O Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo é comemorado no dia 18 de fevereiro. Esta data foi instituída para conscientizar e alertar os brasileiros sobre o consumo excessivo do álcool e a sua dependência, que podem ocasionar diversos malefícios à saúde física, mental e às relações sociais do alcoólico. A data é listada em diversos sites e motiva campanhas de órgãos públicos e entidades não-governamentais no território nacional.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013, é comprovado que um dos principais problemas da saúde pública do Brasil é a dependência do álcool, que carrega consigo a propensão a diversas doenças. Cerca de 15% da população é dependente; homens entre 18 e 29 anos são a maioria.
O alcoolismo foi considerado uma doença química crônica pela OMS (Organização Mundial da Saúde ou WHO, World Health Organization). Nesta doença, o indivíduo consome álcool compulsivamente e se torna tolerante aos efeitos causados pela droga, desenvolvendo, desta forma, sintomas de abstinência quando a substância lhe é retirada.
A organização ainda ressalta que, em 2016, o Brasil foi um dos países que mais consumiram bebidas alcoólicas na América Latina. A média mundial é de 8,4 litros puro por ano, enquanto, somente no Brasil, são consumidos em média 8,7 litros.
O número alto afirma a relação equivocada que a população brasileira estabelece com a bebida, tornando-a parte da rotina de forma comum.
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Em janeiro de 2009, o Ministério da Saúde fez uma pesquisa que apontou crescimento de 18% na taxa de óbitos ligados ao consumo do álcool entre os anos 2000 e 2006. É válido enfatizar que a pesquisa considerou apenas as mortes causadas por doenças provocadas pela dependência, ou seja, considerando que até 30% dos homicídios e que entre 40% e 60% dos acidentes causados no trânsito possuem relação com o consumo do álcool, podemos concluir que o número de óbitos relacionados a esta prática são bem maiores.
Se você não conhece os sintomas do alcoolismo, atente-se aos seguintes sinais:
- Necessidade e desejo incontrolável de beber;
- Ter dificuldades para parar de beber depois de ter começado;
- Sintomas físicos quando se para de beber, como náuseas, ansiedade, suor e tremores;
- Adquirir tolerância e sentir a necessidade de doses maiores da droga, para que, assim, atinja o mesmo efeito que era obtido com doses inferiores;
- Considerar a bebida uma válvula de escape para momentos ruins.
Como é feito o diagnóstico de alcoólatra?
Reflita e responda às seguintes perguntas para si mesmo:
- Em algum momento você já pensou que deveria diminuir o seu consumo de bebidas alcoólicas?
- Você já sentiu culpa por beber?
- Você costuma beber para se sentir bem?
- Você já foi criticado por causa do seu consumo de álcool?
É claro que estas perguntas não são suficientes para o seu diagnóstico, mas apenas um “sim” como resposta pode sugerir um problema. Mesmo que todas as suas respostas sejam negativas, é recomendado que você busque o auxílio de algum profissional da saúde para analisar como o consumo da droga influencia na sua vida de forma negativa e, desta forma, com um diagnóstico médico, chegar a algum tratamento eficaz para te ajudar.
O que o alcoolismo pode causar em uma pessoa?
O álcool é uma droga que traz muitos danos à saúde. Seus malefícios vão de doenças de órgãos a distúrbios de conduta, podendo levar ao coma e até mesmo à morte.
Vamos citar aqui as principais doenças causadas pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas:
- Doenças gástricas, como úlcera, esofagite e gastrite;
- Hepatite;
- Pancreatite;
- Esteatose hepática;
- Cirrose hepática;
- Perda de memória;
- Dificuldade de concentração;
- Problemas cardíacos;
- Câncer de laringe, boca, garganta, fígado, esôfago e vesícula;
- Depressão e distúrbios de humor;
- Violência;
- Morte.
Existe cura para o alcoolismo?
Mesmo sendo uma doença tratável, o alcoolismo ainda não possui uma cura definitiva além do tratamento contínuo, o que significa que, embora o alcoólatra esteja sóbrio por bastante tempo, ele ainda será suscetível a ter alguma recaída. Por isso é que apenas “reduzir” o consumo não é o suficiente, já que este ato apenas retarda o problema.
Ter uma recaída não é sinônimo de fracasso, mas deve ser impulso para que o foco seja retomado. É extremamente necessário buscar ajuda médica, pois existem tratamentos com resultados satisfatórios. É importante lembrar: a cura pode ser simplesmente manter o tratamento e seguir as orientações médicas com responsabilidade!
Como é tratado o alcoolismo?
O primeiro passo do dependente é reconhecer a dependência da substância e, em seguida, buscar ajuda médica. Ter o acompanhamento de um psicólogo e fazer terapia é de grande valia para analisar e entender o que leva o indivíduo a beber, desconstruindo hábitos e se adaptando a uma rotina nova, acompanhada dos remédios necessários.
O tratamento usual é feito com alguns medicamentos, veja exemplos:
- Dissulfiram (ou antietanol): este medicamento é um dos mais antigos no uso para o tratamento do alcoolismo, mas o indivíduo deve ter estar ciente de que ele causa reações desagradáveis se for ingerido com bebidas alcoólicas.
- Acomprosato: medicamento inibidor que age como antagonista dos receptores glutamatérgicos e que possui efeitos terapêuticos sobre os mecanismos da abstinência.
Observação: só um médico é capaz de indicar o melhor medicamento para o seu tratamento, assim como a dosagem correta.
Você já ouviu falar no Método Sinclair?
Em 2006, quando o medicamento Naltrexona começou a ser estudado mais profundamente, um cientista finlandês chamado John David Sinclair, que estudou o comportamento do álcool no cérebro desde os anos 1960, fez uma longa pesquisa que prometia curar cerca de 80% dos casos de alcoolismo com o seu método, o Método Sinclair (ou Extinção Farmacológica). Tal método ainda possui outras vantagens: não é necessária internação, abstinência ou desintoxicação e também não exige que o indivíduo reconheça a dependência química. Parece bem simples, não é mesmo? Mas infelizmente este método ainda não é muito conhecido no Brasil. Mesmo em 2012, depois do lançamento de um livro sobre o assunto, os brasileiros não sabem muito sobre esta opção de tratamento.
O método consiste em o indivíduo tomar um remédio bloqueador do receptor de opióides toda a vez que for consumir alguma bebida alcoólica. Sendo mais preciso, exatamente 1 hora antes do consumo. Este tratamento faz com que o cérebro desaprenda o alcoolismo. Isto deve ser feito de forma sistemática por pelo menos 4 meses para que o resultado seja obtido completamente.
O medicamento utilizado é controlado e vendido apenas sob prescrição médica!
Alcoólicos Anônimos
Alcoólicos Anônimos são uma comunidade voluntária de homens e mulheres que se reúnem para dividir experiências no combate ao alcoolismo e que buscam manter a sobriedade por meio da abstinência total de bebidas alcoólicas.
Os primeiros grupos surgiram nos EUA, em 1935, quando um corretor da bolsa de Nova Iorque e um cirurgião de Ohio, ambos dependentes do álcool, decidiram criar uma comunidade para que todos pudessem se ajudar.
As associações estão espalhadas pelo mundo e possuem grande importância no tratamento para se livrar da dependência química, pois as reuniões proporcionam a divisão de anseios e a ajuda mútua entre os que sofrem com este problema. Assim, os dependentes caminham juntos e de forma anônima para sobriedade, afastando-se um pouco do mundo que muitas vezes julga, em vez de ajudar.
Curiosidade: a Lei Antiálcool para Menores entrou em vigor em novembro de 2011 e proíbe que bares, lojas de conveniência, restaurantes, entre outros locais, vendam bebidas alcoólicas ou permitam o consumo da mesma por menores de idade no interior dos estabelecimentos, mesmo se estiverem acompanhados dos pais ou responsáveis.
Agora que você já sabe um mais sobre esta doença, saiba que o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo é uma data de extrema importância para conscientizar e mobilizar a população a saber mais sobre a doença, além de ajudar e dar forças para os dependentes químicos.