Autoconhecimento

Corpo-casa

Mulher negra de olhos fechados, se abraçando
AaronAmat / Getty Images / Canva
Escrito por Leandra Dib

Fico pensando em como iniciar essa conversa e sinto como se eu estivesse levando a palavra para passear. Escrever é isso, sair de mim e chegar até o outro e, a partir desse nosso encontro, estabelecermos um diálogo.

Diálogo verbal ou não, corporal sempre. Palavra abraça, afeta, chega aos olhos, aos ouvidos e enlaça todo corpo. Faço, aqui, uma referência a este corpo-casa e peço licença para adentrar este seu espaço, seu lugar de existência.

Sinta como se eu estivesse chegando com bolo quente e café coado há pouco e que, juntos, sentar-nos-emos ao redor da mesa posta, para que, assim, possamos conversar, prosear com versos, trazendo encanto e poesia aos nossos dias.

Antes de prosseguir, gostaria de fazer um convite a você: por um instante, aproxime-se da sua respiração, onde quer que você esteja, simplesmente sinta o ar entrando e depois saindo através de suas narinas. Você pode fazer isso de olhos abertos ou fechados, experimente!

Mulher japonesa com os olhos fechados e sorrindo
Art_photo / Canva

Esse movimento de entrada e saída do ar promovido pela respiração cumpre o mesmo papel de quando abrimos as janelas da casa, o que permite que os ares se renovem.

Sou capaz de perceber a diferença em seu semblante depois de ter realizado uma respiração consciente, levar a atenção para um gesto corriqueiro e automático pode fazer uma grande diferença na forma como nos sentimos e sei que, nesse momento, você já compreendeu isso também.

Eu conto agora a você porque me refiro ao corpo como casa. Casa, para mim, guarda a referência de um lugar de intimidade, onde eu posso me sentir à vontade e isso é o mesmo que dizer que casa é um lugar onde posso ser quem sou.

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Pensar no corpo com esse referencial todo é algo que, além de me trazer muita alegria, aproxima-me da sensação de liberdade. Livre de padrões, de imposições, de categorizações. Livre de ideais que não os meus próprios. Um caminho de retorno ao próprio lar!

Nem sempre foi assim e sei que teremos a oportunidade de dialogarmos sobre essas histórias que fizeram com que eu me aproximasse da pluralidade da palavra corpo. Corpos.

Meu intuito é que essas nossas conversas o auxiliem a encontrar conforto nessa sua casa, por isso estou aqui para auxiliá-lo nessa reforma.

Até breve!

Sobre o autor

Leandra Dib

Meu nome é Leandra e contar sobre mim é sempre uma oportunidade de reescrever a minha própria história, de trazer para o papel em forma de palavra aquilo que em meu corpo está registrado como memórias, lembranças, encontros, experiências.

Isso de alguma forma me conecta ao movimento que tanto aprecio. Movimento do corpo, movimento da vida.

Ao concluir a faculdade de fisioterapia o corpo tornou-se meu ‘campo’ de pesquisa. Cursei uma primeira especialização em Fisiologia do Exercício pela FM-USP. Tenho formação nos métodos de Reeducação Postural Global e Estruturação Postural Integrada, Reprogramação Músculo-Articular e Watsu (Water Shiatsu).

A dinâmica do corpo em movimento que evidencia um desejo posto em ação sempre me instigou, o que fez com que eu vivenciasse em meu corpo diferentes técnicas e passei a aliar isso ao que era proposto em terapia aos meus pacientes.

Percebia como eles estavam desconectados de seus corpos, lembrando que ele existia em função do desconforto que apresentavam, ou seja, a dor os fazia lembrar que tinham um corpo.

‘Ter um corpo’, como se fosse algo distante do que eram. Isso me chamava muito a atenção. Esse corpo de lamentações era o companheiro diário. Iniciei meu caminho em busca do ‘ser um corpo’ e não só ‘ter um corpo’.

Encontro nas práticas de yoga e meditação o meio para facilitar estes processos de (re)encontro comigo, e resolvo então buscar por uma formação em Hatha Yoga e Yogaterapia pela Humaniversidade Holística. Neste caminho me especializo em Yoga para Crianças pela Metodologia Yoga com histórias.

Estar presente neste corpo, neste lugar. Habitá-lo com tranquilidade e com prazer.

Foi quando me aproximei da educação e entrei em contato com a antroposofia, com os ensinamentos para a vida que nos deixaram Rudolf Steiner, Emmi Pikler, Maria Montessori, Paulo Freire.

Decido estudar sobre o começo da vida, sobre as infâncias, sobre o brincar como uma condição humana e as biografias despertaram meu interesse.

Uma costura de saberes de diferentes áreas do conhecimento que tanto dialogam entre si e que me possibilitam a especialização em Escutas antropológicas das infâncias - a vez e a voz das crianças.

Hoje atuo como professora de yoga e meditação, cuido de crianças e adultos que sintam o chamado de retorno a morada corporal.

Trabalho também com rodas de mulheres, onde abordamos temas relacionados ao feminino em nós, ressignificando a relação com nosso corpo e nossos ciclos.

Ofereço grupos de estudos e rodas de conversa sob a perspectiva do ‘cuidar de quem cuida’ um trabalho voltado para os educadores, pais e professores.

Contatos:
Email: leandra.vozdocorpo@gmail.com
Site: vozdocorpo.com
Instagram: @leandradib