Escolas existem aos montes, de muitos tamanhos, orientações pedagógicas, valores, princípios e tantas outras diferenças entre elas. Mas o que importa de fato em uma escola? É possível responder a essa pergunta com uma resposta simples e curta? Acho que não, para nós foi uma experiência!
Visitamos cerca de seis escolas e saíamos de cada uma com mais questões, observações e incertezas de qual escolher. Uma tinha um espaço físico maravilhoso, era grande e com muito verde, parquinhos, horta e banheiros adaptados para os pequeninos. Outra tinha um apreço pelas artes, logo na entrada nos deparamos com uma exposição de pinturas feitas pelos alunos baseadas na obra de Miró. Teve aquela que as salas de aulas eram modernas, quadro branco, tabletes e uma limpeza impecável. E também uma que a alimentação era o foco: “Nada de sucos, pois eles impedem que as crianças bebam água”, nos disseram.
Da pedagogia a maioria se diz tradicional e com atenção voltada às provas de vestibular. Visitamos uma Montessoriana com uma sala de informática para alunos de dois anos de idade. Escutamos também discursos de que a diversidade era muito bem-vinda, desde que não houvesse algum muçulmano. Enfim, foi um aprendizado e que nos pediu um tempo de pausa, de conversa e reflexão.
O que queremos que a escola transmita aos nossos filhos/filhas?
Quão importante para nós é o conteúdo, as línguas estrangeiras, o foco nos concursos, a competição e o currículo?
Será que é preciso saber quem são as pessoas que frequentam a escola?
Suas classes sociais? Para onde vão nas férias ou onde comemoram os seus aniversários?
Ou a escolha passa apenas pela localização, horário e praticidade no dia a dia, afinal, temos horário para entrar e sair do trabalho e precisamos considerar todas as logísticas e o orçamento.
Talvez, cada fase peça de nós, pais, avaliações diferentes! Jardim, Ensino Fundamental, Colegial, Faculdade, cada uma dessas etapas pode apresentar questões particulares, inclusive considerando a singularidade de cada um dos nossos filhos/filhas. Isso quer dizer que por algumas vezes, durante as nossas vidas de mães e pais, precisaremos parar e refletir sobre a educação acadêmica que estamos oferecendo.
No entanto aqui já cabem outras questões uma vez que escola não transmite apenas uma educação acadêmica, nossas crianças e adolescentes passarão muitas horas dos seus dias naquele ambiente e é nele também que aprenderão a arte de conviver em sociedade, que exercerão ou não a flexibilidade e a criatividade. São nas brincadeiras que absorverão regras e respeito aos colegas. São nas provas e nos trabalhos que se depararão com nervosismos, ansiedades, falta de saber ou excesso dele. Enfim, o ambiente escolar é um dos mais importantes em nossa formação. Acho que só o familiar é mais significativo.
E agora, José!? Será que nos damos conta de tudo isso ao escolhermos a escola para os nossos filhos/filhas?
Aqui em casa a escolha para a primeira infância foi a da delicadeza, das brincadeiras livres, do pé no chão, do passeio na chuva, da alegria, do canto, do balanço e do amor nesse ambiente escolar. Escolhemos um quintal pequeno, mas imenso nas cores, nas trocas de olhares, abraços e ternuras. Lá, nesse quintal, os pais se conhecem, se aproximam e tornam-se amigos ou apenas colegas, mas cuidam e pensam em todos os filhos que brincam lá.
Me lembro que no final do primeiro ano que o nosso filho estava lá, e que para a minha surpresa já passaria do Minimaternal para o maternal, a professora me olhou e disse: “Ah! Eu acho que ele me ama!”, com um sorriso largo no rosto e um brilho no olhar que eu tive a certeza de que a nossa escolha foi bem-feita.
Primeiro, por saber que as professoras sentem, se envolvem e conhecem cada aluno que elas têm. Eu não tive isso em nenhuma escola que estudei. E em segundo, porque saber que o meu filho passava uma parte do seu dia com alguém tão sensível e corajosa (porque se permitir amar seus alunos que vão embora a cada fim de ano, não é para qualquer um) foi de um acalento indescritível para o meu coração.
Então, dos dois aos seis (quase sete) anos, a nossa escolha foi totalmente pela infância. Não nos importa nessa fase o inglês, o mandarim, as letras e os números. Nos importa as canções, a magia, a imaginação, os amigos de infância que ele está fazendo, a leveza com que ele está começando a desbravar o mundo e a confiança que ele está adquirindo de que o belo está ao nosso redor.
E em meio a tantas visitas, foi um quintal que nos levou de volta à nossa infância e que vem nos (des)construindo diariamente como pais, como humanos e como crianças que somos e seremos eternamente. Quintal do João Menino, lá entre árvores, sorrisos e afetos vamos descobrindo o que é importante na escolha de uma escola para o nosso filho.
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