Infelizmente tendemos a seguir, e fomos ensinados que existe uma sequência certa da vida. Devemos crescer, trabalhar, nos casar e logo em seguida, ou o quanto antes, colocar uma nova vida no mundo. Não importa se temos condições – físicas, psicológicas e financeiras – para isso, afinal a sociedade espera que façamos a nossa parte de “colaboração” e sejamos pais e mães. É a ordem natural da vida, dirão. Infelizmente a maior parte das pessoas segue isso e não se questiona se está preparada para enfrentar o verdadeiro desafio que é educar, formar e preparar uma nova pessoa para a vida. Infelizmente assim nascem e crescem cidadãos despreparados, extremamente malcriados, mimados e chatos.
Não estou dizendo aqui que sou contra filhos e que precisamos fazer um controle de natalidade. Só acho que é preciso ter consciência de que criar uma criança é uma tarefa árdua e que exige muito preparo dos pais que se propõem. Não se preocupe com as noites mal dormidas ou com o grande gasto das fraldas, provavelmente estes serão os menores dos desafios. Um bebê precisa apenas do básico e de muito amor, mas você já pensou no que fazer quando ele começa a ter consciência do mundo ao seu redor, ter vontades, desejos e intenções? Quando ele começa a interagir com o mundo e ser um cidadão de verdade independentemente do que você faça? É aí que acredito começar o verdadeiro desafio. É nessa hora que você precisa ser humano o suficiente para conseguir passar para o seu filho princípios básicos de educação, respeito e boa convivência.
Repito, no entanto, que infelizmente muitos não pensam nisso. Não pesam o quão precisam ser inteligentes, amáveis, educados e psicologicamente preparados para passar para a frente princípios que muitas vezes nem eles mesmos têm. É importante, por exemplo, nem sempre passar a mão na cabeça do seu filho e muito menos virar escravo dessa pessoinha tão fofa e pequena. Se ele fizer uma bagunça na sala na hora de brincar, é importante mostrar para ele que é preciso guardar os brinquedos antes da visita chegar e que isso não acontece por milagre. Caso contrário, quando crescer e tiver sua própria casa, ele também pode esperar que isso aconteça. E aí teremos um grande problema, não é mesmo?
Sem contar que é preciso ter discernimento e disposição física e mental para educar mesmo quando se está cansado após diversas noites mal dormidas e de trabalhar por horas para sustentar esta fofura. Nessas horas também podemos ser dotados de um amor gigantesco e não achar certo (e realmente não é) descontar na criança qualquer frustração nossa. E aí o que muitos pais fazem é errar a mão na quantidade de amor e mimar a criança ao extremo. “Se não posso estar presente fisicamente, vou comprar os melhores brinquedos, produtos eletrônicos e garantir que ele tenha tudo o que quer”, pensam. E aí já era, quero ver você conseguir explicar para essa pessoa depois que o mundo não será bonzinho assim e ela terá que lutar para obter tudo o que almeja.
No outro extremo temos pais que não conseguem lidar com a situação, mas só se dão conta disso depois que o filho já é uma realidade, e aí começam a brigar por qualquer motivo pífio na frente da criança. Neste caso, basicamente, ele tem duas opções ou se fecha para o mundo certo de que o problema é ele ou se revolta contra tudo e todos sem nem saber direito o porquê faz isso.
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É… uma breve reflexão e tenho certeza que abri seus olhos para uma situação que não é assim tão natural quanto pregam, não é? Fique atento, tente planejar ao máximo essa hora mágica de trazer ao mundo uma nova vida. Tente se preparar para isso e, se for necessário, prepare a si mesmo antes. Faça trabalhos de autoconhecimento e se torne um ser humano melhor para poder guiar uma nova vida também. Sem dúvida essa nova vida também te transformará consideravelmente e te ensinará muitas coisas, outras tantas vocês aprenderão juntos. Só tome cuidado para não negligenciar uma criança ou um adolescente, eles são seus frutos e precisam da sua orientação para conseguir encontrar a melhor forma de pertencer a este novo mundo.
Escrito pro Roberta Lopes da Equipe Eu Sem Fronteiras.