A Doutrina Espírita é uma doutrina eminentemente deísta, e os Espíritos Superiores responsáveis pela implantação do Consolador prometido por Nosso Senhor Jesus Cristo definem Deus em resposta ao questionamento de Allan Kardec:
– O que é Deus?
– Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. (1)
A inteligência é, portanto, um dos atributos divinos, na perfeição máxima, e como criaturas divinas, espíritos que somos, também possuímos o mesmo atributo, conforme resposta dos Benfeitores Espirituais:
– O que é o Espírito?
– Espírito é o princípio inteligente do universo. (2)
E acrescentam que:
– A inteligência e a matéria são independentes, uma vez que um corpo pode viver sem inteligência. Porém, a inteligência só pode manifestar-se por meio dos órgãos materiais. É preciso a união com o Espírito para prover de inteligência a matéria animalizada. (3)
Como em tudo o que envolve o Ser Humano, a Inteligência também tem sido objeto de estudos, e o século XX foi fecundo nesse sentido. Alfred Binet e Théodore Simon desenvolveram as escalas que ficariam conhecidas como escalas de Binet-Simon, para medir a inteligência de crianças, nas quais introduziu o conceito de idade mental.
Dessas escalas resultaram os Testes de QI – Quociente de Inteligência, que acabaram por alcançar também os adultos, e que se notabilizou por identificar indivíduos com alta performance intelectual. Ter um QI acima da média era quase um indicativo de sucesso na vida. Porém, todos sabemos que inteligência e moralidade nem sempre andam juntas, assim como sabemos que nem sempre o indivíduo portador de um QI elevado se comporta adequadamente diante das mais diversas condições e situações humanas. Falta-lhe algo mais.
Esse algo mais é a capacidade de gerenciar suas emoções, e também lidar com emoções alheias. Na segunda metade do século XX intensificaram-se os estudos e as pesquisas a respeito das emoções humanas, que resultaram em um novo quociente, o Quociente Emocional, ou simplesmente QE, que se refere ao uso inteligente das emoções, e que foi popularizado pelo livro ‘Inteligência Emocional’, escrito por Daniel Goleman.
Se o QI indica capacidade intelectual, o QE indica a capacidade de gerenciar emoções, porque estas impactam diretamente no corpo físico, fortalecendo-o ou deteriorando-o, conforme constatado por meio dos resultados das muitas pesquisas e testes a respeito.
Assim, não basta ser inteligente, é preciso saber se comportar emocionalmente, porque a forma com que lidamos com nossas emoções também impacta em nossas relações sociais. Uma explosão emocional produz muitos estragos e deixa marcas difíceis de serem apagadas.
De acordo com os estudos de Binet é possível desenvolver o QI, assim como desenvolver o QE também o é, conforme asseverou Goleman. A Doutrina Espírita facilita essa tarefa indicando a melhor maneira.
Uma explosão emocional produz muitos estragos e deixa marcas difíceis de serem apagadas.
“Aquele que, a cada noite, se lembrasse de todas as suas ações do dia e se perguntasse o que fez de bom ou de mau, orando a Deus e ao seu anjo da guarda para esclarecê-lo, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar porque (grifo nosso), acreditai em mim, Deus o assistiria.”
O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do melhoramento individual. (4)
Na reflexão e condicionamento pessoal é que se consegue o controle emocional, assim como pelo estudo se chega ao conhecimento, evidentemente dentro dos limites propostos pela vida para o estágio evolutivo de cada espírito, mas como não conhecemos esse limite, o melhor a fazer é procurá-lo constantemente.
Reflexão íntima é característica de um outro tipo de inteligência: a Inteligência Espiritual, ou Quociente Espiritual, QS em inglês, que foi introduzida no panorama humano na virada do milênio por Danah Zohar e seu marido, Ian Marshall.
O conceito básico do QS apresentado no livro ‘QS Inteligência Espiritual’ é o de como nos sentimos em relação à vida e aos outros. É a busca pelo sentir-se bem, ética e moralmente; é a busca pela essência da nossa natureza humana, no esforço para o enfrentamento da vida, assim como para desenvolver sentimentos positivos e ativos em relação ao outro.
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O objetivo da vida física nos é dado pelos Espíritos Superiores. A Lei de Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição. (5)
Por perfeição, entenda-se o desenvolvimento máximo, enquanto criatura, dos atributos que Deus, na Sua infinita inteligência destinou ao Homem, e se assim Ele o fez, é porque não só é o melhor como será conseguido por todos em mais ou menos tempo, de acordo com o esforço de cada um.
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QI, QE e QS e seus postulados também são assuntos tratados pela Doutrina Espírita, e não poderia ser diferente, afinal, o Senhor Jesus prenunciou que ela falaria sobre todas as coisas, e nos faria lembrar das coisas que Ele havia dito (6).
Eis mais um motivo para estudá-la.
Pensemos nisso.
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Referências:
(1) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 1;
(2) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 23;
(3) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 71;
(4) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 919 a;
(5) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 132;
(6) João 14:26.