Apesar de todos nós estarmos cientes de que a vida nunca será fácil, que não existe garantia de que ela nos tratará de maneira justa e que coisas ruins podem acontecer, muitas vezes levamos um golpe de algo que pensamos não merecer. Acabamos ficando presos em nosso passado e assim, nossa vida fica paralisada.
Em certas ocasiões não conseguimos enxergar nenhuma saída para os conflitos e adversidades, mesmo que a solução esteja bem à nossa frente. Isso acontece porque na nossa memória está faltando algo, e a partir do momento que passamos a nos sentir inseguros, ficamos bloqueados.
Falta um verdadeiro aprendizado. A solução irá surgir a partir do momento que passamos a desenvolver recursos novos, sejam eles externos, da ajuda do próximo, ou de fatores internos, ou seja, por meio da perseverança e da reflexão. Por isso, devemos tentar de tudo para superar os obstáculos e nossos medos, porque senão, a sensação de incapacidade será reforçada em nossa memória.
Os sonhos são uma espécie de processo de cura dos traumas. Porque é exatamente nesse momento que o cérebro humano passa a criar de maneira gradual, através de imagens, sensações de confiança e de alívio em que a vida voltou a fluir.
Mas o que é um trauma? Segundo Peter Levine, o fundador do método de Experiência Somática, conhecido também como SE, podemos definir trauma como sendo a marca deixada em nosso sistema nervoso por causa de um evento em que nos sentimos incapazes de lidar. Isso significa dizer que nosso senso de sobrevivência acabou ficando sobrecarregado.
E por que não adianta apenas a percepção de perigo distante? A resposta é simples. Porque o nosso corpo está bloqueado, e consequentemente, nossos impulsos de ataque e de defesa não tiveram oportunidade e nem tempo para se expressar de maneira completa. Apesar de saber que o perigo já passou e está distante, no fundo, não nos sentimos seguros ainda.
Isso acontece porque não sentimos que se fechou a resposta fisiológica frente ao evento que causou trauma. Assim, nosso sistema nervoso é incapaz de encontrar seu equilíbrio novamente. E o nosso corpo não acompanha nossa mente, porque o ciclo de descarga precisa ser completado, para que assim, o corpo saia do seu estado de paralisação que entrou quando se viu sem saída alguma.
E para descarregar, devemos completar os gestos de ataque e de fuga que estão paralisados. Quando nosso corpo está regulado, podemos sentir enfim, empatia. Mas enquanto estivermos congelados, não encontraremos disponibilidade afetiva e abertura suficiente para sentir o que acontece fora e dentro de nós.
Para nos recuperarmos por completo do trauma, é preciso nos abrirmos para aprender com as experiências que vivemos. Traga para o seu consciente o que quer e o que não quer.
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Nossas cicatrizes e mágoas são invisíveis a olho nu. Elas são originárias das decepções em nós mesmos e dos que nos cercam. E apesar de sabermos que nada é capaz de alterar o passado e tudo o que vivemos, nos parece muitas vezes impossível atravessar os sentimentos de dor pelas oportunidades que foram perdidas, pelas escolhas ruins, pelas chances que perdemos e pelos relacionamentos e amizades irrecuperáveis.
No entanto, somos capazes de promover uma reinterpretação do sentimento de perda e da dor e nos libertamos de vez do medo e da mágoa que nos paralisa. Assim, deixamos de ser reféns do passado e abandonamos o papel de vítima.
Texto escrito por Flávia Faria da Equipe Eu Sem Fronteiras