Um jovem, morador de Duque de Caxias no Rio de Janeiro, tentou suicídio na manhã deste domingo (22). Logo, o filósofo, psicanalista, membro da Mensa e especialista em estudos da mente humana, gestor da CPAH – Centro de Pesquisas e Análises Heráclito. Fui contatado após ter confirmado que era mais um caso de depressão que se acentuou com esta crise psicológica da pandemia do novo coronavírus, o pesquisador logo concentrou o seu domingo em pesquisas e análises para avaliar o que ele já previa ocorrer.
Eu já previa a possibilidade pessoas com depressão, em quarentena, sendo bombardeadas com notícias ruins, que poderiam potencializar o quadro depressivo; e haveria um aumento no número de suicídios. Tomando ciência do ocorrido, reuni o meu grupo de pesquisa para tentarmos contribuir de alguma maneira para que isso não elevasse mais ainda o número de mortos por causa do novo coronavírus, seja diretamente ou indiretamente.
A neuropsicóloga Roselene Espírito Santo Wagner, também membro da CPAH, reafirma o risco baseado na incerteza: “Pessoas acometidas por depressão têm maior risco de suicídio. O risco é maior na vigência da doença e de comorbidades. Estamos imersos num cenário de incertezas. Incertezas essas geradoras de medos e angústias. É importante cuidar do equilíbrio emocional, para evitar ações definitivas para problemas transitórios. O suicídio não é solução; e, sim, mais um problema de saúde pública a ser tratado. “
Não consegui aprofundar-me em sua pesquisa pela dificuldade em buscar relatórios, para quantificar os casos, pois há neste momento um caos nos hospitais.
Eu perguntei para alguns amigos médicos no WhatsApp e esperei que respondessem e me confirmassem. Não vou importuná-los neste momento já que estão todos atribulados e alguns com alto risco de contágio da doença. A Leninha Roselene, me confirmou também casos em seu consultório de crises agudas da depressão. Gerando um pico desse transtorno neste momento. É um fator real e esperado e temos que buscar meios para ajudar o quanto antes. Quanto mais potencializado, maior o risco e pode acontecer em fração de segundos.
“Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o prognóstico”.
Seguem as dicas dos profissionais para que possa observar o caso mais próximo e tentar ajudar.
Em momento de reclusão e isolamento social, por conta do cenário mundial – pandemia do novo coronavírus – se você é portador da doença “Depressão”, observe algumas questões “preventivas” bastante pertinentes:
– Mantenha seu tratamento psicoterápico via online, a grande maioria dos profissionais estão trabalhando nessa modalidade;
– Se faz uso de medicação, siga corretamente a prescrição médica. Não aumente a dosagem, nem faça desmame por conta própria;
– Se sua medicação está por findar, entre em contato com o seu psiquiatra, todos estão trabalhando sob novos protocolos.
– Mantenha-se informado somente por vias sérias e éticas de notícias. Evite “Fake News”;
– Trabalhe sua respiração através de meditação. A respiração consciente e ritmada mantém a homeostase do corpo;
– Durma bem, o sono fisiológico possibilita uma “psicoprofilaxia”, filtragem e limpeza de metabólicos cerebrais;
– Mantenha uma alimentação equilibrada. Alimentos funcionais, menos processados e coloridos. “Descasque mais e desembrulhe menos”. Beba água, mantenha-se hidratado para o melhor funcionamento de todo o sistema de filtragem e eliminação, mantendo o organismo em bom funcionamento;
– Use a criatividade e o espaço possível, para uma atividade física que goste;
– Evite excesso de álcool, evite drogas. Mantenha-se lúcido;
– Mantenha a rotina, isso faz com que você continue orientado no tempo;
– Desenvolva uma plano, e faça planejamento para realizar uma “comemoração” para quando tudo isso passar;
– Traga para sua mente bons pensamentos, boas emoções. O que nós pensamos nós sentimos;
– Pense coisas boas!
– Sinta-se pertencendo a um grupo, o sentimento de pertencimento nos traz importância;
– Faça chamadas de vídeo ou mesmo videoconferência, para reunir os amigos;
– Você tem tempo, organize a casa, os armários, leia os livros que guardou na estante, assista os filmes e as séries que você queria e não tinha “tempo”;
– Descubra um talento oculto, e trabalhe isso como uma TO, Terapia Ocupacional: Escrever, desenhar, pintar, esculpir, cozinhar, bordar…
Para casos mais graves em que tenha ocorrido uma tentativa ou pensamentos de suicídio, trabalhe na “redução de danos”, seguindo orientações básicas:
– Seja presente de forma integral na vida do sujeito portador do transtorno depressivo;
– Se aproxime da pessoas que está em sofrimento emocional/psicológico;
– Ofereça conversa com escuta de qualidade;
– Conduza a conversa até perceber que a pessoa está segura e confiando em você;
– Pergunte abertamente se ela já pensou na própria morte;
– Com o terreno preparado, pergunte se ela já pensou em tirar a própria vida;
– Pergunte que método ela escolheria e por quê seria assim;
– Deixe-a falar, chorar, contando todo o seu plano;
– Após tomar conhecimento da ideação e do planejamento, mostre-se solidário;
– Compreenda “sem julgar”, a partir daí ofereça um “pacto ou um contrato de preservação” à vida;
– Disponibilize o seu tempo para estar com ela;
– Fale sobre o CVV – Centro de Valorização a Vida, que recebe telefonemas de pessoas nessas condições. O número é o 188 e é gratuito;
– O desafio e a confissão trazem alívio, deixando a pessoa com o recurso de procurar ajuda em você ou no CVV;
– Quando nos esvaziamos desse sentimento de angústia e desesperança, começamos a valorizar a vida;
– Ter alguém que guarda o nosso segredo nos conecta a um outro ser. Esse sentimento de confiança forma um elo e traz motivação para superar o momento;
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– Ter ciência do plano e do planejamento para a execução, podendo tirar da pessoa a ferramenta que ela utilizaria;
– Recolha a medicação, retire o que puder ser feito de corda, lâminas cortantes, e não deixe a pessoa sozinha;
– A presença traz a companhia e inibe a tentativa de atentar contra a própria vida.
Tudo passa; isso também passará.
Se cuide e cuide.
Somos todos únicos, mas agora somos todos UM!
Se conecte, a rede social nunca foi tão real!