Com certeza, o maior ponto de expansão do meu espírito foi ser mãe. Disponibilizar o seu corpo para dar a oportunidade de um outro espírito morar nesse planeta é algo grandioso e foi muito desafiante para mim, além de muito incômodo. Vomitei muito, me senti esquisita e, na realidade, a experiência da gravidez não foi nada boa, mas quando a mágica acontece, e você pega aquele serzinho minúsculo no colo, o coloca para mamar e ele suga com muita força, porque quer viver, aí o milagre da vida se manifesta – e eu me derreti.
Cuidar, ficar 100% disponível, abrir mão de tudo e receber como pagamento um sorriso, a delícia de tocar aquele pezinho, são incontáveis momentos mágicos. É o exercício do verdadeiro amor incondicional, que tive o privilégio de desfrutar duas vezes. Um amor construído, aprendido.
No enterro da minha mãe, em 2015, o Bruno (meu filho mais velho) disse: “Mãe, eu sei que você teve uma relação absurdamente desafiante com a nonna, o que eu tenho a te dizer é que isso te fez uma grande mulher”. Eu retruquei: “Aprendi com você, meu filho. Meu coração duro, carente, sofrido, foi se abrindo como uma flor para o amor de mãe, um exercício diário, de aprendizado do amor.
Quando minha segunda filha nasceu, tive um distúrbio raro chamado Íleo metabólico. O intestino parou completamente de funcionar, deu pane. Nosso intestino é nosso cérebro emocional, e eu estava tão lotada de dor, sofrimento, confusão, tão perdida dentro de mim mesma, que morri. Tinha sido traída, primeiro por mim mesma, quando coloquei o outro acima de qualquer sentimento meu, entregando o meu poder pessoal a outra pessoa. Quando uma terceira pessoa entra em uma relação, é porque tem espaço, esse espaço é preenchido por outro de fora da relação.
O grande aprendizado foi treinar o perdão de mim mesma, pois a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Costumo dizer em consultório que se plantamos semente de banana, não adianta ajoelhar e pedir para nascer caqui, mas sei que Deus é misericordioso. Novamente, a vida fez um milagre em mim e me deu a oportunidade de reiniciar, então eu tive uma conversa com Deus e prometi que se eu pudesse criar aquela menininha linda que eu tinha ganho de presente, nunca mais permitiria que alguém me machucasse a ponto da vida não fazer mais sentido para mim.
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Foi um grande aprendizado, e é até hoje, preciso sempre me vigiar. Hoje, em 2018, estou nesse momento vivendo o desafio de soltar os meus passarinhos do ninho. Foram criados com excelência, se tornaram duas pessoas incríveis e agora vão realizar suas conquistas, na República Tcheca e em Miami. A mente sabe que é necessário para a evolução deles, mas o coração sente falta do prazer e do privilégio de conviver com duas pessoas incríveis que eu trouxe ao mundo.
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