A tecnologia está em todo lugar. Os computadores e smartphones nos dão fácil acesso a jogos, chats, e inúmeras informações que influenciam todos os aspectos das nossas vidas.
Quando pensamos sobre a segurança das crianças no mundo online, a maioria das vezes relacionamos isso ao monitoramento do computador. E alguns pais fazem isso, mas não o suficiente. Um estudo sobre a segurança dos adolescentes na internet mostrou que 75% deles disseram que seus pais nunca monitoraram seu uso.
Um terço dos adolescentes pesquisados disseram que seus pais desaprovam a forma como gastam seu tempo na internet.
Além dos computadores, outros eletrônicos também precisam de monitoramento. Crianças e adolescentes conversam, compartilham imagens, e assistem a vídeos nos celulares e videogames. A maior parte dos jogos quando baixados nesses dispositivos vem com a opção de chat entre jogadores — e esses jogos geralmente podem ser jogados com companheiros bastante aleatórios.
Qual tipo de tecnologia seu filho deveria acessar? Qual tecnologia permite que você tenha acesso ao monitoramento? Você realmente monitora ou proíbe? Seu filho saberia o que fazer se cruzasse com conteúdo impróprio ou se alguém perguntasse informações sobre ele nos chats?
Até recentemente a porta do nosso quarto de jogos aqui de casa ficava fechada. Nós nunca a trancávamos. Um dia, eu abri a porta e meu filho de 7 anos, com seu videogame portátil, me olhou com uma cara de “Ah, não, eu não esperava que você viesse aqui”. Sem pensar, eu explodi, “Coloque suas mãos onde eu possa vê-las e não se mova!” (Por acaso eu preciso parar um pouco de ver TV). Eu peguei o videogame e vi que ele estava assistindo um vídeo inapropriado para a idade dele — eu consideraria isso “ok”, mas somente se ele recebesse a explicação de um adulto sobre o que aquilo se tratava. Sem que eu soubesse, o sistema envia regularmente notificações às crianças sobre os usuários e acesso a novos jogos, vídeos, música, e assim por diante. Ficou claro que uma mudança ocorreu no pequeno cérebro dele, e que ele teria que ser monitorado como mais atenção do que eu esperava.
Uso da internet
O uso da internet entre crianças é estrondoso. Um estudo feito pela McAfee (a empresa de sistemas de antivírus) descobriu que aproximadamente 80% das crianças abaixo de 5 anos já usa a internet, e que 90% dos adolescentes também a usam. O estudo ainda mostrou que 70% dos adolescentes escondem seu comportamento online de seus pais (por exemplo excluir o histórico ou se encontrar com alguém pessoalmente, que inicialmente se conheceram online).
Ironicamente, enquanto eu escrevia esse parágrafo, um colega entrou no meu escritório e me contou sobre a filha de um amigo, que conheceu, online, um homem mais velho e depois foi encontrá-lo pessoalmente numa cafeteria. Ela é brilhante, super ligada à faculdade, vem de uma família responsável com pais educados, era esperando que ela deveria estar mais atenta. Mas, não. E acontece o mesmo com muitos adolescentes. Um estudo de um grupo de mídia mostrou que um terço dos adolescentes começaram relações íntimas com alguém que eles conheceram online.
Por que os adolescentes fazem isso apesar de dizer o contrário? Isso é chamado de fábula pessoal. Eles se sentem únicos e invencíveis, e insistem que nada de perigoso pode acontecer com eles.
É claro, existem prós e contras nesse ambiente cheio de informação e nesse, relativamente, novo mundo virtual em que vivemos. Como sociedade, precisamos encontrar o equilíbrio do medo do que está lá fora com a sua utilidade. E, como pais, devemos educar nossos filhos.
O que deveríamos considerar?
Tentar manter nossos filhos seguros não é novidade. Tentar manter nossos filhos seguros no mundo virtual é um conceito novo e que vem crescendo. Por um lado, a internet pode ser bastante educativa — ela nos dá acesso à informação ilimitada. Escolas frequentemente assinam programas online de matemática, soletração, ou línguas estrangeiras. Podemos ver fotos de Marte, experimentar uma floresta tropical, ou ver um país muito distante a tempo real. Para crianças com transtornos de aprendizado e de ansiedade, alguns estudos mostram bons resultados com as redes sociais.
Por outro lado, há um grande risco de exposição a conteúdos inadequados (a idade média da primeira exposição à pornografia na internet é de 11 anos). Os jovens de hoje se envolvem com uma quantidade crescente de cyber bullying (20% dos adolescentes falaram que já passaram por isso). Jogar jogos violentos online tem sido associado à agressividade e a mau comportamento. Além disso, passar muito tempo com os eletrônicos afasta as crianças de atividades mais ativas. Recentemente ouvi a brilhante frase, “Mais voltas, menos aplicativos”.
O que deveríamos fazer?
Os pais precisam estar cientes sobre o que seus filhos estão fazendo na internet, e deveriam monitorar como eles passam o tempo online. Uma pesquisa sugere que o uso e as atitudes das crianças mudam dependendo das atitudes, engajamento e acompanhamento dos seus pais. Seja pró-ativo. Esteja ciente dos perigos inerentes da internet, assim como a atração viciante que ela exerce. Você sabia que existe a dependência de internet? Na Coréia do Sul, há um campo de treinamento para adolescentes que são viciados nela!
A conscientização e o monitoramento podem ser feitos de diferentes formas.
- Use as configurações de privacidade (especialmente nas redes sociais) e a função controle dos pais (até mesmo nos videogames), e cheque o histórico do navegador (verifique se seu filho não desligou a função). Pense sobre os benefícios e os riscos do que você vai bloquear ou não. Considere a idade do seu filho, nível de desenvolvimento, curiosidade, capacidade tecnológica, e o comportamento dos amigos.
- Pense em colocar um computador em casa. Se você tiver um laptop, estabeleça regras de quando e onde pode ser usado. Se seus filhos usam smartphones, seja claro sobre o que eles podem fazer com ele. Eu acabei de aprender que um amigo tem um celular específico capaz de colocar senha nas configurações de proteção.
- Seja transparente e aberto com seu filho. Vejam conteúdo online juntos. Eduque-o sobre quais sites ele pode usar. E dependendo da situação, partilhe com ele as suas preocupações.
- Pergunte a escola do seu filho como eles protegem as crianças dos potenciais perigos do uso da internet. Uma lei federal agora exige que as escolas que recebem financiamento bloqueiem conteúdo inapropriado nos computadores escolares e tenham um plano de internet segura.
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Nós nunca seremos capazes de monitorar nossos filhos 100% do tempo. Mas também precisamos tirar nossas cabeças da areia e tomar as precauções necessárias para manter nossas crianças seguras desse mundo tecnológico que muda constantemente.
Escrito por Amanda Magliaro da Equipe Eu Sem Fronteiras