Há uma famosa frase sem autoria definida que diz o seguinte: “Ainda que conheça o centro do Universo ou o fundo do mar, o homem não conhecerá o que há de mais próximo de si: ele mesmo”. De certa forma, a frase está certa, porque muito já avançamos na exploração espacial, por exemplo, mas ainda há incontáveis mistérios relacionados com a mente humana.
Com o avanço da ciência e o desenvolvimento da Psicologia e da Psiquiatria, passamos a compreender cada vez mais os transtornos problemas de saúde relacionados com a mente e o cérebro, que são centenas, talvez centenas de milhares. Conhecer esses transtornos é essencial para estarmos atentos à nossa saúde e também para sabermos como lidar com pessoas que sofram com eles.
Depressão
Chamado clinicamente de transtorno depressivo maior (TDM), mas popularmente conhecido somente como depressão, é um dos problemas mais graves das sociedades modernas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são mais de 350 milhões de pessoas no mundo com esse mal.
Mais de 1 milhão de pessoas tiram a própria vida por ano no mundo (dados da OMS). E, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), 97% dos casos de suicídio estavam associados a transtornos mentais – sendo o primeiro lugar ocupado pela depressão. O suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, conforme relatório divulgado pela OMS em setembro de 2019.
A depressão se caracteriza principalmente por um período de duas ou mais semanas com predominância de sentimentos depressivos/tristes/melancólicos, bem como baixa autoestima, perda de interesse em atividades que antes eram interessantes, pouca disposição e dores sem causas definidas.
Depressão tem cura! A psicoterapia e o tratamento psiquiátrico são essenciais para promover a cura. Se você está com sintomas de depressão ou conhece alguém que esteja, marque uma consulta com um psiquiatra e procure um psicólogo para iniciar o tratamento.
Ansiedade
Ao lado da depressão, o transtorno de ansiedade generalizado (TAG), mais conhecido apenas como ansiedade, tem sido considerado por especialistas em saúde mental o mal do nosso século, visto que são milhões de casos desses dois problemas em nossa sociedade moderna.
O TAG é caracterizado por um estado de ansiedade excessiva e persistente, que acontece até mesmo sem contexto, ou seja, sem situações que despertem ansiedade. Se esse tipo de quadro persiste por mais de seis meses, é provável que seja TAG. Além disso, os sintomas incluem crises em que são frequentes insônia, suor excessivo, mãos e pés úmidos, enjoos, dificuldade de se comunicar, de se alimentar e facilidade de se assustar e se impressionar.
Assim como a depressão, a ansiedade tem cura, e o acompanhamento é feito por um psiquiatra e um psicólogo.
Síndrome do pânico
Muitas vezes um desdobramento do TAG, a síndrome do pânico se caracteriza por ataques recorrentes e inesperados, normalmente desencadeados por situações de medo intenso. Os sintomas mais comuns são suor, tremores, falta de ar, palpitações, entorpecimento e sensação de que algo terrível vai acontecer. A própria sensação de que um ataque está na iminência de acontecer pode desencadear uma crise.
Ainda que algumas pessoas desenvolvam o problema por se exporem com intensidade a situações de medo e ansiedade, a Medicina ainda não sabe as causas exatas dos ataques de pânico, mas há evidências de que o histórico familiar influencia. Fumo, estresse psicológico e vícios podem causar essa condição.
O tratamento inclui psicoterapia e psiquiatria, mas também exercícios de respiração e de tranquilização, como a meditação, que pode evitar crises
Síndrome de burnout
Vivemos numa sociedade em que as nossas profissões estão cada vez mais no centro de nossas vidas, bem como as exigências em relação a elas, que são muitas e “pesadas”. Por isso é que a síndrome de burnout tem sido cada vez mais discutida.
Conhecida também como síndrome do esgotamento profissional, é um problema relacionado exclusivamente com o trabalho. É um estado de estresse crônico se caracteriza pelo esgotamento físico e emocional, em especial entre profissionais que trabalham constantemente sob pressão.
Os principais sintomas são exaustão física e mental, descaso com as necessidades pessoais e com o lazer, aversão a encontros sociais, tristeza ou insatisfação intensa, colapso físico e mental, entre outros. O tratamento inclui psicoterapia e medicamentos para tratar os sintomas.
Bipolaridade
Transtorno afetivo bipolar (TAB), conhecido também como bipolaridade, é uma perturbação mental caracterizada por uma alternância frequente entre dois tipos de humor: períodos de depressão e períodos de ânimo intenso, também conhecidos como mania, em que a pessoa se sente enérgica, contente e irritável.
É um transtorno que exige acompanhamento psicológico e psiquiátrico, porque o risco de suicídio é elevado – pelo menos 20 a 30 vezes maior que na população geral (segundo estudo publicado na National Library of Medicine em 2013). Além disso, estima-se que 30% das pessoas que sofrem desse mal praticam automutilação.
Suas causas ainda não são plenamente compreendidas, mas sabe-se que ansiedade, depressão, abusos na infância e estresses de longa duração podem causá-lo.
Borderline
O transtorno da personalidade borderline (TPB), conhecido popularmente apenas como borderline, é um transtorno com sintomas menos “exatos”, como os da depressão e da ansiedade. Ele é caracterizado, principalmente, por instabilidades e dificuldades nas relações com outras pessoas, instabilidade de autoimagem e autoestima e instabilidade emotiva. Comportamentos de risco e automutilação são comuns nesses casos. Sensação de vazio e medo intenso de abandono emocional também são frequentes.
Abusos de substâncias, depressão e perturbações alimentares estão entre os fatores que causam o problema. Apesar de apenas 1,6% da população mundial sofrer com esse problema, segundo relatório publicado pela OMS em 2015, a taxa de suicídio entre as pessoas que sofrem com esse mal é altíssima, chegando a 10%.
Psicoterapia e tratamento psiquiátrico com medicamentos promovem uma melhoria gradual no quadro.
Esquizofrenia
Antigamente conhecida como loucura, a esquizofrenia é uma perturbação mental que causa episódios recorrentes ou mesmo ininterruptos de psicose, incluindo alucinações, delírios e desorganização do pensamento. As consequências são, entre outras, reclusão social, dificuldade de expressar emoções, falta de motivação e outros transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão.
A OMS estima que 0,5% da população mundial sofra desse mal. Quando a doença é desencadeada, a expectativa de vida gira em torno de 8 a 20 anos, devido ao risco de suicídio, doenças cardiovasculares e excessos ou faltas causadas pelo estilo de vida imprudente.
O tratamento paliativo é feito com medicamentos, e a psicoterapia é indicada.
Prosopagnosia
Considerada uma doença rara em seus graus mais avançados, a prosopagnosia é uma desordem que faz com que a pessoa acometida tenha dificuldade de reter, assimilar e reconhecer rostos, Então apresenta de reconhecer pessoas, mesmo que sejam próximas e conhecidas.
Suas causas geralmente envolvem lesões cerebrais ou doenças neurológicas que afetam áreas específicas do cérebro.
Não há tratamento para esse problema, a não ser a psicoterapia, que ajuda a lidar com ele de maneira saudável.
Autismo
O transtorno do espectro do autismo (TEA), popularmente conhecido como autismo, é um transtorno caracterizado por dificuldade de interação social e comunicação, seja verbal ou não, além de comportamentos restritivos e repetitivos.
O autismo é altamente hereditário, e a doença é muito variada, portanto cada pessoa acometida apresenta sintomas e características diferentes. É uma doença que se manifesta cedo e, seu diagnóstico geralmente é feito quando a criança tem entre três e quatro anos de idade, período em que as dificuldades de interação costumam ser percebidas pelos pais.
O tratamento inclui psicoterapia e outros cuidados adicionais, além de possibilitar que a pessoa que sofre com esse mal viva em condições estáveis e saudáveis.
Sua variedade é tão grande que se fala de “espectro de autismo”, já que muitas perturbações diferentes podem ser consideradas autismo, como a que descreveremos a seguir.
Síndrome de Asperger
A Síndrome de Asperger é uma das perturbações mais comuns do espectro de autismo. É caracterizada por dificuldades de estabelecer relacionamentos sociais e de se comunicar, bem como padrões de comportamento e interesses muito específicos e intensos a respeito de determinados tópicos.
A pessoa acometida geralmente apresenta bons graus de inteligência e desenvolvimento relativamente normal da linguagem, diferentemente de outros transtornos do espectro de autismo.
Você também pode gostar
Os sinais costumam se manifestar geralmente antes dos dois anos de idade, e o tratamento paliativo, para dar mais qualidade de vida à pessoa, inclui psicoterapia.
Vale lembrar que o termo “Asperger” não aparece mais na 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, sendo classificado como “transtorno do espectro autista sem comprometimento linguístico ou intelectual”. Mas o uso ainda é corrente porque essa nomenclatura ainda costa da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde. Os especialistas nas áreas relacionadas preferem o uso do termo “autismo leve”.
Esses são alguns dos vários transtornos que podem afetar a mente humana, e a Medicina ainda não conseguiu entender exatamente por que eles ocorrem. A nossa mente é realmente um mistério, não é mesmo? Se você desconfia de que sofre com algum desses problemas, marque uma consulta com um psiquiatra e/ou uma sessão com um psicólogo, para ser avaliado, e cuide da sua saúde mental!