Autoconhecimento

E o que criatividade tem a ver com espiritualidade e autoconhecimento?

Pincéis com tintas diversas.
delcreations / 123rf
Escrito por Dulcineia Santos

Que nome você dá para aquele Ser para quem você ora à noite? Muitas pessoas o chamam de Criador. Por aí você já começa a entender a ligação com a “criatividade”. Para ser criativo você precisa estar aberto para receber “insights”, inspirações que vêm de uma parte de você que não está ocupada demais com as atividades do dia-a-dia.

Uma das razões da divindade da criatividade é que ela coloca você mais perto do seu lado criança. E quando você era criança você estava mais próximo da sua essência, ou seja, menos contaminado por experiências que te moldaram, por crenças, por condicionamentos, por aquilo que outras pessoas esperam de você. Exercer a sua criatividade é uma maneira de se conectar com o seu lado mais puro.

Mas nem todos nós tivemos a oportunidade ou fomos estimulados a exercer este lado quando crianças, e por isso acabamos crendo que não somos criativos. Confundimos não saber uma determinada coisa (como pintar ou desenhar) com falta de criatividade. Mas a criatividade é algo inerente ao ser humano, como o é a bondade, por exemplo. Está lá, você só precisa dar um espaço para que ela apareça. Você pode não saber pintar, mas sabe escrever, ou é um bom marceneiro, e ainda não se deu conta que isto exige criatividade e um dom que poucas pessoas têm.

Em sânscrito há a palavra “shakti”. Deepak Chopra descreve-a como sendo “energia de vida que pode expressar-se nas formas física, emocional, cura, intelectual, transformativa ou criativa.” Ele afirma que quando nos sentimos desanimados (ou quando procrastinamos, por exemplo), precisamos sentir qual é o tipo de energia que está vindo através de nós, e então usá-la.

Xícara de café branca com colher de metal dentro, cubos de açúcar ao redor.
Stas Knop / Pexels

Ou seja, você talvez não esteja fisicamente disposto, mas existe uma energia criativa pronta para ser usada, e aquele é o momento de fazê-lo.

Me lembro de um namorado que tinha dois filhos que vinham nos visitar às vezes. Não tínhamos TV em casa. A primeira vez que ele me disse: “Eles não estão autorizados a usar o ipad”, me levou a retrucar: “Mas a casa é muito pequena! Eles não têm espaço pra brincar!” Ele disse: “Dê-lhes dez minutos e eles vão arrumar algo para fazer.” Assim, assisti a criatividade deles nascer várias vezes: uma caixa de fósforo virar um carrinho, crescer o interesse por um inseto na sala.

Conosco é a mesma coisa: tudo o que precisamos fazer é dar um pouco de espaço para a criatividade, e ela aparece. Se todas as vezes que você tiver cinco minutos vier a correr para o seu telefone,será difícil receber alguma inspiração, pensar em algo em que você ainda não tenha pensado. Se todas as vezes em que você se sentir cansado correr para a Netflix, estará recebendo algo pronto, que um criativo concebeu, quando você mesmo poderia estar criando algo.

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Dê à sua mente dez minutos para ser criativa! Faça uma caminhada e volte com uma nova ideia na cabeça, ou sente-se com um papel na mão e comece a rabiscar. Pegue um caderno e comece a escrever tudo que está na sua mente, independente de fazer sentido ou não. Em alguns minutos você verá que os pensamentos começam a brotar, e você encontra soluções onde só existiam problemas.

Uma outra coisa que nos impede de ser criativos é a busca pela perfeição. Você faz um bolo ou um desenho, e se não sai perfeito já desiste ou se frustra.

A Julia Cameron, no livro “The Artists Way” (O Caminho do Artista) fala sobre esta questão, e o quanto a necessidade só existe no mundo das ideias. A partir do momento que esta ideia se materializa, ela deixa de ser perfeita, já que no mundo em que vivemos isto não é possível.

Lápis de cores diversas.
Jess Bailey / Unsplash

Então apenas faça. Faça pelo prazer de fazer, de realizar algo. Faça pelo prazer de ter um tempo consigo mesmo em que tudo é permitido, ou pela vontade de ser criança de novo. Faça para dar vazão àquela inquietação que você não sabe de onde vem; para se conhecer melhor. Não importa, vale mesmo que você use a sua criatividade para ser divino.

Sobre o autor

Dulcineia Santos

Dulcinéia Santos é consultora de desenvolvimento para a maturidade, praticante certificada da ferramenta MBTI® de tipos psicológicos e coach. É também autora do livro “A Namorada do Dom”, em que conta as lições que aprendeu nos relacionamentos e na sua jornada até a Suíça.

Acredita que a vida é cheia de lições e que se não as aprendemos não passamos pro próximo nível do jogo. Saiu de casa cedo e foi morar no mundo – agora está na Suíça, onde estudou antroposofia por três anos. Gosta de tomar cerveja no boteco enquanto papeia, de aconselhar, da língua portuguesa, de cozinhar, de ficar só e de flexibilidade de horários. É esotérica, mas acha que estamos encarnados para viver as experiências terrenas com o pé no chão – de preferência dançando.

Formações:

Bacharel em línguas aplicadas

Brain Based Coaching Certification
NeuroLeadership Group – Londres

MBTI® – Myers-Briggs Type Indicator – Step I and Step II
Myers-Briggs Foundation – Florida, USA

Antroposofia
Goetheanum – Dornach, Suíça

Terapia Multidimensional
Genebra – Suíça

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