Hoje, gostaria de compartilhar minhas experiências com a constelação familiar, pois acredito que, de alguma forma, isso possa contribuir para quem ainda tem dúvidas sobre esse método poderoso. Espero que minha trajetória possa ajudar você a se abrir para algo que talvez precise, mas ainda não tenha encontrado.
Eu quis começar contando minha história desde o início para mostrar que, muitas vezes, o que encontramos de imediato pode não ser exatamente o que imaginávamos. No entanto, se nos permitirmos abrir para o desconhecido, podemos descobrir aquilo que realmente precisávamos.
A Primeira Constelação: Estranheza
Minha primeira experiência com a constelação aconteceu em 2009. A terapeuta era uma conhecida, e eu estava ali participando sem saber absolutamente nada do que se tratava a técnica. Não tinha ideia do que eu precisaria fazer, nem de como a dinâmica funcionava. Estava, literalmente, mergulhando de olhos fechados.
De repente, lá estava eu, representando o pai de alguém que eu nunca havia conhecido. Era uma sensação estranha, um misto de curiosidade e confusão. Não fazia a menor ideia do que estava fazendo, mas segui o fluxo da experiência. A princípio, senti uma certa desconexão com o processo. Havia algo ali, mas parecia que eu não conseguia compreender completamente.
A Segunda Constelação: Incômodo
Em 2016, surgiu uma nova oportunidade. Dessa vez, fui de forma consciente, atendendo ao convite da proprietária do estúdio onde eu ministrava aulas de yoga. Decidi me abrir novamente para essa experiência, ainda que a primeira não tivesse sido muito clara para mim.
Desta vez, havia muita gente participando, um número expressivo mesmo, e a terapeuta explicou como funcionaria a dinâmica. Ela mencionou algo que me chamou a atenção: que, mesmo que a maioria das pessoas presentes não fosse constelada diretamente, apenas estar ali, vivenciando e observando, já traria benefícios para suas vidas, pois se trata de uma terapia energética. Essa perspectiva me instigou a querer entender mais, a mergulhar um pouco mais fundo.
Passados uns 30 minutos de constelação, comecei a notar as reações ao meu redor. Algumas pessoas estavam emocionadas, chorando, passando por uma espécie de catarse. De repente, fui escolhida para representar um familiar no campo. Senti um certo desconforto, uma vontade de sair dali. Não era um lugar familiar, e as emoções estavam à flor da pele. Ainda assim, decidi ficar. Ao sair, senti um cansaço físico muito grande, como se a experiência tivesse drenado parte da minha energia.
A curiosidade para compreender mais
Apesar do incômodo, algo dentro de mim ainda queria compreender melhor o que era essa tal constelação. Comecei a assistir vídeos sobre constelação sistêmica no YouTube. Foi assim que conheci a Elza Carvalho, uma terapeuta cujo trabalho me tocou profundamente. Em 2018, decidi buscar alguém experiente para fazer uma constelação, mas não consegui encontrar informações sobre a possibilidade de realizar uma sessão à distância com a Elza.
Acabei encontrando outra terapeuta, que estava em evidência na época. Pensei comigo mesma: “Agora vou fazer isso do jeito certo.” Lembro-me claramente de que o valor da sessão foi significativo para mim naquele momento, mas resolvi investir, já que haveria um retorno depois de seis meses. A constelação durou cerca de 30 minutos, mas, ao final, ainda senti que não havia feito sentido para mim. Para minha decepção, o retorno prometido também não aconteceu.
Desistência
Foi aí que, após várias tentativas e desilusões, decidi que constelação familiar não era para mim. Parei de seguir Bert Hellinger e me afastei desse universo. Embora muitas coisas fizessem sentido na teoria, a prática simplesmente não estava funcionando para mim. A sensação era de que eu não conseguia acessar aquilo que outras pessoas pareciam experimentar com tanta intensidade.
Mais uma tentativa
Então, em 2020, algo mudou. Durante uma conversa com uma nova terapeuta, senti que era hora de tentar mais uma vez. Foi como se uma nova porta se abrisse para mim. Essa terapeuta conduziu a sessão de forma amorosa e cuidadosa. Havia uma clareza no trabalho dela, algo que me tocou profundamente. Ela colocava realmente o coração em tudo o que fazia, e isso fazia toda a diferença.
Pela primeira vez, senti que alguém estava traduzindo com clareza as informações do meu campo mórfico. A leveza com que ela conduziu o processo me ajudou a enxergar tantas coisas que estavam escondidas, além do véu da ilusão. Ela me explicou cada detalhe do que estava acontecendo, como se fosse uma aula, e eu saí daquela sessão me sentindo verdadeiramente esclarecida.
Concluindo
Olhar para trás me faz perceber que todas essas experiências foram necessárias para que eu entendesse a profundidade da constelação familiar. Acredito que precisei passar por esse caminho para compreender a importância da empatia e da conexão com o terapeuta. Talvez, nas minhas primeiras experiências, eu ainda não estivesse completamente pronta para mergulhar na dimensão que a constelação atinge.
Olhando para isso agora, vejo como é fácil desistir de algo quando não vemos sentido imediato ou quando as coisas não acontecem como imaginávamos. Mas, se nos permitirmos tentar de novo, podemos encontrar profissionais que realmente fazem tudo se encaixar de uma forma única para nós.
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É isso que eu gostaria de compartilhar com você: não desista de algo só porque as primeiras experiências não foram como esperava. Às vezes, precisamos de tempo para amadurecer, para estar prontos. E quando esse momento chega, podemos finalmente enxergar tudo com mais clareza e permitir que as mudanças aconteçam de verdade. A constelação familiar, quando conduzida com amor e compreensão, pode ser uma experiência transformadora. E, se você sente que há algo ali, mesmo que sutil, siga sua intuição e se permita explorar mais uma vez.
Espero que minha história tenha ajudado você de alguma forma a entender que, para cada um, o processo é único. E que, se estivermos abertos e conectados com o terapeuta certo, a experiência pode ser muito mais significativa do que imaginamos.