Em 1987, o filme “Innerspace”, traduzido como “Viagem Insólita” através de Tuck Pendleton (Dennis Quaid), um piloto de teste da Marinha, se ofereceu para uma experiência médica altamente perigosa: um submarino com Tuck no comando foi encolhido até o tamanho molecular, para ser inserido no corpo de um coelho vivo, mas na verdade enquanto Tuck e o submarino estavam miniaturizados acabaram sendo injetados no corpo de Jack Putter (Martin Short), um amável balconista hipocondríaco.
A partir daí se inicia uma viagem incrível pelo interior do corpo humano onde grandes sensações e descobertas se renovam a cada respiro, nos rios estreitos e tortuosos do fluxo do sangue, no funcionamento dos órgãos, no emaranhado das cadeias de neurônios, na elasticidade da musculatura, no movimento de cada célula que gera a possibilidade de recriar a criação.
Mais tarde, em um outro corpo, desta vez em um útero feminino, células compassadas se dividem e se multiplicam originando um movimento mágico da criação. Vida que nasce e cresce embalada pelo ritmo mais ancestral de que temos conhecimento, “tum, tum, tum”, o ritmo de um coração que está presente em todos, sem exceção. Som este que ecoa durante meses nas águas serenas do ventre materno onde a dança da vida começa.
Assim a relação do ser humano com a dança é muito mais profunda e antiga do que se possa imaginar.
“Quando somos crianças necessitamos mover-nos porque movendo-nos expressamos nossa vontade de comer, rir, de chorar ou de brincar” (Maria Fux). Todo o movimento é natural e intenso, movido pelas necessidades e desejos autênticos. Não há contaminação de valores ou tabus sociais.
Durante nosso processo de crescimento e socialização vamos ignorando nossa necessidade de expressão corporal, deixando adormecido o movimento natural e o desejo de mobilização, que vai sendo substituído por outros recursos que nos vão afastando cada vez mais de nossa criança e de nossa origem.
A Dançaterapia na metodologia Maria Fux, nos devolve através de seus estímulos a capacidade de despertar a criança que vive em nós, ou melhor, devolve nossa capacidade de comunicação com o nosso corpo de forma simples e profunda, é um reencontro com o movimento verdadeiro que transforma o corpo em um instrumento de reapropriação de si mesmo, descartando a energia acumulada por tantos “não” impostos no decorrer da vida.
Nesse processo de retomada, obedecendo ao tempo e ritmo individual, a Dançaterapia produz mudanças de dentro para fora que começam a dissolver esses “Nãos”, produzindo movimentos criativos e transformadores que se projetam além da dança, é assim que a Dança se transforma em Terapia… Mudança para melhor!
Tudo o que somos, sentimos ou experimentamos pode ser dançado:
O nascimento, o crescimento, a natureza, a vida, o espaço, as imagens, os limites, expectativas, sentimentos, o que fortalece o caminho da Dançaterapia como o limiar de uma nova oportunidade.
Os adultos normalmente vêm de vidas sedentárias, com rígidos preconceitos, com problemas e limitações de toda a natureza, com lembranças de uma juventude passada que gostariam de retomar e inconscientes da criança que ainda os habita.
A “magia” da Dançaterapia está em oferecer a este adulto a possibilidade de acordar de um estado de descrença e isolamento para a consciência e aceitação de um corpo que, embora maduro, ainda sente que responde, e que se vê estimulado por movimentos que descobrem a energia criadora que reside em si mesmo, abandonando a angústia gerada pelo avançar dos anos e desenvolvendo a alegria de voltar simplesmente a “Ser”.
Por que comparar a Dançaterapia a uma viagem “insólita”?
Porque ela é incomum, na medida em que oferece meios para que cada um conheça diferentes rotas do mundo interior… Cada um é seu próprio guia… Cada um decide o seu tempo de partida e onde, quando e como quer chegar…
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Porém, de forma saudável e de bem com a vida.
Silvana Jara Faciole
Dançaterapeuta
Centro Internacional de Dançaterapia Maria Fux