Já ouviu falar em negligência na infância? A falta de cuidado com as crianças, caracterizada pela incapacidade ou pela falha em prestar atendimentos básicos aos pequenos, é extremamente grave. A negligência na infância pode gerar impactos de grande magnitude, capazes de perseguir as vítimas durante toda a vida, inclusive na fase adulta.
Crianças que sofrem com a omissão de cuidados dos pais, familiares ou cuidadores, têm maior tendência a desenvolver problemas como depressão, sociopatia e agressividade, além de também terem dificuldade no aprendizado e maiores chances de atentar contra a própria vida.
As consequências podem variar de criança para criança e apresentar diferentes níveis. No entanto, é inegável que as sequelas são significativas e, por isso, é essencial que adultos negligentes sejam devidamente denunciados.
A seguir, vamos falar mais sobre os tipos de negligência infantil e os traumas que cada uma delas pode gerar na vida de uma criança.
Negligência física
A negligência física está relacionada à falta de cuidados básicos de saúde, alimentação ou higiene. Também é caracterizada pela falta de fornecimento de roupas limpas ou novas, que acompanhem o crescimento da criança.
Não supervisionar, proteger e cuidar da criança também é considerado um meio de negligência física. Isso acontece porque sem vigilância, e sendo deixada sozinha por longos períodos, há maiores chances de envolvimento em acidentes domésticos e outras fatalidades.
Alguns exemplos práticos desse tipo de negligência incluem:
– Falta de acompanhamento médico pediátrico necessário nos primeiros anos de vida, assim como deixar de vacinar bebês e crianças;
– Deixar a criança sozinha por horas e a mercê de acidentes, como um incêndio na casa;
– Viagens de carro feitas sem a cadeirinha obrigatória;
– Quando a criança não tem acesso a uma alimentação balanceada e as refeições são feitas apenas com alimentos ultraprocessados.
As consequências físicas dessas irresponsabilidades variam de acordo com a gravidade dos atos. É comum que a criança apresente obesidade, desnutrição e/ou atraso no crescimento, causados pela alimentação incorreta. Doenças ocasionadas pela falta de vacinação e consultas pediátricas, como a poliomielite, também são resultados desse tipo de negligência.
Além disso, a falta de supervisão ainda pode gerar lesões e traumas causados por acidentes que, em alguns casos, são fatais.
Negligência emocional
A negligência emocional tem a ver com falta de afeto e suporte, o que impacta diretamente o desenvolvimento da criança, porque todas as necessidades dela são deixadas de lado.
É importante lembrar que durante a infância e a adolescência, os seres humanos são mais frágeis e precisam de atenção, carinho e apoio para crescerem saudáveis. Além disso, é dever dos pais entenderem o que os seus filhos estão precisando e, se isso não ocorrer, é uma falha preocupante na criação da criança.
É um tipo de negligência difícil de identificar, já que não deixa marcas físicas. No entanto, as consequências psicológicas são muito graves, porque as crianças passam a entender que as suas próprias emoções, assim como os sentimentos de terceiros, não importam.
Dessa forma, isso altera o comportamento dos pequenos, tornando-os mais agressivos, carentes, com dificuldade de interagir na escola e ter maior tendência ao isolamento. Essas características ainda elevam as possibilidades de eles sofrerem bullying ou de serem bullers (praticante de bullying).
O descuido emocional também está relacionado a doenças psicológicas, como a depressão, a ansiedade, a baixa autoestima e até mesmo a sociopatia. Tudo isso, eventualmente, é capaz de aumentar as chances de suicídio.
Alguns exemplos desse tipo de negligência incluem:
– Deixar a criança sozinha e não passar um tempo de qualidade com ela;
– Ridicularizar a criança quando ela chora;
– Utilizar chantagem, como dizer que vai deixar de amar o filho se ele não obedecer a uma ordem.
Negligência educacional
A negligência educacional, como o próprio nome indica, acontece quando os pais ignoram as condições necessárias para a formação acadêmica e moral dos filhos. Isso inclui, por exemplo, privar a criança de frequentar a escola, deixando de matriculá-la.
Nessas situações, também podem ocorrer faltas injustificáveis às aulas, o que atrasa o desenvolvimento e o aprendizado dos pequenos. Além disso, os responsáveis geralmente não vão às reuniões escolares e não acompanham o dia a dia de seus filhos.
Entenda como vivemos com base em nossas expectativas e decepções:
A falta de disciplina também é um tipo de negligência educacional. Um exemplo é permitir que crianças e adolescentes consumam álcool e drogas sem qualquer tipo de advertência. Impor limites morais é essencial durante a criação, especialmente nos primeiros anos de vida.
Podemos citar outros exemplos práticos de negligência, como:
– Não procurar auxílio educacional especial e específico para crianças com deficiência;
– Permitir um mau comportamento da criança na escola;
– Não prestar apoio ao aprendizado do filho, ignorando notas baixas e comunicados de professores.
A negligência educacional infantil provavelmente vai impactar a vida adulta do indivíduo. Isso acontece porque é normal que crianças negligenciadas nesse sentido apresentem dificuldade nos estudos e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; podem ter problemas para ler, escrever e raciocinar questões, por exemplo.
Tudo isso leva ao fracasso escolar, reprovações e atrasos acadêmicos. Como consequência, há chances de o sucesso profissional ser impactado negativamente no futuro, o que também causa frustração.
Ao presenciar um caso de negligência infantil, denuncie!
Como você pode perceber, os três tipos de negligência na infância resultam em problemas graves por toda a vida da criança. Por isso, é extremamente importante que os pais compreendam as necessidades básicas de seus filhos, sejam elas emocionais, físicas ou educacionais.
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Outro ponto essencial é denunciar casos de negligência infantil para o Conselho Tutelar ou o Ministério Público e as Varas da Infância e Juventude. Também é possível fazer uma denúncia anônima pelo Disque 100, responsável por encaminhar relatos de violação dos direitos humanos de diversos grupos, incluindo crianças.