Um professor de filosofia entrou à sala de aula e perguntou aos seus alunos:
– Quem sabe que dia é hoje?
Depois de um breve silêncio, os alunos começaram a falar:
– Hoje é o dia do matemático, professor!
– Hoje é o dia do soldado… É o dia do médico… É o dia do advogado…
Outros, ainda, insistiram:
– É o dia do índio, professor!
– É o dia do aviador… É o dia da árvore… É o dia das crianças… É o dia do socorrista…
Depois de um enorme barulho, todos falavam ao mesmo tempo, o professor pediu silêncio e depois que foi atendido, disse solenemente:
– Hoje, meus queridos alunos, é o dia do filósofo!
Um aluno que estava sentado na última cadeira, no fundão da sala, que ainda não tinha falado, pediu a palavra e disse:
– “Então, morra”…
Todos ficaram espantados com a resposta daquele aluno e esperavam que o professor fizesse alguma coisa, tomasse uma providência.
Alguns começaram a falar mal, exaltados, dizendo que aquilo era uma falta de respeito. Que aquilo não poderia ficar assim…
Depois de ouvir atentamente a todos e dirigindo-se ao aluno que iniciara todo aquele debate, o professor lhe perguntou:
– O que é a morte para você?
– Para mim, professor, a morte é ficar sem filosofar.
– Que bela resposta, meu caro! Você está certíssimo. No entanto, Pitágoras já dizia:
“A vida sem ciência é uma espécie de morte”.
– Quem foi Pitágoras, professor? – Indagou outro aluno.
– Pitágoras foi um importante filósofo e matemático da antiguidade. Atribui-se a ele a criação da palavra filosofia. Um dia, uma pessoa o chamou de sábio e ele disse que preferiria ser chamado apenas de filósofo.
– O meu professor de filosofia do ano passado disse que foi Sócrates que criou a filosofia!
– Não, caríssimo aluno! Sócrates é considerado o pai da filosofia. Antes dele existiram muitos e importantes filósofos. A grande sacada dele foi trazer a filosofia para dentro do ser humano.
– Sim, professor, a famosa frase dele:
“Conhece-te a ti mesmo”.
– Isso mesmo! Sócrates queria que nós nos conhecêssemos primeiro, para depois conhecer o outro e até mesmo conhecer a Deus. Não se conhece o outro caso não se conhece a si mesmo!
Como em qualquer disputa, ou em uma discussão, o que está em ação não é o desejo pela verdade, mas o desejo pelo poder, o professor continuou indagando:
– O que é a vida para vocês? Morte e vida são as mesmas coisas?
– “A vida é uma merda, professor, mas vale a pena ser vivida”.
– “A vida é tão bela, professor, que até mesmo para a gente dizer que ela não presta é preciso estar vivo”.
– Eu só posso dizer a vocês, meus amados alunos, nesse dia especial, dia do filósofo, que a um homem bom não é possível que ocorra nenhum mal, nem em vida, nem em morte.
E como nem todo ser humano é um ser especialmente nobre, alguns começaram a indagar:
– Qual a importância da filosofia? Ganha-se dinheiro com a filosofia? Para que serve a filosofia? Filosofar traz felicidade ou dor de cabeça? Todo filósofo é ateu?
Assim, todos começaram a fazer perguntas, alguns agarrados nas próprias convicções, mesmo aqueles que diziam não gostar de filosofia começaram a filosofar.
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O professor vendo, ouvindo e compreendendo tudo o que se passava ali, recitou Nietzsche:
“Os modos de vida inspiram as maneiras de pensar e os modos de pensar criam maneiras de viver”.
E terminou a aula dizendo:
– O filósofo é aquele que aprende coisas novas em todos os dias. É muito bom ser filósofo. Obrigado a todos!