Um antigo andarilho da Galileia, um certo dia, falou das crianças como um exemplo de perfeição a ser seguido. Desde muito pequeno ouço essa história e confesso que demorou muito para conseguir encontrar a lógica de tal afirmação.
O que existe de tão especial assim nas crianças? A inocência? Seria isso suficiente para credenciar alguém para entrar no Reino dos Céus?
A resposta para essas indagações surgiram como um insight que irei compartilhar com vocês.
Fazendo um estudo sobre o preconceito, percebi que todo ser humano é preconceituoso, pois temos conceitos pré-estabelecidos para tudo. Se formos apresentados a um médico, uma postura e uma condição de respeito já surgem de forma automática, pois o conceito está pronto dentro da gente. “Estamos diante de um doutor, alguém que estudou muito e pode curar as pessoas”, é inevitável conter a admiração.
De outra forma, diante de um delegado de polícia, a maneira de nos comportarmos será completamente diferente, pois existem outros componentes emocionais determinando nossas reações, é comum nos sentirmos constrangidos e muitas vezes nos tornarmos apreensivos, assim por diante.
Para a criança não existe isso, a criança não tem conceitos prontos, ou seja, a criança não é preconceituosa, não exalta nem teme aqueles que se aproximam dela, se envolve com todos da mesma forma, sem elaborar distinções, sem classificar, julgar ou segregar ninguém de pronto, não é interesseira e nem irá prejulgar ninguém, quer apenas agregar.
Infelizmente não somos mais crianças, seguimos uma programação de crenças e valores que conspira contra o nosso bem estar, tratamos o outro de acordo com as nossas convicções e, com isso, passamos a viver de forma gregária e tribal, procurando apenas a companhia daqueles que se afinam conosco. Aprendemos, a partir da influência do meio, a nos afastarmos daqueles que não se ajustam aos nossos padrões internos e passamos a julgar o comportamento do outro de forma automática. Deixamos de ser criança e nos tornamos androides programados.
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O Galileu estava certo e demorei muito para compreendê-lo, percebi que a única forma de se libertar dessa condição é despertando a criança interior, olhar o mundo com a mesma leveza de um menino e voltar a brincar. A criança não está em guerra contra o mundo, não quer administrar, controlar, mudar ou combater nada, quer apenas testemunhar o mundo que a conduz, como uma folha que cai da árvore e é conduzida pelo riacho.
Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” Mateus 18:3