Primeiramente vamos entender o verdadeiro significado das palavras para mergulhar na profundidade dos conceitos nos quais encontramos o lar do conhecimento, da consciência e da razão.
“Cognitivo” é uma expressão relacionada ao processo de aquisição de conhecimento. O processo cognitivo envolve diversos fatores e nuances dentro do conhecimento e das percepções por meio da arquitetura da mente. Falamos de memória primitiva, do inconsciente, do sobreinconsciente, do pré-consciente e do consciente. Pensamentos, linguagem, percepção, memória, raciocínio, entre muitos outros fatores, como comportamento, personalidade etc., que fazem parte do desenvolvimento intelectual. A experiência é parte relevante no desenvolvimento do cognitivo.
A inteligência é genética e é diferente de intelecto. O intelecto pode ser trabalhado e desenvolvido de acordo com o conhecimento adquirido e com a experiência. A inteligência é algo que possuímos com características muito próprias desde que nascemos. Uma pessoa de grande inteligência tende a ser um intelectual, e intelectual é quem tem e busca conhecimento em determinados temas.
Agora que sabemos o significado das palavras podemos nos aprofundar mais ainda nessa linha de conhecimento. Às vezes, ter noções mais corretas e fiéis de certas características e comportamentos ajuda os pais a lidar com os seus filhos de uma outra forma, entendendo algumas das problemáticas nos seus sentidos mais amplos e, ao mesmo tempo, compreendendo que o que parece nem sempre o é.
“Para educar alguém precisamos educar a nós mesmos”
Eu sempre digo que para educar alguém precisamos educar nós mesmos. Muitos pais educam os seus filhos de acordo com o próprio princípio, sem a busca de uma lógica e de um entendimento amplo sobre as razões do filho. Não nos esqueçamos de que, muitas vezes, os comportamentos dos nossos filhos são reflexos dos nossos próprios comportamentos, porque funcionamos muito como espelho e somos a base.
Uma criança rebelde não deixará de ser rebelde apenas porque a repreendemos. O progenitor ou quem estiver encarregado da sua educação deverá tentar entender o motivo da rebeldia e conseguir remediar de forma racional. É preciso desbravar o caminho para que a própria criança possa compreender e, por vontade própria, de acordo com o convencimento, tentar mudar o seu comportamento.
Uma criança inteligente, de alto QI, tem o cognitivo mais desenvolvido que muitas outras crianças do seu ciclo, diferenciando-se, desse modo, do comportamento natural das demais e, por causa disso, se sentindo incompreendida. Observamos muitas vezes que este tipo de criança é quase um camaleão, mesmo que inconscientemente. Ela se adapta quase instantaneamente ao local e à pessoa com quem se encontra, de forma a se integrar. Consegue ser criança, mas também ser mais adulta, caso a ocasião assim o peça. Mudam os assuntos, a forma de estar e de se comportar, a forma de falar e de ocupar o espaço. Não deixa de ser também uma manipulação constante e da qual elas não têm verdadeira consciência.
Uma criança com um cognitivo avançado devido à sua alta inteligência, numa idade em que não tem experiência ainda para ter consciência do seu comportamento, vive uma dualidade: experiência vs inteligência, com o cognitivo baseado nesta inteligência. Portanto o seu comportamento pode ser entendido de uma forma diferente e, assim, o adulto não saberá lidar com essa educação.
Crianças inteligentes tendem a mentir, mas também não podemos confundir a mentira crua com manipulação. A mentira (ou mentirinha) pode ser uma forma de manipular para conquistar de forma inteligente. Nessa situação, os adultos têm a capacidade de distinguir, pois a criança ainda não tem a experiência necessária para que possa fazer uma melhor manipulação, na qual cairemos. Mentir não é necessariamente um padrão de comportamento mau.
A mentira faz parte do mundo infantil por causa da fantasia e do pensamento mágico.
Usar a inteligência para mentir, manipulando os que a amam para obter o resultado final a seu favor, é completamente natural. Deve existir, contudo, alguém que identifique os excessos e saiba delimitar, cortar e impor limites para proteger essa criança de si mesma.
Comportamento rebelde pode ser um aviso de uma falta que precisa ser suprida. A rebeldia é o resultado da independência programada da criança, até mesmo como resposta de querer ser como o adulto e acreditar que esse posicionamento o iguala.
Ser inteligente não significa que a criança não precise de ser guiada, amada e educada.
Não devemos acreditar que, se a criança é inteligente, o tempo junto, aliado à sua inteligência, a fará se autoeducar ou que ela, sozinha, encontrará uma forma de ter um bom futuro. Traumas ou má educação na infância se refletem nos problemas dessa criança quando ela se tornar adulta.
Se queremos o melhor para os nossos filhos ou para os nossos educandos, devemos ter inteligência para saber lidar com eles e ajudá-los para que possam ser adultos plenos e grandes profissionais. Ter o resultado que pretendemos começa a partir da educação dada desde a infância.
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A inteligência pode, sim, ser responsável pela autoeducação e pela percepção do que é melhor para si, mas nunca sem supervisão e limites impostos. A criança tem que sentir que o mundo não gira em torno dela, que há mais para além da sua existência e que para cada escolha ou ato há uma consequência. Ensina a saber lidar com as perdas e com os ganhos. Saber dosar a excitação e a frustração é um dos principais papéis dos pais. O adulto, ao educar, não deve se deixar cegar. A inteligência emocional é uma presença constante entre pais e filhos, para o bem e para o mal, mas muitas vezes os pais não enxergam verdadeiramente as situações que têm perante si. O emocional pode atrapalhar, com toda a certeza, e às vezes é preciso criar um pouco de distância para compreender as problemáticas. Temos que contribuir para que o seu futuro seja bom e recheado de muitas conquistas vinculadas ao uso pleno da sua inteligência e das suas capacidades.