Em meu texto anterior, comecei o relato da maior mudança ocorrida em minha vida, de tamanha importância que a relacionei com a transformação da lagarta em borboleta.
Uma incrível metamorfose, ocorrida com uma pessoa comum e agora com enorme desejo de contar a outras pessoas que isso é possível, por mais utópico que pareça.
E para você que se perguntou: Como essa lagarta virou borboleta? Aqui estou para relatar mais uma etapa dessa rastejante evolução em busca de belas asas, mas antes disso preciso explicar o grande processo “casulo”, e só então chegaremos às asas.
Já não era mais o Casulo das Ilusões, agora estamos falando do Casulo do Conhecimento.
Recebi um convite da professora da minha filha para ir a um curso de psicanálise. Só havia tido contato com a psicologia, nunca com a psicanálise e logo me veio a corriqueira pergunta: Qual a diferença entre psicologia e psicanálise? De uma maneira simples, explicaram que a psicologia trabalha o comportamental, o conflito atual, já a psicanálise trabalha principalmente buscando a origem do conflito onde ele estiver, seja de memórias da fase uterina, seja no decorrer de nossas vidas, ou ainda no nosso inconsciente arcaico, chamado de inconsciente coletivo, ou individual, descrito assim pelas experiências instintivas, repetidas pelas vivências humanas.
Aprendi que todo material, reprimido ou não, está em nosso inconsciente, e no inconsciente arcaico. Para quem acredita em reencarnação, o inconsciente arcaico representa todo material de outras vidas. Deus meu! 42 anos de idade e sentia gritar em meu peito “tenho que me ajudar a sair desse estado de lagarta!”. Dei o basta!
No último suspiro de força que me restava, eu fui! Fui, mesmo tomada pelo medo por estar tantos anos sem estudar, por um sentimento de inadequação, uma baixa-estima, sim aquela mesma que tinha me mantido por 42 anos no estado de lagarta.
Ao entrar no curso de psicanálise, entrei no Casulo do Conhecimento, e lá permaneci por três anos.
Conheci então, a Individuação de Jung, a Psicologia do Relacionamento, o Tornar-se Ser.
Caminho fascinante que me impulsionou ainda mais. Hoje sei que isso é a Alma do Consultório. Estar no casulo não é fácil, porém aprendi com a Individuação que não era difícil, e sim trabalhoso reformar-se.
Quando comecei a me animar, tive que vencer a preguiça e a acomodação que oferece o estado lagarta. Comecei a terapia (obrigatória nesse curso), veio a dor, mas uma enorme dor de enfrentamento, porém iniciava-se ali a lenta e gradual desconstrução.
Amigos, afirmo que não há como trilhar esse caminho sozinho. Percebi que iniciara o processo de saída do tão profundo poço que me colocara. Pela primeira vez na vida, começava o penoso “olhar para dentro”.
Mais para o final do curso comecei a estudar o Acesso ao Inconsciente. Chegara o momento de “reconstruir minha estória, legitimar o meu SER”. Amo esta técnica, por ver e sentir em mim os efeitos reais das experiências vividas.
Conteúdos buscados em lugares sombrios do meu inconsciente, defendidos até então, e que aos poucos eu reconhecia, retificava e me sentia cada vez mais livre. Santa terapia!
Eu encontrei onde estava aquela que poderia me dar tudo que durante minha vida busquei fora, nas coisas, pessoas e sistemas. Eu mesma! (Isso será assunto para o próximo texto).
Formada na Psicanálise, podia agora passar aos meus pacientes esse incrível caminho da terapia. Como assim, dona lagarta rastejante, permaneceu no casulo e agora já podia voar?
Voei…
Descobrir que o verdadeiro amor da minha vida está em mim mesma, que não preciso depender do que esta fora e que não depende de mim… coisas e pessoas que posso perder a qualquer momento… foi realmente transformador. A verdadeira liberdade!
O poder da minha vida estava novamente em minhas mãos. Agora recém saída do estado casulo que me manteve aprisionada, para que, pela primeira vez eu me sentisse verdadeiramente liberta!
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Voei com medo, voei segura, voei com calma, outras vezes nem tanto, mas… voei!
Compartilho com vocês, daqui pra frente, a vida de dentro do consultório, casos que vão exemplificar a maravilhosa jornada pelo inconsciente humano na busca do tão sonhado equilíbrio. Conhecerão casos de outras lagartas, que como eu, hoje se descobriram com lindas asas de borboletas.
Até!