Autoconhecimento Psicanálise

Como enriquecer o relacionamento humano?

Escrito por Ana Racy

Essa é uma pergunta que ouço com frequência. Sinto que muitas vezes buscamos fórmulas mágicas, de sucesso para aplicarmos em nossas vidas. Será que elas existem? Passando os olhos pelos displays de grandes livrarias, encontrei inúmeros títulos sobre esse tema, ainda assim, percebemos que as pessoas estão cada dia mais distantes, devido especialmente às mídias digitais.

Esse tipo de relação (virtual) normalmente não exige que nos conheçamos com profundidade, muito menos ao outro. Isso faz parecer que tudo será mais simples. No entanto, percebemos que essa superficialidade faz com que as relações se desmanchem como açúcar quando misturado à agua. Sejam essas relações afetivas, profissionais ou entre amigos.

Importante lembrar que se queremos algo com mais conteúdo em nossas relações, precisamos aprender a oferecer o que desejamos receber. Se desejamos ouvir “Eu te amo” devemos primeiro perguntar se estamos falando “Eu te amo”. O universo nos traz de volta aquilo que emitimos, por isso precisamos ser cuidadosos com aquilo que emanamos, uma vez que o negativo volta tanto quanto o positivo.

É hora de pensarmos sobre a forma que queremos interagir conosco e com os outros.

Carl R. Rogers, psicólogo norte americano, conta-nos sobre alguns aprendizados que teve pelas experiências vividas com pessoas que tinham distúrbios pessoais.

Gostaria de dividir um pouco dessas experiências, não para que tenham como uma daquelas fórmulas mágicas, mas para que reflitam sobre a importância de cada uma delas e decidam se poderiam se tornar experiências a serem praticadas em suas vidas na busca do autoconhecimento e do aprimoramento constante.

Agir de acordo com aquilo que sente: De que adianta agirmos com calma se o nosso sentimento é de irritação? A questão é a seguinte: será que podemos ser verdadeiramente úteis se agimos contra aquilo que sentimos? Vamos lembrar que os inconscientes se conversam e, nessa conversa, o que se capta é justamente o sentimento. Assim, o cuidado é necessário para haver coerência entre pensamento e ação. Quando nos sentimos irritados, ao invés de despejarmos essa irritação em cima do outro para agirmos de forma coerente com o nosso sentir, podemos parar e refletir sobre a origem dessa irritação e nos harmonizarmos antes de envolvermos uma outra pessoa nessa energia mais densa.

Aprender a me ouvir e me permitir ser o que sou: Se prestarmos atenção àquilo que sentimos e aceitarmos que somos seres que sentem emoções diversas tais como a irritação, rejeição, raiva e também afeição, compreenderemos a nossa humanidade e, portanto, a nossa imperfeição. Exatamente nesse momento, iniciamos nossa transformação interior, porque ao me conhecer, posso me relacionar melhor comigo mesmo e com o próximo.

Me permitir compreender o outro sem julgamento ou crítica: Estamos acostumados a julgar de acordo com os nossos padrões, mas será que já pensamos no que significa para a pessoa aquilo que ela está dizendo? Qual o tamanho da sua dor e não qual o tamanho que eu julgo ter a sua dor? Olharmos para essa pessoa compreendendo o ser que ela é e não o ser que eu gostaria que ela fosse.

Abrir espaço para que o outro se comunique: A compreensão é um dos caminhos que encurtam a distância entre duas pessoas. Poder enxergar a si mesmo e ao outro sem os olhos da crítica e, sim, com os olhos do amor.

Poder aceitar outra pessoa: Descobrimos que quanto maior o conhecimento, maiores as oportunidades de crescimento. Muitas vezes, deixamos a chance passar, no entanto quando nos damos conta dos benefícios trazidos pela compreensão e aceitação das coisas e pessoas como elas são e, também, da aceitação de nós mesmo com todas as nossas limitações, mais felizes nos tornamos.

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Gostaria de encerrar com uma frase do livro “Tornar-se Pessoa”, de Carl R. Rogers:

“Quanto mais aberto às realidades em mim e nos outros, menos procuramos remediar as coisas”.

Que seja esse o nosso próximo refletir, pois de que adianta reclamarmos da pobreza da comunicação nos dias atuais se nós não fizermos nada para mudar esse panorama. Por onde começa a mudança, pelo outro ou por mim?

Sobre o autor

Ana Racy

Psicanalista Clínica com especialização em Programação Neurolinguística, Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente, Microexpressões faciais, Leitura Corporal e Detecção de Mentira. Tem mais de 30 anos de experiência acadêmica e coordenação em escolas de línguas e alunos particulares. Professora do curso “Psicologia do Relacionamento Humano” e participou do Seminário “O Amor é Contagioso” com Dr. Patch Adams.

E-mail: anatracy@terra.com.br