Sagrado Feminino

Conectando com o feminino e a pílula anticoncepcional

Close de mãos de mulher, uma segurando uma cartela de anticoncepcionais e outra segurando uma pílula sozinha.
Escrito por Juliana Ferraro

Você já tomou ou toma pílula anticoncepcional?

Hoje eu fiquei menstruada e tive muita cólica, essa dor me avisando que o meu corpo estava precisando de tempo e repouso para realizar a purificação necessária para esse momento da minha vida. Sabia que sempre que a gente fica menstruada nossos corpos físico, mental e espiritual estão purificando padrões, pensamentos, medos?

Foto preta e branca de mulher com dor no abdome , apoiando suas mãos em um ponto vermelho em cima do seu ventre.

Por isso, é preciso deixar isso acontecer. De repente, toda a nossa energia, ou grande parte dela, flui em movimento descendente, em direção à Terra, devolvendo a ela o que não nos serve mais naquele ciclo de 28 dias. Não é só o óvulo não fecundado e os restos do endométrio que estão sendo descartados.

Dentro de uma exploração mais ampla e holística desse fluxo de energia de limpeza, estão projetos, ideais, pensamentos, crenças.
Tudo o que a gente desejou e não vingou, as sementes que plantamos, mas de repente esquecemos de regar ou simplesmente sementes que fizeram sentido em algum momento plantar e semear, mas que, neste momento, não combinam mais com o nosso jardim de projetos e intenções.

Ao mesmo tempo, nos sentimos normalmente com baixa de energia, vontade de dormir mais, sentimos mais fome. Tudo isso faz parte do movimento de entrega, de necessidade de descanso.

Sem mais delongas, combinando isso com o título do artigo:

O que tem a ver com a pílula?

Diversas cartelas de pílulas anticoncepcional empilhadas uma em cima da outra, em uma mesa branca.

Vou falar da minha experiência e pode ser que você se identifique, ou não. Espero seu comentário! =)

Comecei a tomar pílulas com 15 anos, pois tinha ovário policístico e porque passei um processo de não aceitar meu corpo, não comer e não menstruar. A pílula ajudou a voltar a menstruar. Usei muitos métodos anticoncepcionais até quase os 28 anos: vários tipos de pílula, adesivo, anel interno, injeção. Hormônio de todo jeito, mas nunca fiquei sem tomar. Várias vezes, nos períodos que tomava o comprimido, também passava meses sem menstruar. Mas até achava bom.

Aprendi, como muitas mulheres, que esse período era o pior do mês, que impedia de fazer muitas coisas e que parar de estudar, treinar, trabalhar por causa de dores ou incômodos do período menstrual não eram aceitos socialmente e nem internamente. Por isso, eu perdi totalmente a conexão com meu ciclo e nem sabia mais direito se estava ou não no meu período. Fazia tudo como sempre, normalmente.

Mulher branca preocupada sentada em mesa com computador segurando cartela de pílulas anticoncepcional na sua mão.

Mas, um belo dia, comecei a me questionar sobre usar tanto hormônio e isso começou mais ou menos na mesma época que comecei a me dedicar ao estudo e prática do Yoga e fui começar a conectar com meu corpo. O universo deu um jeito de me mostrar que estava na hora de parar, contando a história resumida: Estava viajando de mochilão pela Ásia, tinha todas as cartelas de pílula para toda a viagem. A gente estava num momento de viajar entre países e pegar muitos aviões. Nesse dia, estávamos na Thailandia, saindo do chalé do hostel e de scooter – detalhe: na Tailândia, a gente nunca usava capacete – ai um coco (fruta) caiu na minha cabeça.

Imagina o susto que eu tomei! Eu entrei em choque! Depois disso, fui pesquisar sobre esses incidentes e li que tem pessoas que têm trauma craniano, ou apagam só horas depois do choque, e fiquei com o medo de ter um coágulo de sangue na cabeça. E vocês sabiam que tomar pílula aumenta a chance de sangue coagular? Então, juntando tudo isso e que íamos voar dois dias depois, já entrei em pânico pensando que ia ter coágulos de sangue no meu cérebro e eu poderia ter um derrame dentro do avião. Nesse dia, joguei todas as cartelas fora. E nunca me arrependi.

Penso que realmente deveria ter acontecido um susto para desapegar das pílulas. E funcionou.
 A partir daí, sinto cada vez mais como funciona o ciclo dentro do meu corpo, observo quando estou ovulando e como me sinto, quando estou na TPM, as cólicas e agradeço. Porque posso aproveitar cada momento para me programar e trabalhar mais, ou ficar mais em casa descansando ou saber se estou irritada de verdade por um motivo que vale a pena ou se é “só” esperar baixar a poeira porque é hormonal. Estou aprendendo muito.

Lembro o dia que comprei meu primeiro MoonCup, e como fiquei emocionada, como uma criança que acabou de ganhar um novo brinquedo que queria muito! E, quando comecei a plantar minha lua, e ver como as plantas amam e se enchem de flores, me senti mesmo muito poderosa com isso. Vi e senti como o sangue tem poder. Ainda vejo e sinto cada vez mais.

Close de mão de mulher segurando um coletor menstrual rosa.

E, estudando, conversando com outras mulheres e observando meu corpo, percebo o quanto a pílula também deixa a gente longe do nosso corpo, do nosso ciclo, da nossa intuição, criatividade, poder de vidência. Tudo isso está ligado muito ao corpo feminino. Já percebi e ouvi muito falar que o feminino tem mais facilidade de se conectar com o mundo espiritual, e isso acontece através do nosso corpo físico, da matéria. Fugindo do que ganhamos naturalmente, também perdemos nosso poder.

Penso na pílula como uma forma da emancipação feminina, sim, não posso jogar todas as pedras em cima dela. Mas sinto que seguimos muito para querer ser iguais aos homens, negando esse poder inato, e ficando mais facilmente domadas, enjauladas em pensamentos e crenças do patriarcado, que, mesmo a mulher saindo para trabalhar fora, ainda tem tantos estigmas, culpas, repressões e assédios.

Por isso, eu sinto que uma das formas de nos “domesticar” e calar, fazendo-nos aceitar ficar caladas, ser boazinhas e do lar é através da pílula, que nos desconecta do nosso poder e nos faz ignorar quem somos e até mesmo não desejarmos ter nascido mulheres e, a partir dessa não aceitação, aceitar todo esse estigma de culpa pelo mal da humanidade.

Esse assunto vai longe, né?
Mas tem que ser falado!
O que você sente sobre isso?

Conta pra mim nos comentários suas experiências com os anticoncepcionais =)


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Sobre o autor

Juliana Ferraro

Juliana Ferraro é psicóloga por formação e viajante por amor às coisas novas da vida. Seu contato com diferentes línguas e culturas começou quando ela ainda trabalhava no Club Méditerranée. Depois fez um mochilão pelo mundo em busca de autoconhecimento. Em pouco mais de um ano conheceu diversos países asiáticos, em especial a Índia, onde fundou uma paixão profunda pela yoga e pela meditação. No Brasil: morou, deu aulas de yoga e se formou como massoterapeuta, em Paraty, RJ. Foi nessa época que concluiu quatro cursos de dez dias de meditação Vipassana e se aprofundou na prática de Ashtanga Yoga. Hoje, ela está estudando Ashtanga Yoga no KPJAYI, em Mysore, Índia. E dá aulas de Ashtanga Yoga online.

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