Autoconhecimento Psicoterapia

Compreendendo a Psicoterapia

Hoje vamos falar um pouco sobre a Psicologia e sociedade, mais especificamente sobre como a Psicologia ainda é vista e interpretada no Brasil. Peço desculpas se, neste texto, eu me estender um pouco, mas acredito que temos muitos estigmas a serem quebrados, e que os profissionais da Psicologia devem esclarecer muitos pontos que são ainda obscuros – vejo como um compromisso social da Psicologia. Muito se produz no mundo científico e acadêmico, mas pouquíssimo é transmitido à população, que muitas vezes sofre, sem saber a quem recorrer, por desconhecerem a importância deste trabalho.

Pretendo fazer outros textos relacionados a esse tema, hoje falarei sobre alguns conceitos equivocados ainda associados à Psicologia. É muito comum, mesmo nos dias de hoje, ouvir o jargão: “Psicólogo é coisa pra louco!”  Sim, eu, como psicóloga, ainda escuto isso o tempo todo. Já escutei dentro de instituições, entre profissionais da saúde, da educação, entre amigos.

Pois bem, primeiro vamos elaborar o conceito de loucura:

Louco: 1 Que perdeu a razão, alienado, doido. 2 Insensato, inconsiderado. 3 Arrebatado, imoderado, imprudente, temerário. 4  Que pode girar independentemente sobre o eixo em que está montado, sem comunicar a rotação a este; solto, livre 5 Alegre, brincalhão, folgazão, galhofeiro. 6 Doidivanas, estroina, extravagante. 7 Apaixonado. 8 Extraordinário, fora do comum, estupendo. sm 1 Indivíduo que perdeu a razão. 2 Indivíduo extravagante, desatinado.

O conceito, por si só, já é amplo. Proporciona diversas leituras.

Atuo na área clínica há muitos anos, e posso afirmar que pessoas que buscam uma análise têm muitos recursos internos. Porque digo isso? Porque um processo psicoterapêutico exige que a pessoa se olhe de perto, muito perto. Exige que ela seja capaz de enfrentar seus questionamentos, sintomas e angústias. Isso requer coragem, disposição e resiliência. A resiliência consiste na capacidade de o sujeito lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir às situações adversas.

Logo, muitos conceitos de “loucura”, na forma pejorativa como ela é vista, não cabem aqui, certo? E por outro lado, ao olharmos para outras palavras associadas à loucura, como extravagante, apaixonado, extraordinário, fora do comum, estupendo, poderíamos tratar como algo muito positivo, certo?

Então, primeiramente, vamos desmistificar a loucura. Muitas vezes, o que consideramos loucura pode ser a coragem que aquele indivíduo tem de enfrentar e se mostrar como é, mesmo que seja diferente do que consideramos “comum”.

Você conseguiria responder, neste instante, o que considera normal? O que alguém tem que ter para ser considerado completamente normal?

Muito difícil responder a essa pergunta, não é? Porque são justamente as diferenças, as singularidades, as extravagâncias que tornam cada um especial. Você não tem um amigo, alguém da família que tem características únicas? Que faz coisas de um jeito que só mesmo essa pessoa consegue fazer? E você, não se reconhece nisso? Nunca pensou que já tomou uma atitude tão diferente, até mesmo maluca? Ou que tem pensamentos que são só seus?

Então, caro leitor, você já pode ser considerado um “louco”.

Young women with a nervous breakdown, horizontal view

Durante a Psicoterapia, o paciente entende que seus sintomas estão ali por algum motivo. Que o sofrimento existe por alguma razão.

Então, já deixamos de falar na loucura, e passamos a falar em sofrimento.

Essa é outra razão que afasta muitas pessoas de buscar ajuda profissional. Acreditam que mostrar sofrimento é sinal de fraqueza. Não buscam ajuda, ou às vezes buscam terapia escondidos, até mesmo dos familiares.

Hoje vivemos em uma cultura onde somente a felicidade é aceita, enquanto o ser humano possui uma gama de emoções diferentes. O ser humano se alegra, sofre, se irrita, tem compaixão, tem inveja, pode ser generoso, egoísta. Mas o que gostamos de mostrar? A felicidade! As redes sociais estão aí para comprovar isso. Parece que todo mundo é feliz o tempo todo certo? Errado!

Todo mundo sofre! O problema é que, temendo a dor envolvida, ou temendo que os outros saibam que não somos perfeitos, tentamos evitar o sofrimento, ou escondê-lo. Nós adiamos o confronto com nós mesmos, nos olharmos de frente, esperando que os problemas sumam. Alguns até somem, outros não. E hoje em dia temos diversos fatores para enganar os problemas: o consumo desenfreado, medicamentos, etc.

Mas continuam lá. E se não trabalhados, se tornam sintomas. Assim como quando você tem febre. A febre sinaliza que algo está errado com seu corpo.

Às vezes o sofrimento vai mudando de um lugarzinho para outro. Pense neste exemplo: sofro porque estou sem emprego, depois arrumo um emprego, mas acho que não é o trabalho dos meus sonhos. Acho um trabalho que gosto, mas não consigo uma promoção e, assim, acho que sou um fracasso. E por aí vai. Tento disfarçar, deixar pra lá a angústia, consumindo coisas, esperando que as pessoas curtam minhas fotos no Facebook, sempre esperando a próxima viagem, ou o próximo carro para me sentir bem, pois nunca me sinto satisfeito onde estou no momento, ou com o que eu tenho. Não mostro como realmente sou para as pessoas, mostro só o que acredito que é agradável e aceito e, assim, não me conecto com mais ninguém e mais nada. Aprendo a criar quase que um personagem, para disfarçar o que eu realmente sou.

Algo nisso parece familiar?

Então, nada de loucura. Se você tem o desejo de algo a mais, de se compreender melhor, de enfrentar seus sintomas, olhe para si mesmo. Olhe de perto.

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E vamos falar sobre isso. Vamos falar sobre saúde, saúde no sentido mais amplo, saúde que engloba o físico, a mente, e a alma. A mente humana é poderosíssima, podemos usá-la a nosso favor, com sabedoria.

Por isso, não trate a Psicologia como uma besteira, como coisa para “louco”, como desnecessária. Se você já quis buscar ajuda e não o fez, por receio, ou por desconhecimento, espero que este texto tenha trazido alguma luz à questão.

Sempre que entender que precisa, busque ajuda! Uma mudança no estado da psique produz transformações inesperadas na vida!

Sobre o autor

Danielle Navas Munoz

Graduada em Psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo. Especialista em Psicopedagogia, pela mesma instituição. Especialista em Psicanálise pela Faculdade de Medicina do ABC. Oito anos de experiência em Psicologia Clínica, e seis anos atuando como Psicóloga Educacional.

Consultórios: Rua das Giestas, 1280 – Vila Bela, São Paulo/ Rua Francisco Pugliesi, 162A - Jd. Rizzo, São Paulo
Telefone: 11 99281 7514
E-mail: danielle.navas@yahoo.com.br

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