O movimento vegan foi criado na Inglaterra em 1944 por Donald Watson. Essa vertente do vegetarianismo condena o consumo de derivados animais (carne, leite, ovos e mel). Seus adeptos também não usam roupas, sapatos, joias, produtos de higiene e limpeza com ingredientes de origem animal. Os vegans repudiam lojas que comercializem animais e eventos com exploração de animais. No Brasil, estima-se que 7,6 milhões de pessoas sejam veganas.
A dieta vegana diminui os riscos de catarata e doenças crônicas, protege contra diabetes e doenças da tireoide, reduz o risco de doenças cardíacas e o câncer. Pensando nesses benefícios, desde os anos 1960, os adeptos do movimento vegan desejam expandir a dieta para seus cães e gatos. Os entusiastas usam o exemplo de Bramble, um cão Merle Collie azul, do Reino Unido que viveu 27 anos comendo arroz, lentilhas e vegetais orgânicos.
Mas será que esses animais, onívoros por natureza, adaptam-se ao veganismo? Antes de mudar essa alimentação, é importante consultar o veterinário. Como a carne é rica em proteínas, a mudança brusca pode fazer o cachorro entrar em catabolismo, ou seja, o organismo degrada os próprios músculos para compensar a ausência do nutriente. Para os gatos, os veterinários não aconselham a dieta vegana. É vegan, tem cachorro e quer mudar a alimentação dele? Saiba aqui como fazer a transição.
Proteína: o xis da questão
Proteína animal ou vegetal é uma macromolécula formada por cinco átomos de hidrogênio (H), dois de carbono (C), dois de oxigênio (O) e um de nitrogênio (N). Os especialistas em nutrições humana e animal afirmam que as proteínas vegetais são pobres em relação às de origem animal. Outra questão é que algumas vitaminas são encontradas somente em alimentos de origem animal, como a B12, que é derivada em peixes, carnes, ovos, queijo e leite. A vitamina B12 previne e combate a anemia. Os cachorros que seguem uma dieta vegana consomem o nutriente através de suplementação vitamínica.
Outros nutrientes
As vitaminas A e D são outros nutrientes importantes para os cães. A primeira, encontrada nas folhas de beterraba, alface, espinafre, entre outros, é importante para a visão e o crescimento. A segunda, encontrada no óleo de girassol, na avelã e no amendoim seco e torrado, é antioxidante e protege o coração. Os animais não produzem essas vitaminas e precisam tê-las inclusas na alimentação.
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A taurina é encontrada nos peixes, no frango, no peru, na carne bovina e também no feijão, na beterraba, nas nozes, mas em quantidades menores. O nutriente é muito importante para os animais, pois protege os músculos e o coração. Os cães produzem a taurina a partir da vitamina B6, da cistina e da metionina.
Possíveis riscos
A dieta vegana para cachorros deve ser cuidadosamente acompanhada. Caso a deficiência de proteína não seja diagnosticada e tratada a tempo, provoca danos irreversíveis. Veja quais são os problemas mais comuns em decorrência de uma carência de vitaminas:
- Perda e falta de brilho nos pelos;
- Problemas de pele;
- Diarreia;
- Acúmulo de líquido nos órgãos do sistema digestivo;
- Problemas urinários;
- Fraqueza;
- Tumores.
Ração vegetariana: como incluir?
Inclua a nova alimentação aos poucos para o cachorro se acostumar com a nova textura e o sistema digestivo também se adaptar. Siga à risca as orientações do veterinário ou especialista em nutrição animal. Geralmente, o profissional indica a seguinte tabela para troca de ração:
- Primeiro e segundo dias: 75% da ração antiga com 25% de alimentação natural;
- Terceiro e quarto dias: 50% da ração antiga com 50% de alimentação natural;
- Quinto e sexto dias: misture 25% da ração antiga, com 75% de ração natural;
- A partir do sétimo dia: 100% de alimentação natural.
Todos nós queremos o melhor para nossos cães. Converse com seu veterinário e siga as orientações. Fale para a gente o que mudou na vida de seu pet após começar a dieta vegana.
Texto escrito por Sumaia de Santana Salgado da Equipe Eu Sem Fronteiras