No dia 21 de janeiro se comemora o dia internacional da Religião, com o intuito de promover a tolerância, o respeito e diálogo entre diversas denominações religiosas existentes no mundo, em um clima de verdadeira fraternidade ecumênica.
A comemoração foi sugerida em 1949, pela comunidade Bahá’i. A religião foi fundada em 1844 no Irã e não possui dogmas, rituais, clero ou sacerdócio. Seu fundador, Bahá’u’lláh, queria que as religiões se unissem em uma convivência pacífica, respeitando-se as diferentes crenças e dogmas.
Atualmente vemos um recrudescimento à intolerância. Mais do que defender essa ou aquela religião, esta data deve servir para incentivar o exercício da tolerância com aquilo que é “diferente” ou considerado por vezes “exótico” segundo os padrões que fomos criados.
A data também deve despertar o convívio com aqueles em que nada acreditam. Pois o ateísmo não é ser “contra” as religiões (embora alguns ateus costumem criticá-las de forma agressiva) ou, como muitos dizem: “ateus acreditam que não acreditam em nada”. Ser ateu é simplesmente não ter fé em qualquer ser superior (ou seres superiores) ou ainda filosoficamente argumentarem que não existem provas que demonstrem a existência da divindade (ou divindades).
“A religião está presente na história da humanidade desde os seus primórdios”
Na pré-história, os seres humanos já manifestavam a crença em seres ou fenômenos superiores a eles. Os elementos da natureza eram divinizados e depois surge o politeísmo, onde estes elementos começam a ser personificados com qualidades cada vez mais humanas. Basta lembrarmos dos antigos deuses gregos e romanos, que tinham características bem humanas como ciúme, inveja, ganância, etc.
Com a confusa proliferação de deuses e deusas, finalmente vem à luz o conceito de um único ser supremo, cuja máxima expressão foi o Judaísmo. Também é notável que tenha surgido na História Antiga o conceito de única divindade entre os egípcios, por um breve momento durante o reinado de Akhenaton.
A palavra “religião” vem do latim “religare”, significando “ligar de novo”. Isto evoca o que seria a função da religião: o ser humano distanciou-se daquilo que é divino e necessita ser religado à sua verdadeira origem. Assim, a religião eleva o que é meramente humano, transcendendo suas limitações.
Tomando esta definição e analisando seu objetivo principal, temos que forçosamente admitir que em um mundo habitado por seres de diferentes costumes e hábitos, não é possível falar em uma religião “verdadeira” e outra “falsa”. Por exemplo, em uma cultura que valoriza os costumes tribais, cultivados por várias gerações ao longo do tempo, seria uma violência dizer que estes costumes e crenças não são válidos, levando em conta a ótica de um cidadão que vive em uma sociedade tecnológica, individualista e de consumo.
“A palavra religião vem do latim religare, significando ligar de novo. Isto evoca o que seria a função da religião: o ser humano distanciou-se daquilo que é divino e necessita ser religado à sua verdadeira origem”
De fato, notamos que atualmente as pessoas passam por um tempo de crise de valores, de ética e de profundo descontentamento. A vida parece perder o sentido e muitos se aferram àquilo que lhes traga conforto a qualquer custo. Por isto vemos muitos seguidores “fanáticos”, que a qualquer indagação ou questionamento partem para o ataque (verbal ou até mesmo físico).
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Isto porque se encontram muito fragilizados e esperam que outra pessoa ou religião lhes traga o conforto de que tanto necessitam, sem esforço, sem trabalhar para conquistar esta paz interior, em uma espécie de pensamento mágico.
Devemos aproveitar esta data para refletirmos sobre o que é, na verdade, o conceito de convivência pacífica, de respeito e valorização do ser humano. Somente ultrapassando as divergências, podemos estabelecer o principal objetivo comum às religiões: a verdadeira Paz entre os seres humanos. E esta é a verdadeira religação com o nosso divino ser interior.