Comportamento Saúde Mental

Doomscrolling: como esse hábito pode fazer mal para a sua saúde?

Uma mulher mostrando um feitio de surpresa enquanto olha o seu celular.
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

Nos últimos tempos, quantas vezes você se pegou ansioso ou preocupado por ter lido notícias? E quantas vezes, mesmo se sentindo mal por causa disso, foi atrás de ainda mais notícias ruins, sentindo-se duas vezes mal? Infelizmente, isso tem acontecido bastante atualmente, e tem um nome: doomscrolling ou hiperinformação!

Preparamos um artigo sobre essa prática, que faz muito mal para a nossa saúde mental. Além disso, separamos dicas para identificar o doomscrolling, conscientizar a respeito do porquê as pessoas fazem isso, quais são os impactos dessa prática e como é possível combatê-la. Então confira!

O que é doomscrolling?

Em agosto de 2020, o tradicional dicionário Merriam-Webster escolheu uma nova palavra como sua palavra do mês: “doomscrolling”. Apesar de ter atraído bastante atração para este conceito na época, havia pouca novidade, porque, na realidade, muitos de nós praticamos o tal doomscrolling todos os dias de nossas vidas, há anos.

Uma mulher observando a tela de um celular enquanto debruça sua cabeça na parte superior de um sofá.
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É difícil traduzir o termo “doomscrolling”. Em inglês, “doom” significa “desgraça”, “catástrofe”, entre outros sinônimos; “scrolling”, por sua vez, vem do verbo “scroll”, que nada mais é que o famoso “arrastar” ou “rolar” a tela do celular para cima ou para baixo enquanto navegamos. Seria algo como “rolagem catastrófica”.

Um termo que vem sendo usado em português e que pode dar conta de traduzir “doomscrolling” é hiperinformação, pois o doomscrolling nada mais é do que consumir notícias, vídeos, imagens, relatos e outros conteúdos negativos sem saber bem o porquê, apenas como um vício ou um hábito.

Como identificar o doomscrolling?

Hoje em dia, com as redes sociais e os navegadores de internet na palma da mão, estamos literalmente o dia todo consumindo informação, seja aquela fofoca que chega no WhatsApp, seja a briga entre famosos; o vídeo que chega, enviado por um amigo; as notícias catastróficas nos portais de notícias, aquele caso de violência que passa na televisão.

Enfim, o que se deseja dizer aqui é que vivemos tempos em que é difícil — talvez impossível — se livrar de estar em contato com a hiperinformação. Porém o problema do doomscrolling acontece principalmente quando essas negatividades não chegam até você: você é que passa a procurá-las.

Então, se perceber que está passando tempo demais consumindo conteúdo negativo ou até mesmo tempo demais no celular (a maior parte dos aparelhos permite descobrir quanto tempo passamos neles), é preciso colocar o pé no freio, mudar o tipo de conteúdo consumido ou simplesmente passar menos tempo usando o celular.

Isso é particularmente relevante durante situações excessivas que geram conteúdo negativo. Por isso, muita gente adoeceu de hiperinformação durante a pandemia. Casos como esses, além de escândalos políticos, inflação, crises de desemprego, entre outros cenários negativos, “incentivam” o doomscrolling. Portanto, é preciso estar atento.

Por que as pessoas aderiram a esse hábito?

Não há uma resposta certa e exata para essa pergunta, mas é possível fazer suposições. O psiquiatra norte-americano, Ken Yeager, do Centro Médico Wexner da Ohio State University (EUA), em entrevista ao portal Health, disse que nosso cérebro é orientado para se atrair por coisas negativas.

Ainda que pareça absurdo, faz sentido. Nossa mente opera da seguinte forma: se eu conhecer o perigo, posso encontrar uma forma de combatê-lo. Contudo isso pode funcionar, por exemplo, quando pensamos se seremos capazes de carregar um peso ao analisar o objeto pesado, mas o efeito é o inverso quando se trata de informação a respeito de coisas tão abstratas ou distantes.

Uma pessoa segurando um jornal de papel.
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Por exemplo: de que forma saber detalhes mórbidos sobre assassinatos e outros casos de violência vai te ajudar a escapar deles? Duas horas escutando sobre a crise do desemprego vai ajudá-lo a conseguir emprego ou se manter a salvo? Entender cada detalhe sobre a alta da inflação vai tornar os preços dos produtos mais baratos?

Então, precisamos entender que estar informado é bom, provavelmente essencial, mas estar hiperinformado é ruim e “combate” o efeito positivo. Especialmente se essa hiperinformação for de notícias negativas, que causem desesperança, tristeza, preocupação, ansiedade, angústia, medo, entre outros sentimentos negativos.

Quais os impactos causados pelo doomscrolling?

Em suma, podemos falar a respeito de dois tipos diferentes de impactos causados pelo doomscrolling. O primeiro é mais difícil de medir, porque diz respeito às nossas emoções.

Dessa forma, se vivermos em contato com notícias que causem os sentimentos citados anteriormente, como tristeza, preocupação, medo etc., isso vai afetar nossa vida em todas as esferas: menos concentração e foco no trabalho, irritação com amigos e na vida familiar, pouca dedicação às relações, diminuição nos níveis de motivação, e por aí vai.

Mas há um impacto que, de certa forma, pode ser medido, que é o de transtornos psicológicos e psiquiátricos. Então qual é a relação do doomscrolling com a ansiedade? Muitos se perguntam.

Estar o tempo todo em contato com notícias negativas, que causam preocupação, aflição, medo e desesperança, pode ser um enorme gatilho de ansiedade. O medo do desemprego e o desalento com a alta da inflação, por exemplo, são problemas que podem despertar uma ansiedade difícil de ser controlada.

Além da ansiedade, fobias e outros problemas, como síndrome do pânico, transtorno de ansiedade generalizado (TAG), depressão, entre outros, podem ser causados pelos efeitos nocivos da hiperinformação.

Como os profissionais da saúde podem ajudar?

Cuidar da sua saúde mental, aquela que é a mais impactada pelos efeitos negativos do doomscrolling, é essencial para cuidar da sua saúde como um todo, porque problemas como depressão, TAG e síndrome do pânico trazem consequências físicas também.

Por isso, se você tem sentido que está sofrendo com efeitos negativos dessa prática, recomendamos três coisas. A primeira é se forçar a se afastar um pouco do celular, do computador e de outros dispositivos que possibilitem a você esta oportunidade de se hiperinformar.

Uma mulher e uma profissional da saúde realizando uma consulta.
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A segunda é procurar um profissional da psicologia, que vai ajudá-lo a entender por que você tem o hábito do doomscrolling, o que você pode fazer para combater isso e quais são as consequências disso para a sua vida.

Se você sente que essa prática já causou danos que atrapalham consideravelmente a sua vida e o seu dia a dia, marcar uma consulta com um psiquiatra é uma opção também. Com a ajuda clínica e, se necessário, o tratamento com medicamentos, você pode voltar a ficar bem novamente.

Por fim, se o doomscrolling ou qualquer outro hábito e problema despertar em você problemas como crises de ansiedade, não perca tempo e vá até um pronto-socorro para receber o atendimento médico necessário.

Como fugir do doomscrolling?

Separamos abaixo algumas dicas para evitar essa prática. Assim sendo, você consegue escapar também dos efeitos nocivos dela. Confira!

1 – Esteja ciente do tempo que você passa no celular

Quanto tempo você passa todos os dias no seu celular? Saber essa informação é essencial, porque te dá uma dimensão de quanto da sua vida está sendo consumida ali. Suponha que você passa uma média de 3 h por dia ali.

Numa semana, são 21 h. Num mês, quase 4 dias. Num ano, simplesmente 45 dias! Muitas pessoas, ao verem seus números e fazerem as contas, já se assustam o suficiente para definitivamente mudar a rotina.

2 – Use temporizadores

Se você sente que simplesmente não consegue abrir mão de certos aplicativos ou de simplesmente navegar, pode usar temporizadores. Alguns sistemas operacionais já vêm com essa opção, mas é possível encontrar apps que fazem essa função.

O temporizador funciona da seguinte maneira: se você definiu que só pode usar determinado app por 30 minutos por dia, quando completar esse tempo, o temporizador vai bloquear o app e liberá-lo somente no dia seguinte.

3 – Determine momentos para se afastar

Uma mulher segurando uma placa que contém uma ilustração de um celular, e, sobrepondo-se a ela, uma faixa vermelha cuja ideia é indicar a proibição de algo. Neste caso, o celular.
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Algumas horas depois de acordar, algumas horas antes de dormir… Enfim, estude sua rotina para encaixar nela um período no qual você simplesmente vai se desconectar e fazer suas tarefas com foco nelas, sem se desviar para pegar o celular.

Além disso, você pode estabelecer períodos maiores, como dias da semana (sábado e domingo, por exemplo) nos quais simplesmente nem vai tocar no celular.

4 – Consuma conteúdo positivo

Se você sente que é praticamente inevitável consumir conteúdo negativo, consuma um pouco de conteúdo positivo para “equilibrar” as coisas. Vale tudo: vídeos de gatinhos, memes bobos, filmes, séries, papear com os amigos… Enfim, qualquer coisa que o distraia da hiperinformação e das notícias tão negativas.

5 – Saia das telas e viva

Tirar os olhos da tela e observar o redor pode ser até suficiente para lembrar a você que a vida é muito mais do que as notícias negativas das redes sociais. Então, acrescente na sua rotina conversas olhando nos olhos das pessoas e outras experiências da “vida real”, não do ambiente virtual, que pode ser tão tóxico.

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Enfim, você entendeu, neste artigo, o que é doomscrolling e como as consequências desse hábito podem ser bastante nocivas para a nossa saúde mental e física tanto a curto, como a longo prazo. Agora, consciente desse costume tão ruim, evite incorporá-lo a sua rotina para viver de maneira mais saudável.

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