Saúde Integral

Dislexia: o que é, sintomas e tratamento

Caderno aberto com lápis em cima e várias letrinhas espalhadas na mesa
Leka Sergeeva / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Muitas vezes, o desconhecimento em relação a doenças e demais condições de saúde pode levar a escolhas erradas e falas preconceituosas. Você já ouviu falar sobre a dislexia? Essa condição leva pessoas a trocar palavras e a ter dificuldade na fala, ações que podem dificultar as relações interpessoais.

Conhecer como ela se desenvolve e desmistificar suas características é algo fundamental para todos, principalmente quem trabalha em escolas ou convive com crianças. No entanto, a dislexia atinge pessoas de todas as idades. Saiba mais sobre os seus principais sintomas e fatores de risco, além do seu diagnóstico e alternativas de prevenção.

O que é dislexia?

A dislexia é um distúrbio hereditário de fator genético que afeta principalmente a capacidade de aprendizagem, pois tem o poder de causar uma dificuldade na compreensão de símbolos gráficos, além de uma ausência de memória fonêmica. Dessa forma, os portadores passam a trocar as letras e não conseguir escrevê-las. Apesar disso, o distúrbio não está associado à inteligência e ao Q.I. baixo. Por essas características, a dislexia é comumente descoberta durante o período da alfabetização das crianças.

O distúrbio é causado por uma alteração nos genes cromossômicos e geralmente acontece de forma hereditária, o que explica o alto índice de casos entre pessoas do mesmo círculo familiar. Segundo apontam pesquisas recentes, como afirmam representantes da Associação Brasileira de Dislexia, a causa da dislexia pode estar associada ao período da gestação: quando um alto índice de testosterona é desenvolvido pela mãe.

Cerca de 70% das pessoas disléxicas são do sexo masculino, e a descoberta do distúrbio não ocorre apenas durante a primeira infância, também pode acontecer durante a juventude ou a fase adulta, apesar de ser mais difícil de vir a acontecer.

Sintomas

O principal sintoma da dislexia é a dificuldade do portador em aprender conceitos básicos da alfabetização. Por isso, o disléxico desenvolve traços característicos durante essa fase do ensino, como a dificuldade ao falar, a decorrência da troca de letras parecidas (d e t, p e b, por exemplo), erros ortográficos constantes, troca de sílabas. Além disso, a facilidade em confundir direita e esquerda, consequentemente levando à desorganização espacial e temporal, também é recorrente. No entanto, os sintomas variam de acordo com o grau do distúrbio em cada portador.

Pessoa lendo um livro com vários pontos de interrogação
Evtushkova Olga / Shutterstock

Como é feito o diagnóstico de dislexia?

A partir do momento em que pais e professores percebem a recorrência de alguns dos sintomas listados acima, o diagnóstico é realizado por uma série de profissionais de diversas áreas da saúde e da educação. Isso ocorre porque, antes de afirmar que um paciente sofre de dislexia, os médicos precisam descartar uma série de outras condições e doenças. Ou seja, o diagnóstico da dislexia é realizado por meio da exclusão de outras possibilidades. Juntam-se psicólogos, pediatras, oftalmologistas, pedagogos, fonoaudiólogos, entre outros especialistas.

Estudiosos sobre o tema reforçam a importância de se realizarem diagnósticos precoces, assim que os primeiros sintomas despontam, durante o período de alfabetização infantil. Quanto mais cedo isso for realizado, melhor para o portador e para a sua saúde mental. É importante lembrar que as crianças e adultos disléxicos, antes de descobrirem a condição, são comumente tachados como burros e demais tratamentos depreciativos.

Dislexia tem cura?

Por ser um distúrbio descoberto recentemente, para a história da Medicina, a dislexia ainda apresenta pouca literatura, apesar da existência de uma série de profissionais e entidades comprometidos com o avanço dos estudos sobre o tema, como a Associação Brasileira de Dislexia, por exemplo. Portanto, até o momento, ainda não foi descoberta uma cura para a condição.

Tratamentos

Como a dislexia não tem cura, os tratamentos indicados pelos médicos servem para minimizar os efeitos das dificuldades de aprendizado durante toda a vida do portador. Por isso, é aconselhado, desde o momento do diagnóstico, um intenso acompanhamento psicológico (psicopedagogos e demais profissionais da área infantil, em caso de portadores diagnosticados durante a infância). Também se recomenda que os disléxicos frequentem fonoaudiólogos para o trabalho adequado do desenvolvimento da fala. Com esses e demais acompanhamentos, é possível ter uma vida tranquila e com muita felicidade.

Atividades para ajudar quem tem dislexia

A dislexia tem como um dos traços o desenvolvimento de uma forte criatividade. Por isso, os especialistas aconselham a prática de atividades lúdicas é prazerosas que incentivem o desenvolvimento criativo dos portadores. Desenhar, pintar, jogar videogames e demais jogos de cartas e/ou tabuleiro, esportes e atividades em grupo estão entre as práticas indicadas. Muitas dessas atividades têm versões exclusivas e voltadas para pessoas com dislexia.

Menina com rosto sobre livro contra parede com ar de desanimada enquanto há letras espalhadas pela imagem toda
Pavlova Yuliia / Shutterstock

Como é a vida de um disléxico?

Segundo especialistas da Associação Brasileira de Dislexia, o distúrbio pode acometer de 0,5% até 17% da população. Dessa forma, é possível afirmar que não se trata de um distúrbio tão raro, apesar de os estudos sobre o tema não serem clássicos e extensos. A rotina de um portador de dislexia exige alguns cuidados específicos e certa dose de paciência por parte dele e das pessoas ao seu redor.

O cotidiano de um disléxico não consiste numa vida paralisada – pelo contrário, a criatividade geralmente leva a uma proximidade com as artes, por exemplo. Entre os principais artistas conhecidos, muitos foram ou são portadores de dislexia, como os pintores Leonardo da Vinci, Pablo Picasso e Vincent van Gogh, a atriz Whoopi Goldberg e o diretor Steven Spielberg. O físico Albert Einstein também tinha dislexia.

Conhecer mais sobre a dislexia nos permite evitar cometer uma série de preconceitos que só atrapalham a vida do portador e de seus familiares. Além disso, é essencial para todos a leitura básica sobre o tema, pois nós podemos conviver com pessoas disléxicas sem sabermos.

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