejam certos, nem mesmo acredito que haja o “certo” nesse caso, mas eles tentam nos apontar para aquilo que poderia ter dado certo. Lidar com serenidade e clareza com a participação dos avós ajuda muito na manutenção de um clima mais harmônico entre o casal e a família. A chegada de um novo ser pede uma boa dose de paz e tolerância.
A amamentação
Que a amamentação é importante e um ato de amor, disso ninguém duvida. Embora seja algo instintivo, nem sempre acontece como imaginamos, como vemos nas fotos das revistas ou nos comerciais de tv. Alguns bebês têm maior dificuldade para pegar o peito corretamente e podem não mamar o suficiente ou ainda engolir quantidades de ar que poderão dar desconfortos e cólicas. As mães de primeira viagem também podem ter problemas pra se adaptarem a essa nova missão. Tudo isso pode trazer frustração, principalmente para a mãe que não consegue realizar suas expectativas. Uma forma de lidar com essa questão é buscar orientação em sites, livros, revistas, com enfermeiras, em bancos de leite e outros tantos projetos que existem com o intuito de ajudar as mães com dificuldades.
Não se cobre! A pior coisa que existe nesse momento é acreditar que está prejudicando seu filho quando não consegue oferecer uma amamentação “de qualidade”. Compreender as possíveis razões é o mais importante. Eu tive algumas dificuldades e nem por isso deixei de amamentar. Mas, se não for possível, não se abata com a impossibilidade. Me lembro que era muito cobrada por isso, por não conseguir amamentar direito, e isso me deixava ainda mais triste com toda a situação, me sentindo culpada e, certamente, ter uma mãe que não está à vontade em seu papel pode ser pior para o bebê do que não ter o aleitamento ideal.
O casal
A gestação é uma atribuição da mãe, mas precisa de total comprometimento do pai que será fundamental para gerar as condições de aceitação e tranquilidade que a chegada de um bebê exige. A conversa franca sobre a divisão de tarefas, sobre a necessidade de participação de ambos na troca de fraldas, nos cuidados gerais e até no momento da amamentação pode evitar discussões desnecessárias quando a “realidade” estiver chorando sem parar. Não se trata de disputa de poder, mas de companheirismo. A leitura conjunta de artigos, revistas, palestras ajudam o casal a colocar em discussão questões que envolverão a nova etapa da vida.
O pós-parto
Já nos primeiros dias com o bebê em casa a gente consegue perceber que nem tudo anda na ordem que andava anteriormente à sua chegada. Me lembro de sentir uma melancolia, uma tristeza que não sabia de onde vinha. Só sei que eu me sentia culpada por estar sentindo aquilo. Afinal, quis ter minha filha, tudo tinha corrido na mais perfeita normalidade, por que então vinha esse sentimento? Não demorou muito a perceber que estava com depressão pós-parto. Acredito que minha falta de estrutura psicológica ao iniciar o projeto “mãe” tenha trazido vários outros conteúdos escondidos. E, no momento no qual me senti responsável por mais alguém, isso eclodiu. O que muito me ajudou foi a lembrança de alguns raros artigos sobre o assunto que tive a felicidade de ler meses antes do nascimento de minha filha.
Observar-se e ter consciência de que algo não está muito bem e, principalmente, não esconder de ninguém quaisquer sinais de frustração, tristeza ou irritação com a nova fase vai ajudar bastante. Fale das coisas que está sentindo, se abra e procure ajuda do médico, de uma psicóloga, porque quanto mais cedo admitir que existem sentimentos que incomodam, mais rapidamente você passará por isso. Algumas pessoas poderão te criticar e até mesmo te julgar, mas preste atenção nos seus sentimentos. É isso que vai determinar a superação dessa fase. Eu procurei ajuda e em pouco tempo estava tocando minha vida mais feliz do que estava antes.
The end
A informação não nos libera dessas questões, mas nos ajuda a reconhecê-las e encará-las com maior naturalidade. Gravidez é luz, é uma benção, é uma fase de descobertas, aprendizados e novos horizontes. Tenho que te dizer que sinto muita saudade da gravidez e de curtir esses momentos todos, afinal, somos fiéis depositárias da mais perfeita e maior obra de arte desse mundo, um novo ser!
PARABÉNS GESTANTES!!!
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