Autoconhecimento Toda forma de amor

Considero justa.. toda forma de amor

Escrito por Lilian Custodio

Me recordo do dia em que ganhei minha primeira amiga peluda, uma poodle, eu tinha apenas 3 anos de idade.

Meu pai chegando com ela no colo, era uma bola de pelos, literalmente.

Dizendo que havia ganhado aquela fofurinha de uma senhora, que ele prestara serviço de eletricista.

Depois recordo de eu rolar com ela no chão, dos meus cabelos virando um emaranhado de nós, e de minha mãe dizendo que minha cabeça mais parecia um ninho de rato.

Tenho uma foto de um dia feliz… Fomos fazer um passeio em família numa cachoeira. Estava meu pai, minha mãe, meu tio e tia preferidos, minha querida Puppy e eu. Eu estava de vestidinho com meus negros cabelos lisos sobre os ombros e minha clássica franjinha adornando um rosto bem branquinho com destaque para os olhos verdes. Puppy estava sentada ao meu lado, com seus pelos alvos e cumpridos soltos ao vento. Até hoje quando vejo essa foto em preto e branco, sem muita nitidez, choro de saudades desse dia.

Me recordo também do dia mais triste de todos, no auge dos meus 5 anos.

Eu chegando da escola, e chamando: Puuuppy!! Puppy…

E ela não estava enlouquecida no portão me esperando como de costume.

Minha avó materna com muito tato nas palavras, me contou a verdade; que ela havia saído para rua e comido algo, possivelmente envenenado e chegou salivando espuma. Que ela tentou lhe dar leite, mas infelizmente ela não resistiu.

Cachorro filhote correndo com pelos ao vento
Foto de Helena Lopes no Pexels

Seu corpinho peludo podia ser visto de longe, dentro de uma caixa de papelão, estático, ao lado da lavadora de roupas da mamãe. Foi o máximo que consegui ver. E nunca mais esquecer.

Logo depois disso, perdi a minha avó paterna, mas sobre essa perda não me contaram. Apenas justificaram a ausência repentina dela, que estaria no hospital se recuperando de uma enfermidade. Uma doença que nunca sarava, até um dia que eu olhei para a foto descrita acima e percebi que minha avó provavelmente estava no mesmo lugar que a Puppy. Então vivi meu luto de neta e chorei novamente pela perda da cachorra. De certo modo, o animal me fortaleceu e me preparou para lidar com perdas.

Depois disso tive inúmeros cães adotados da rua, gatas, maritacas, peixes, codornas, tartarugas e um terrario com joaninhas.

E toda vez que algum deles partia para nunca mais voltar, eu sofria.

Atualmente é um sofrimento programado, eu sei sobre a estimativa de vida de cada um deles, então de algum modo tento me organizar emocionalmente e me conformar. Mas no fim das contas sofro de qualquer jeito.

Mulher segurando cachorro no colo de olhos fechados em campo aberto
Foto de Dominika Roseclay no Pexels

Certa vez uma amiga indagou; você gosta de sofrer? Sabe que esses bichos têm vida breve, por que os têm?

Respondi: porque, antes de eu sofrer com a morte deles, eu vivo intensamente o mais puro, incondicional e desinteressado amor, que só um animal sabe oferecer.

Tenho histórias incríveis com meus cachorros.

Certa vez, quando estava grávida, eu tive uma queda de pressão enquanto tomava banho, e perdi os sentidos. A Any, minha 2ª amiga poodle, foi até a área de serviço e começou a latir na janela, de um modo completamente diferente. Minha vizinha notou algo muito estranho no latido, pediu que seu filho pulasse nessa área, e abrisse a porta para ela. E assim eles conseguiram me salvar. Estava lá caída, sem consciência.

Depois, essa mesma cadela, com seu mesmo latido de alarde, avisou-me quando meu bebê engasgou no berço, já que ela havia migrado para baixo do berço e fazia a hora da naninha junto dele. Numa outra ocasião, quando ele já engatinhava e estava prestes a pegar uma taturana verde fluorescente com a sua mãozinha, pude ouvir novamente seu estridente latido. Era único esse latido, se latia, podia ir voando porque algo muito ruim estava prestes a acontecer.

Cachorro beagle correndo em trilha com sol refletindo
Foto de Artem Beliaikin no Pexels

Até o dia que ela foi dar sua voltinha na calçada em frente à minha casa, já velhinha sem muita audição, não notou o carro e foi atropelada.

Eu estava amamentando meu segundo filho, o fato se deu por volta das duas da tarde, às seis não saía uma gota sequer de leite das minhas mamas. Por uma semana, meu bebê me olhou e viu o meu semblante triste, e sorria tentando me confortar sobre a perda da minha grande amiga.

Para mim, não é apenas um cão que morre. É uma amigo.

Daqueles especiais, que você sempre pode contar nos piores momentos, que seca as suas lagrimas, que se faz presente respeitando o seu momento e nunca te deixa só.

Atualmente, tenho o amor envolvido em pelos que atende carinhosamente por Mimi. Sempre por perto, uma lady, silenciosamente deitada sobre os meus pés, enquanto digito algumas linhas.

Com os cães eu aprendi a fazer a leitura da expressão do olhar. Como eles não podem falar, eu sei codificar o que precisam desse modo.

Cachorro com boca aberta
Foto de Svetozar Milashevich no Pexels

O que há de especial nisso?

Eu utilizo a mesma técnica com crianças, que são outros seres puros. Lido diariamente com elas, sou educadora alimentar, e muitas vezes, sem que as crianças me contem seus percalços ou, os motivos que estão levando ao desequilíbrio alimentar, eu descubro apenas observando.

Eu me tornei muito boa nisso, e absurdamente sensitiva.

Cachorros rosnam para pessoas, digamos, menos verdadeiras do que representam ser. Eu não rosno, mas sei, assim como eles, e prefiro manter a distância.

Outro belo ensinamento que aprendi com a raça canina é o da lealdade, e também de como manter meu coração aquecido e envolvido em compaixão ao próximo, sendo eles humanos ou não. Sou absurdamente intolerante a maus tratos com aqueles que não podem se defender por si só, sejam crianças, idosos, pessoas especiais ou animais.

Farejo o fingimento e a maldade de longe.

Sim, eu tenho que andar quase que vendada nas ruas, porque senão saio resgatando cães abandonados. Estou cuidando de uma labradora neste momento, a Cacau. Hoje linda, porem há 1 mês atrás era um saco de pele e osso, anêmica, desnutrida e cheia de carrapatos, com um tumor em uma das mamas, faminta e abandonada a própria sorte.

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Desejo contribuir com o mundo, e deixar dois cidadãos que sejam mais solidários e menos egoístas. Por isso, ensino meus dois filhos a respeitarem todo e qualquer ser vivo, seja da raça humana, do reino animal ou vegetal. Treino seus olhares a se voltar aos apelos, para que não se tornem imunes aos sofrimentos alheios. Deste modo, envolvo eles em ocasiões que possam exercitar essa prática.

Precisamos urgentemente de um mundo melhor para se viver, mas antes, teremos que nos tornar melhores para o Mundo.

Sobre o autor

Lilian Custodio

Sou, Lilian Custodio.
Nutricionista, Acupunturista, Mãe, Educadora Alimentar Infantil, Escritora e Fada. Exatamente nessa ordem...
Sim.. é isso mesmo - Fada Lilly.
É assim, que eu consigo convencer a futura geração sobre a importância em se alimentar de forma mais equilibrada e saudável, preservando assim a saúde deles.
Simplesmente, essa é a missão que papai do céu me confiou.
Me formou primeiro Nutricionista para que eu pudesse me abastecer do conteúdo cientifico e técnico da Nutrição.
Depois me formatou na Medicina Milenar Chinesa para que eu soubesse utilizar a primeira ciência aprendida com sabedoria e equilíbrio.
Na sequencia me deu dois filhos, para aplicar e aprimorar a teoria na pratica.
E ainda, como Educadora Alimentar para que eu pudesse repassar tudo isso no coletivo
A Escritora surgiu com a finalidade de ampliar ainda mais esses ensinamentos, e auxiliar mães e professores a também se inspirarem, para me ajudar nessa missão.
E por fim, a Fada Lilly para tornar tudo isso mais leve e encantador.
Essa sou eu!

Email: lilian.custodio@gmail.com
Instagram: @tia.lilian.nutri