Culpa…
Por que sentimos culpa? De onde ela vem? Para que serve?
A culpa é consequência da censura interna consciente. É o sofrimento emocional que o indivíduo se impõe quando toma consciência de que fez algo em desacordo com os respectivos padrões morais que aprendemos/acreditamos durante a nossa infância, com os nossos pais (ou cuidadores) e a sociedade.
Ela serve somente para alertar que há um problema e que, principalmente, algo precisa ser feito… Mas o que fazer?
A culpa faz parte de um processo evolutivo de autoconhecimento e para realizar esse processo com sucesso, é necessário que o indivíduo olhe para dentro si mesmo.
Exemplo genérico:
Um indivíduo com elevados padrões morais de:
- Honestidade;
- Honradez;
- Imparcialidade (justiça);
- Ética;
- Humildade;
- Empatia;
- Desapego (material, afetivo e tempo), etc…
Para se proteger ou obter algum ganho (real ou emocional), esse indivíduo age:
- Acusando injustamente alguém;
- Mentindo;
- Traindo;
- Infringindo leis, etc…
Apesar de obter (ou não) os ganhos pretendidos, as ações acima estão em desacordo com os padrões morais do indivíduo e ele sofre a censura interna consciente… A culpa se instalada e esse indivíduo fica desarmonizado.
Para o indivíduo se harmonizar com a solução da culpa, ele cumprirá sozinho (instintivamente) ou com a ajuda de um profissional da área (direcionadamente) um processo evolutivo de autoconhecimento, o qual se realiza basicamente em 4 etapas (modelo teórico):
• Etapa 1: Admitir que há um problema
É necessário admitir que existe um problema e não negá-lo. Devido ao orgulho e idealização pessoal (acha-se quase na perfeição humana), o indivíduo pode ter muitas dificuldades em admitir que fez algo que não deveria (agrediu seus padrões morais) e/ou fica tentando justificar para si mesmo (sem sucesso) o que fez…
O indivíduo precisa compreender que a culpa que experimenta advém de alguma coisa que ele fez, que está lhe causando um problema (culpa) e que isso precisa ser resolvido.
Sem admitir o problema, o processo evolutivo do indivíduo se interrompe e a culpa persistirá, impondo-lhe sofrimento emocional indefinidamente.
• Etapa 2: Admitir imperfeições
Ao se olhar internamente para procurar descobrir o porquê da ação fora dos seus padrões morais, fatalmente o indivíduo se confrontará com as suas estruturas egocêntricas reprováveis, as quais ele teme, não admite para si e tampouco quer expô-las, mas que fazem parte das suas imperfeições humanas, tais como:
- Orgulho;
- Vingança;
- Inveja;
- Prepotência;
- Presunção;
- Covardia;
- Cobiça, etc…
Trata-se de um processo doloroso, pois o indivíduo precisa resgatar sua humildade para compreender que não é tão perfeito como gostaria de ser, ou seja, ele tem as imperfeições humanas em um grau acima do que ele gostaria ou idealiza para si e, devido a isso, agiu contra os seus padrões morais.
Alerta-se novamente que o orgulho é um grande adversário nesse processo evolutivo de autoconhecimento, pois se contrapõe ao reconhecimento das imperfeições pessoais. Não é raro alguém dizer: “Jamais me perdoarei por ter feito isso”.
Sem admitir as respectivas imperfeições, o processo evolutivo do indivíduo também se interrompe e a culpa persistirá, impondo-lhe sofrimento emocional indefinidamente.
• Etapa 3: Autoperdão
Após a compreensão da causa que o levou a agir em desacordo com os seus padrões morais e respectiva admissão de suas imperfeições no grau real de sua natureza humana, o indivíduo incorporará em sua história de vida essa experiência e experimentará o autoperdão, dissolvendo a culpa e se rearmonizando.
Adicionalmente, se for o caso, suportado pela humildade, buscará reparar o mal que causou (se possível) e/ou pedirá o perdão aos prejudicados pela sua ação (se possível).
• Etapa 4: Não repetir a ação
Com a compreensão dos fatos, o indivíduo adquire consciência do que fez, as causas e as respectivas consequências para si, para os outros e se preocupa em não repetir a ação em desacordo com os seus padrões morais que disparou a culpa. Dessa forma, ele evolui em seu autoconhecimento e na sua condição humana.
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Alerto que não tenho a intenção de aqui esgotar esse assunto, o qual é extenso e complexo, e tampouco dizer o que está certo ou errado, mas discutir a condição humana.
(Continua…)
Confira a primeira parte deste artigo: https://www.eusemfronteiras.com.br/como-decidir-agir-melhor-em-nossas-vidas-parte-1/