São os primeiros dias de 2024 e estou sentada na mesma cadeira há horas. Já arrumei meu planner do ano – parcialmente, é verdade, já que prefiro trabalhar com metas trimestrais. Já refiz minha roda dos sonhos, que precisavam de um upgrade.
Também reorganizei os projetos pessoais e de carreira num mapa mental. Os próximos passos são organizar todas as tarefas que surgiram com os objetivos e metas e fazer essa organização com minha equipe, referente aos projetos da empresa na próxima sexta-feira.
Ufa… sim, para muitos isso pode parecer exagerado e supercontrolador. Mas para uma sobrevivente de abuso, ter o controle é importante. Ah, mas não podemos ser controladores, isso é ruim, eles dizem. Concordo e discordo ao mesmo tempo.
Uma coisa que a maturidade me ensinou é que não existe uma única verdade. Cada pessoa tem um jeito muito peculiar de funcionar e respeitar isso é uma arte. O que vemos hoje, principalmente na internet, é uma tentativa vã de estabelecer padrões até quando tentamos fugir dos padrões. De tanto fugir, encontramos nosso inimigo na esquina, não é mesmo?
Ser “controladora” me dá uma segurança que eu não aprendi a ter na infância. Por isso eu trato cada mentoranda de um jeito completamente diferente. Sei que cada verdade é uma, única e exclusiva, e não dá para simplesmente ir colocando todo mundo numa escala.
Para mim, ser “controladora” nessas horas ajuda a manter em paz uma mente que jamais deixará de ser confusa, por mais trabalhos internos que eu faça. Mas, para uma mente mais normativa, talvez isso seja mesmo demais.
Bom, mas voltando às metas de ano novo, já está tudo pronto. E hoje tenho uma segurança que não tinha no ano passado, quando ainda estava curando meu emocional do efeito dos meus abusadores. Agora a conversa é outra. Interessante como nos perdemos de nós mesmas quando sofremos. Como é importante olhar para dentro de si e se curar, antes de qualquer coisa.
Então, querido, se você realmente quer começar de novo, primeiro olhe para dentro de si. Não adianta, sinto muito, encher seus cadernos de metas se uma cura emocional não acontecer antes. Olhe para si e para tudo o que você repete todos os anos nas listas de conquistas e que nunca chegam.
Talvez seja um relacionamento estável, como me falou uma amiga dias atrás. Talvez seja a prosperidade que roda, roda e nunca aparece. Pois é, por trás de cada um desses supostos fracassos, tem uma ferida emocional que precisa, necessita ser olhada. Ou então, os projetos e desejos se repetirão ad eternum nas suas promessas e listas de ano novo.
Ao invés de novas promessas e projetos, que tal uma nova você? Um mergulho profundo no mar das suas emoções. Tomar uma brisa de autoconhecimento, de auto apoio e autocuidados?
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Olhar profundamente para as feridas e curá-las. Sim, talvez seja mesmo a coisa mais difícil que você vai fazer na vida. Mas, assim como eu, talvez seja você cumprindo suas listas pela primeira vez, como anda acontecendo comigo.