Aproveitando o mês em que se comemora o Dia do Leitor, compartilho aqui algumas indicações de livros que me ajudaram no meu caminho para o autoconhecimento.
A internet é bem tentadora, porque dá “recompensas” imediatas: você lê em três minutos, se sente bem ou informado com o que leu e pode seguir para a próxima recompensa. Mas isso tem diminuído o nosso attention spam, que é o período de tempo em que um indivíduo é capaz de se concentrar em uma tarefa.
Antes de começar, portanto, gostaria de dar algumas dicas que me ajudaram a continuar a gostar de ler e ler o que interessa:
a) Se um livro não faz sentido para você, é permitido que você o coloque de lado e parta para outro!
Parece óbvio, mas às vezes paramos de ler porque aquele único exemplar que estávamos lendo deixou de ser interessante. Diante de tantas opções disponíveis hoje em dia, tantos formatos, e num momento que muitos de nós têm um pouco mais de tempo (talvez o que era usado para ir do trabalho para casa), seria uma pena desanimar simplesmente porque temos uma crença de que precisamos terminar o que começamos a ler.
Isso aconteceu comigo há pouco tempo, quando comecei a ler um famoso livro sobre introversão, e num certo momento me dei conta de que não estava dizendo nada que eu não soubesse.
b) Ter ouvido falar não é ler
Às vezes a gente vê tantas referências sobre um livro, que acha que já está familiarizado o suficiente com ele. Mas ter ouvido falar de um livro, ter visto resenhas dele ou alguns posts no Instagram não é o mesmo que ler!
Em coaching dizemos que o que provoca insight em uma pessoa não necessariamente vai provocar em outra. O que a pessoa que fez o post entendeu como interessante pode não ser exatamente o que você precisava ouvir e o que vai provocar aquela transformação em você.
c) Leia de novo, com novos olhos
Eu tinha um terapeuta que me enviava muito material para ler/assistir. Quando eu dizia: “Isso eu já li”, ele respondia: “Leu quando você era outra pessoa. Leia novamente, agora que você é essa pessoa.”
Sabe a frase de Heráclito: “Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez nem o rio é o mesmo, tampouco o homem é o mesmo”? É sobre isso que estamos falando aqui.
d) Encontre seu formato preferido
Eu só gosto de ler livros físicos. Gosto de anotar, de marcar, de escrever, de resumir.
Meu marido gostava de usar o tempo que dirigia para o trabalho (antes da pandemia) para ouvir audiobooks. Honestamente, ele lia quase uma centena de livros por ano! Para mim, esse formato não serve. Viajo nos pensamentos e quando vejo, já passou um capítulo inteiro.
Tem gente que gosta da praticidade de apps de leitura: levá-los para qualquer lugar, sem carregar muito peso; ter vários livros à disposição.
e) Você não precisa ler um livro de cada vez
Normalmente eu leio simultaneamente um livro mais leve, para quando não estou querendo pensar muito – um romance, por exemplo; um livro que tem a ver com espiritualidade, e um livro para trazer meus pés de volta ao chão, por assim dizer: pode ser um livro sobre finanças, história, algo assim.
Dessa forma, você não se cansa, a leitura não fica pesada e fica mais difícil de desistir.
Agora, ao que interessa:
1) Um Novo Mundo – O Despertar de Uma Nova Consciência – Eckhart Tolle
Foi muito difícil decidir entre este livro como número 1 da lista e o seu maior sucesso, O Poder do Agora.
Tentei ler O Poder do Agora há uns dez anos e achei-o muito denso. Eu realmente não estava preparada. Foi quando li Um Novo Mundo que consegui entender e me abrir para o que esse grande professor contemporâneo tem a dizer.
Nada mais perfeito que este momento de mudança mundial para ler um livro que fala sobre transição, qual é nossa parte e como podemos nos preparar para ela.
2) O Poder do Agora – Eckhart Tolle
O livro mais conhecido deste mestre contém explicações sobre consciência, ego, o corpo de dor, a origem do sofrimento e, principalmente, presença. É um livro importante, não importa em que você acredita.
Uma dica: a diferença entre o ego e o corpo de dor é que no corpo de dor você já tomou consciência de um padrão, digamos, a inveja. No ego, isso ainda está inconsciente.
3) Psicologia da Alma – Joshua David Stone
Este deve ser o livro que eu mais uso na prática, no meu trabalho. Escrito numa linguagem simples, passeia pela explicação dos quatro corpos, consciente, inconsciente, e tem um capítulo muito interessante voltado à hipnose e sobre como muitas vezes não sabemos que estamos sendo hipnotizados.
Minha parte favorita é uma lista com as atitudes do ego x atitudes do espírito. Por exemplo, saber que numa lista estava a preguiça e na outra estava a disciplina me ajuda a combater a procrastinação.
4) Tornar-se Negro – Neusa Santos
Ouvi pela primeira vez sobre esta obra ano passado, já tarde na vida, e foi realmente essencial para reconhecer meus comportamentos como pessoa negra.
Por meio de histórias de pessoas que a psicóloga Neusa Santos entrevistou, o livro explora questões sobre a identidade dos negros, negação da raça e a vida emocional da pessoa negra.
5) As Cinco Feridas Emocionais – Lise Borbeau
O livro trata de feridas emocionais que trazemos da infância, como rejeição, abandono, humilhação, injustiça e traição.
Tais feridas mostram-se no corpo e são carregadas para os nossos relacionamentos. A forma como escolhemos nossos parceiros influenciada por essas feridas é realmente reveladora.
6) Tomar a Vida Nas Próprias Mãos – Gudrun Burkhard
A autora explora os setênios (ciclos de sete anos) por meio da visão da Terapia (ou Aconselhamento) Biográfica Antroposófica.
Com as histórias contadas no livro, analisadas por Burkhard, você terá ferramentas para olhar sua própria biografia sob a luz dessa filosofia transformadora.
No final a autora conta sua própria história de vida – uma das coisas mais honestas que já li.
7) O Caminho do Artista – Julia Cameron
Tive a oportunidade de explorar este livro num curso sobre criatividade. O diferencial dessa obra é unir dois assuntos: criatividade e espiritualidade, além de falar sobre autonomia, poder pessoal, integridade e outras coisas que você jamais imaginaria figurando num livro sobre o assunto.
8) A Namorada do Dom – Dulcineia Santos
Não seria justo com o meu caminho não colocar meu próprio livro na lista! 🙂 Como não dizer o quanto a escrita deste livro ajudou no meu caminho de autoconhecimento?
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O livro em que falo sobre as lições que aprendi com meus relacionamentos foi um processo de cura – muito guiado também pelo livro da Gudrun acima.
Nele, convido a leitora a olhar para a própria caminhada, observar aqueles momentos em que a vida parece se repetir com personagens diferentes, e tirar suas próprias conclusões sobre as lições que precisa aprender para não precisar mais repeti-las.