Antes de ler este artigo, por favor, dê uma pausa de 40 segundos.
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O que é mais incômodo? Contar e aguardar os 40 segundos para continuar a leitura ou saber que a cada 40 segundos ocorre um suicídio no mundo?
Conforme citação de Hannah Arendt: “Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história”. Convido a todos para uma reflexão, já cantada por Renato Russo: Quantas histórias deixaram de ser contadas, pois gritos de dor foram sufocados? Temores que nasceram do cansaço e da solidão?
O mundo que habitamos é a totalidade das histórias de todas as pessoas, de todas as crenças, culturas e gerações – inclusive as memórias que não foram contadas. E cada um de nós colabora (bem ou mal) para o mundo ser percebido como está hoje.
Por isso, precisamos falar incansavelmente sobre depressão e o quanto ela afeta a todos. Toda vida é digna de ser vivida e toda história é digna de ser contada. Penso que seja nosso dever moral acolhermos uns aos outros.
Sinto-me responsável pelo mundo em que vivo, pois faço parte da grande teia da vida. Simplesmente não consigo ficar de braços cruzados enquanto ficamos ouvindo aumento de estatísticas sobre depressão.
Se nós, adultos, estamos vivenciando constantes conflitos internos, presos aos nossos dramas emocionais, imagine nossos jovens sem experiência e sem um porto seguro onde buscar refúgio.
Se não me sinto contente, o que está incorreto? Muitas vezes é doloroso demais olhar para isso – para sair do ciclo de pensamentos negativos, precisamos de abertura do coração e aceitação de que não podemos fazer isso sozinhos. Precisamos de ajuda e mais do que isso precisamos oferecer ajuda.
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As feridas que carregamos são profundas, e nossas expectativas elevadas – e se não forem preenchidas os sentimentos ficam acumulados. Acúmulo é nocivo para a saúde física, mental e emocional.
A depressão é um desequilíbrio sutil que pode se manifestar de maneira silenciosa e que gradativamente vai esvaziando, afetando os sentimentos vitais do indivíduo. Uma ferida sutil, mas agressiva. Que consome o que não se pode descrever, apenas sentir o quanto é dolorosa. A dor de deixar de existir para si e para o mundo.
Viktor Frankl foi médico psiquiatra e sobrevivente dos campos de concentração em Auschwitz. Fundador da escola da logoterapia e autor de muitos livros, traduzidos para mais de 30 países. Quando questionado sobre o sucesso de seu livro “Em busca de sentido”, Frankl nos diz: “Em primeiro lugar, vejo no status de best-seller do meu livro não tanto uma conquista e realização de minha parte mas uma expressão da miséria nos nossos tempos: se centenas de milhares de pessoas procuram um livro cujo título promete abordar o problema do sentido da vida, deve ser uma questão que as está consumindo por dentro”.
Encontramos o sentido de viver em várias atividades, ocasiões, sentimentos e olhares. Ele caminha com a felicidade – aquela relacionada ao estado de espírito; sentir-se em harmonia consigo, com o meio, com a natureza e com Deus.
A solidariedade é importante quando falamos em sentido para viver. É amiga de longa data da felicidade e do sentido da vida.
Encontrar felicidade e sentido para a vida é considerado “buscar”, creio que solidariedade é inata para todos nós. Mas precisamos cultivá-la por meio de exemplos para que se desenvolva plenamente. Considero também como habilidade indispensável para o aprimoramento de caráter, por isso é tão importante ensiná-la aos mais jovens.
Ações solidárias ajudam no entendimento que faz parte do crescimento, sentir dor, fracasso, tristeza… e superar tudo isso. Fomos criados para sermos criadores e protagonistas. Protagonistas de nossa vida, de nossa sociedade e facilitadores na formação do protagonismo dos jovens.
Todos queremos sentir que somos importantes para alguém. Vamos olhar para quem pede por ajuda. Mesmo que esse alguém não diga, sejamos pacientes e receptivos para perceber o que está escondido atrás de um sorriso.
Ajude. Ouça uma história que pede para ser ouvida. Vale uma vida.