O bullying é uma realidade comprovada. Crianças do mundo todo chegam a cometer tentativas de suicídio por não aguentarem a pressão psicológica e física que sentem ao sofrer bullying na escola e até mesmo dentro da sala de aula.
O assunto é sério: de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quase 50% das crianças entrevistadas disseram que já se sentiram humilhados por outras crianças na escola que frequentam.
Por isso, soluções têm sido criadas e testadas para vencer esse assustador vilão desmascarado na última década. O método KIVa foi criado e implementado em escolas da Finlândia, a fim de erradicar de vez esses atos tão terríveis.
Esse método advém da psicologia e da psicossociologia, e sua principal diferença de outros métodos de intervenção ao bullying é o fato de que o KIVa não foca suas forças naquele que comete o bullying, mas sim naqueles que acompanham essa pessoa.
Para entender melhor, imagine a seguinte situação: João faz piadas de mau gosto a respeito da aparência de Caio. Maria, Pedro e Gabriela acham graça da piada de João e se juntam a ele para rir de Caio. O método KIVa focará suas forças nos amigos de João (Maria, Pedro e Gabriela), e não no João propriamente, que foi quem cometeu o ato.
Se você refletir sobre isso, faz sentido: quem comete o assédio ou o preconceito (há várias denominações em português para bullying) busca autoafirmação perante uma turma de amigos – precisa afirmar para os amigos e para si mesmo de que é melhor do que o outro e por isso comete o bullying.
Se Maria, Pedro e Gabriela não derem nenhum tipo de atenção para as “piadas” de João (e, com o tempo, acharem inclusive inadequadas, inapropriadas e erradas), o menino vai repensar se vale a pena ou não agir daquela forma.
Em outras palavras, quando o agressor (no caso, João) perceber que assediar e prejudicar (psicológica, emocional ou até mesmo fisicamente) outras pessoas não têm mais o mesmo resultado “positivo” para si, fazer aquilo não fará mais sentido para ele. Com o tempo, esses episódios deixarão de existir por completo.
O nome KIVa é uma abreviação do termo “Kiusaamista Vastann” que, em finlandês, significa “contra o assédio moral”. O método já foi aplicado em 90% das escolas do país; os resultados mostram que os episódios de bullying e discriminação caíram em 80%.
A prevenção é uma arma poderosa
Como visto, o método KIVa mostrou aplicação absolutamente satisfatória e, com o tempo, o método pode ser aplicado no restante do mundo. Porém, é inegável que prevenir algo ruim sempre será melhor do que esperar que a situação aconteça. Afinal, prevenir o bullying significa evitar o sofrimento de muitas pessoas.
E o bullying é prevenido quando a autoconfiança é ensinada. É prevenido quando os jovens recebem atenção e atendimento psicológico e psicossocial em suas instituições de ensino – e de forma gratuita, porque privatizar esses serviços significa diminuir sua disseminação e, consequentemente, suas boas consequências e mudanças no comportamento dos jovens.
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Autoconfiança também é importante para o outro lado da moeda – não só para quem tem tendência a praticar o bullying, como também para quem sofre com o ato. O jovem seguro de si mesmo será uma fortaleza e não se deixará fragilizar tão facilmente.
Escrito por Giovanna Frugis da equipe Eu Sem Fronteiras