O Brasil é um dos países no mundo que mais faz cesárea atualmente, estando inclusive muito acima do nível recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de 15%. No país, cerca de 84% dos partos realizados na rede privada são césarea, enquanto na rede pública são 54% dos casos.
Muito já se discutiu sobre os motivos que levaram a medicina obstétrica brasileira a esse caminho. Existem alguns fatores, como: a baixa remuneração por parte dos convênios, a possibilidade de controle sob o processo por parte dos médicos e pais, a falta de preparo e apoio às gestantes, a falta de orientação e informações erradas sobre os benefícios e riscos do parto natural.
A cesariana é uma cirurgia muito positiva quando necessária, pois possibilita salvar mães e bebês em risco. Porém, no decorrer dos anos o método tornou-se padrão, com a cesariana eletiva, com data, hora e local agendados. Muitas vezes, ela ocorre em fase prematura do feto.
A gestação dura em média de 38 a 40 semanas e é nessa fase que os pulmões dos nenéns terminam de se formar, trata-se do último preparo para vir ao mundo. Por isso é necessário esperar que a mulher entre em trabalho de parto, pois isso significa que o neném está pronto.
O chamado parto normal realizado nos hospitais brasileiros ainda não é natural, pois apesar de esperar a mulher entrar em trabalho de parto e ser realizado via vaginal, ainda há diversas intervenções para acelerar e induzir o parto, como a medicação venosa, episiotomia – corte na região do períneo para ampliar o canal de parto – entre outros métodos, que acabam sendo invasivos e poderiam ser evitados.
Por isso, surgiu o termo parto humanizado – parto natural realizado sem intervenção médica e nem de medicamentos, em alguns casos, inclusive, fora do ambiente hospitalar – como casas de parto e/ou até mesmo na casa da gestante – apenas com métodos naturais e alternativos como: chás, sucos, vitaminas e exercícios físicos.
O nascimento acontece quando a mulher entra em trabalho de parto, respeitando o tempo dos bebês.
Nesses casos, geralmente as gestantes são assistidas por uma Doula. Trata-se de uma profissional, com ou sem formação médica, que acompanha a mulher desde a gestação até o momento do parto, dando suporte físico e emocional, compartilhando conhecimentos e informações para o bem-estar da mãe e do bebê.
Parir em casas de parto, ou até mesmo em suas próprias casas, tem sido uma opção muito buscada nos dias de hoje. O ambiente hospitalar, cheio de profissionais desconhecidos e com procedimentos prontos podem causar desconforto e ansiedade nas parturientes.
Existem muitos relatos de mulheres que sofreram algum tipo de violência obstétrica no momento do parto, como desrespeito, proibição de beber ou comer algo, uso de força, medicamentos e intervenção (desnecessária) para acelerar o trabalho de parto.
Por isso, a Secretaria Nacional da Saúde tem trabalhado muito para combater esse tipo de ocorrência, incluindo também as realizações de cesáreas quando não há necessidade real. Precisou-se criar uma lei para garantir que a gestante tivesse direito a um acompanhante durante todo o processo, pois em muitos hospitais ela era deixada sozinha, apenas sendo assistida por enfermeiras.
A dor do parto é natural e fisiológica, o corpo feminino está preparado para isso, mas existem profissionais e, principalmente, pessoas relacionadas à gestante, que criam medos e diversos mitos na mulher, deixando-a insegura quanto a permitir que seu corpo trabalhe e deixe a natureza agir por si só.
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O tempo da gestação é bom para que a gestante se prepare fisicamente e psicologicamente para o momento do parto e esteja segura com o médico e o hospital que escolheu. É importante criar um plano de parto, pensar em como quer que o processo ocorra, quem serão os acompanhantes, se quer ou não o uso de analgesia e anestesias, elaborar e discutir com todos os envolvidos tudo o que estará relacionado a chegada do seu bebê.
- Escrito por Carolina Peixoto da Equipe Eu Sem Fronteiras.