Infelizmente, mesmo com o avanço de questões como feminismo e preconceito, as mulheres ainda enfrentam um tabu: o fato de optarem por não ter filhos. Se essa é sua escolha, provavelmente você já teve que responder inúmeras questões sobre o assunto e já teve que enfrentar muitas caras feias. Arrisco-me até a dizer que alguma pessoa te disse que isso é ir contra a natureza da mulher ou até que você estaria negando uma dádiva de Deus.
Não precisamos nos forçar a ter filhos apenas para agradar os parentes ou para não aguentar olhos de reprovação da sociedade.
Ok, a maternidade é bela e pode ser mágica para muitas mulheres, mas ela não é uma regra, muito menos uma imposição para todas do sexo feminino. Da mesma forma que escolhemos qual profissão seguir ou com quem iremos nos relacionar, também podemos escolher se queremos ter filhos ou não e até mesmo em qual período isso será feito. A sequência natural das coisas de se apaixonar, manter-se virgem até o casamento, casar, se entregar ao marido e logo em seguida constituir família emendando gravidez atrás de gravidez já ficou na época de nossas avós.
Isso porque, contrariando o que muitos dizem, a maternidade não é uma coisa natural para todas as mulheres. Assim como escolhemos sapatos de salto alto ou tênis velhos para calçarmos todos os dias, existem mulheres que se sentem à vontade e sonham com a ideia da maternidade e outras que simplesmente não conseguem se ver nesta situação. Isso se dá por motivos inúmeros, que vão desde a maturidade para educar alguém, passando pela insegurança das mudanças no corpo e chegando até à falta de condições financeiras e a familiaridade para lidar com crianças.
Aliás, vamos ser bem sinceros e combinar que se a maioria das mulheres pensasse bem antes de colocar um filho no mundo, muito do mundo estaria diferente. Afinal, colocar o filho no mundo é apenas uma das parcelas mais fáceis; o que realmente é difícil é o que começa logo em seguida: educar, se doar, amar, cuidar. Ter um filho pode ser lindo nas fotos e nos relatos das amigas e parentes, mas existe uma outra parte nada glamorosa e bem desgastante que as pessoas só costumam contar por meio de sussurros e entre dentes.
Ter um filho significa fazer nascer uma mãe dentro de você, significa renunciar às suas vontades e vaidades e estar completamente disposta a servir um serzinho que viveu dentro de você, mas que é um completo desconhecido.Um bebê suga muito e pouco dá em troca. É um amor que precisa ser construído dia após dia e exige uma estabilidade emocional que nem todos têm. Quantos pais você conhece que largaram os filhos pouco depois do nascimento? Isso geralmente acontece porque esses homens não nasceram para a paternidade, coisa que não acontece com a mulher, porque mesmo que ela não tenha nascido para ser mãe, precisa ficar ali cuidando, alimentando e ninando aquele bebê.
E é aí que tem início grande parte dos casos de depressão pós-parto. É uma doença psíquica que exige cuidado médico e acompanhamento constante, e que causa situações brandas mas também casos gravíssimos que levam ao suicídio e até ao homicídio do bebê. A depressão pós-parto pode acometer qualquer mulher, mesmo aquelas que sempre sonharam com a maternidade e com um colo para aconchegar um bebê. Mas será que os casos em que a maternidade foi imposta ou apenas uma consequência natural não apresentam mais riscos? Obviamente, a depressão pós-parto é uma doença curável e que pode ter resultados eficazes e rápidos se tratada corretamente, mas costuma ser extremamente desgastante até que se reconheça.
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É preciso ter o real conhecimento de suas vontades, de seus sonhos e objetivos de vida. É preciso aceitar que não é porque você nasceu mulher e que tem o dom de dar vida a outra pessoa que isso está escrito no seu destino. Respeite seu corpo e respeite a si mesma. Respeite a vida que pode nascer de você e saiba que uma mãe, principalmente de primeira viagem, é também passível de erros, tristezas e depressões. A maternidade pode ser bela, mas como qualquer situação extrema e que envolve relacionamento, tem também seus baixos, que podem ser muito mais profundos que os altos.
Não se sinta culpada, nem sozinha. A depressão pós-parto é muito mais comum do que se pensa e as dificuldades que você sente foram sentidas pela maioria das mulheres. O que elas precisam é parar de sussurrar e ter a coragem de gritar aos quatro cantos que o fato de sentirem dificuldade ou tristeza é bem diferente de não amarem seus bebês. Respeite suas vontades, aceite seus humores, peça ajuda com suas dificuldades. Isso sim é ser uma mulher de verdade. Ser humana é natural.