E de repente, algo invisível começa a despertar as pessoas sobre o que a vida realmente é. Imprevisível e impermanente, não importa o quão tecnológico e quanto poder acreditemos que tenhamos como raça. Alguns relutaram a acreditar, riram e seguiram com suas vidas egoicas até que fosse inevitável sentir.
Das hipóteses conspiracionistas, das explicações das alterações eletromagnéticas, ou de um DNA alterado, já penso que sobre isso talvez nunca tenhamos certezas. A certeza que eu tenho é do chacoalhão que esse momento nos traz. Lembro-me daquele ditado “no veneno está o antídoto” e sinto que essa é uma grande possibilidade de elevarmos a vibração, nosso sentido e nosso propósito como humanidade e como seres humanos.
A ameaça de morrermos a qualquer momento sempre existiu, seja pela própria gripe H1N1 que já matou milhares de pessoas, seja aqui no Brasil pela dengue ou pela febre amarela. O fato é que, ao mobilizar o mundo todo, criando uma pandemia, o novo coronavírus mobiliza toda a mídia e altera completamente nossa rotina, fazendo com que sintamos efetivamente a fragilidade da vida.
Nesse momento, não importa que carro você tem, o fusca e a BMW estão ambos estacionados sem poder sair de casa. Não importa quanto dinheiro você tem, estamos de repente todos na mesma situação e não há dinheiro que compre a segurança e a garantia de que você não será o próximo. Quando mexemos tão profundamente em um sistema tão enraizado socialmente, podemos ter impactos inimagináveis.
De repente, as pessoas passaram a se preocupar umas com as outras, a cuidar umas das outras, pois de nada adianta eu estar bem se você não está. E ainda que inicialmente essas ações, em sua maioria, tenham sido tomadas por iniciativas extremamente egoístas, tenho certeza de que para milhares de pessoas essa atitude já deixou de ser pura e friamente pelo interesse próprio e começou a despertar um senso de coletividade, de que somos todos irmãos.
E assim, depois de alguns dias de pandemia, as pessoas começam a se voltar para o que realmente importa, deixar o mundano para trás. Um momento de isolamento físico mas também de isolamento mental do que está fora, do que talvez não tenha tanta prioridade como sempre demos, um momento que propicia um mergulho dentro de si mesmo.
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Como não dizer que apesar da dor e do sofrimento de muitos esse momento também não está criando seu próprio antídoto para o sofrimento geral da humanidade, tirando milhares do piloto automático, do sonambulismo da vida e despertando para viver a vida de uma forma com significado e propósito?