Se alguém te dissesse que as suas dores no ciático podem ser provocadas por algum sentimento seu, você acreditaria? Muitas pessoas pensam que apenas fatores físicos podem desencadear esse tipo de problema. Porém é possível analisar esses incômodos também por uma perspectiva psicossomática.
Uma doença psicossomática é aquela que se manifesta a partir de um desequilíbrio emocional. Essa dificuldade de controlar as próprias emoções apresenta consequências físicas, alterando o funcionamento de órgãos do corpo ou provocando incômodos, como dores no ciático.
Ou seja, até mesmo aquele problema que parece não ter a ver com o jeito como você se sente emocionalmente pode ser um resultado dos seus sentimentos. Para aprender mais sobre a relação entre as emoções que você está alimentando e as suas dores no ciático, continue lendo o artigo!
Direto ao ponto
O que é ciático
Para quem não teve problema do tipo ou não é um profissional da saúde, a palavra “ciático” não passa de mais um desses nomes exóticos que a dona Medicina criou quando ainda era uma jovem melodia tocada por figuras seculares como Hipócrates. Na roleta russa dos acontecimentos da vida de cada um, tem gente que nem vai ter esse “prazer” de conhecer mais intimamente o tal termo, mas, para outros, a descoberta pode ser dolorida e, talvez, você esteja lendo esse artigo por isso.
Mas, afinal, o que é o nervo ciático? Antes de compreender seu significado, é bom revisar alguns conceitos básicos como, por exemplo, nervo. Os nervos são fibras nervosas que se distribuem por todo nosso corpo como aquele embolado inteligente de fios que fica debaixo da sua estante.
Não compreendemos muito bem como eles se acertam entre si, mas sempre conseguem realizar o que foram criados para fazer: passar a informação de um ponto a outro e, normalmente, não decepcionam na hora em que apertamos o botão de ligar/desligar. No caso dos nervos, às vezes, nem precisamos nos preocupar, pois eles fazem o trabalho de forma independente.
Existe todo tipo de nervo responsável por transmitir inúmeras informações destinadas a diferentes órgãos. Todos eles fazem parte do chamado Sistema Nervoso Periférico, que tem esse nome porque fica fora da caixa craniana e do canal vertebral. Dentro desse sistema, temos uma parte autônoma, responsável por fazer o trabalho que não vemos; e outra somática, que atua com o nosso consentimento. A lista de ramificações é grande e suas especificidades também. Aqui, vamos falar de um deles: o nervo ciático.
Oriundo do grego iskhiadikós, este nervo, também chamado de isquiático (por causa do osso ísquio, localizado na parte inferior da pélvis), é como se fosse a grande rodovia do nosso corpo, pois ele começa mais ou menos no meio da coluna, na região lombar, passa pelos glúteos, coxas e, quando chega no joelho, se divide em dois outros nervos: nervo tibial e nervo fibular. Todo esse longo trajeto por onde o ciático passa lhe garantiu a fama de maior nervo do corpo humano.
Como ele percorre grandes distâncias, sua função será justamente de fazer com que nós, seres que habitam este corpo, percorramos também, física e emocionalmente. Por isso, o ciático é responsável pelo controle das articulações do quadril, joelhos e tornozelos, além de dar aquele gás na musculatura das pernas e dos pés. Se ele está bem, sem compressões e inflamações no local onde ele fica (chamado plexo lombar), nós também estamos, e nos tornamos aptos a promover revoluções. Contudo, se as raízes nervosas estiverem passando por alguma pressão, a resposta do corpo para este evento é dor. Muita dor.
Sintomas de dor ciática
Identificar fisicamente uma inflamação (também chamada de ciatalgia) ou compressão no nervo ciático não é tão difícil, já que todos os sintomas estão concentrados na parte inferior do corpo. Portanto, estamos falando da região lombar, dos glúteos, coxas, pernas, joelhos, panturrilhas e pés. Em muitos casos, as dores irradiam de um ponto a outro.
Conheça abaixo alguns dos sintomas:
- Dor na lombar: que facilmente pode irradiar para a coxas e pernas;
- Desconforto no local: sensação de formigamento, dormência e, com o aumento da intensidade da dor, é possível aparecerem eventos abruptos, como se fossem agulhadas na área afetada;
- Dores nas pernas, que se manifestam como choques ou queimação. Geralmente, a dor se apresenta em apenas um dos membros inferiores e há uma sensação de peso nas pernas;
- Fraqueza muscular ou limitação de movimentos: em casos mais agravados, a dor dificulta o processo natural de locomoção da pessoa, já que ela perde a força para movimentar seus membros ou mesmo sente dificuldade de andar ou carregar algum peso;
- Dificuldades para manter-se em uma posição: um dos sintomas é a incapacidade de permanecer em pé, já que isso agrava o quadro da dor. Da mesma forma, a pessoa não consegue ficar sentada, pois a coluna está suportando mais carga do que pode aguentar.
Confira como as mudanças de hábitos podem nos deixar mais saudáveis:
O emocional e o físico
Depois de entender o que é o ciático e como seus sintomas se manifestam fisicamente, entenda quais são as atitudes cotidianas que podem influenciar no desenvolvimento das dores nessa região:
1) Dificuldade de controlar a própria vida
A coluna é uma parte do corpo que nos estabiliza, organiza-nos e nos auxilia a definir nossas metas de vida. Por isso, quando temos dificuldade para controlar o que buscamos e o que fazemos diariamente, os problemas físicos nessa região começam a aparecer. Nesse caso, seria importante traçar os planos que você quer alcançar e ter coragem para realizá-los.
2) Acúmulo de ressentimentos
As doenças psicossomáticas são resultado de traumas que não foram trabalhados. Logo, se uma pessoa acumula ressentimentos sobre algo que viveu e não busca uma maneira de aliviar essa dor, provavelmente esse incômodo se tornará físico também. Portanto, quando passar por um evento difícil, procure ajuda para se curar.
3) Impotência perante grandes decisões
A dor no ciático está relacionada à ausência de controle sobre a própria vida, ao acúmulo de ressentimento e à sensação de impotência. Quando não temos nossas vozes ouvidas, quando nos sentimos invalidados e quando parecemos inferiores aos outros, é o ciático que pode sentir os efeitos disso. É importante se manifestar sempre!
Dor Ciática por Cristina Cairo
Cristina Cairo considera que a dor ciática é uma resposta do organismo para prender ou paralisar os movimentos da pessoa. Ela é emocionalmente influenciada pelo fato de alguém não se permitir sentir prazer ou viver como gostaria. Mesmo inconscientemente, o indivíduo se sente impotente, não consegue enxergar o seu valor e não consegue superar o medo de seguir em busca de realizar os próprios sonhos e exercer a liderança sobre sua própria vida.
Dessa maneira, a dor ciática, sob esse ponto de vista, representa a falta de fluidez e de flexibilidade, assim como uma certa inabilidade para enfrentar as mudanças com desenvoltura, sem temeridade, libertando-se das mágoas do passado e buscando encontrar prazer e alegria.
Além disso, quando o indivíduo colabora consigo mesmo, respeitando o limite e o tempo certo para tudo, traz consigo a “carga”, inclusive financeira, que consegue suportar e entende que há coisas que não são suas, não precisando responder ou se culpar por elas, ele vai se libertar da possibilidade de sentir dor ciática.
Cristina Cairo recomenda que, em vez de se enclausurar, a pessoa abra o coração, a mente e o corpo. Que deixe fluir a troca de amor com os demais, aproveitando o que a vida tem de melhor, sem resistir à felicidade e sabendo que a evolução é feita de degraus a serem subidos com equilíbrio, perseverança e paciência, assumindo as responsabilidades que são as próprias de fato.
A autora de vários livros sobre Linguagem do Corpo ainda recomenda que cada pessoa busque seu autoconhecimento, seja pela Astrologia, Psicanálise, espiritualidade ou qualquer outro meio que permita compreender os sentimentos, as emoções e o seu papel no mundo, para evitar a dor ciática e outras dores.
Tratamento para dor ciática
Existem muitas formas de tratamento e alívio para dor ciática. Mas, antes de tudo, procure um médico ortopedista para confirmar a presença de inflamação ou compressão no nervo. Ele avaliará de forma personalizada a sua situação, o grau de intensidade da dor e os hábitos que deverá aplicar em seu dia a dia para garantir a diminuição dos sintomas que está vivenciando.
Confira abaixo alguns caminhos para aliviar a dor:
- Remédios e vitaminas: uma das orientações médicas será a utilização de medicamentos. Remédios como paracetamol ou ibuprofeno (em casos mais graves, tramadol) podem ajudar aliviar a dor. Uma dica é consumir vitamina do complexo B, que tende a auxiliar no fortalecimento dos nervos;
- Massagens: um dos tratamentos que ajudam muito a aliviar a dor ciática é fazer massagem. Além de possibilitar o relaxamento, essa técnica contribui para descomprimir o nervo e, por conseguinte, diminuir a dor. Para tornar essa técnica mais efetiva, procure um profissional da área;
- Alongamentos: outra dica são os alongamentos. Um deles está relacionado ao músculo piriforme, localizado na região das nádegas. Para realizá-lo, sente-se em uma cadeira com os pés no chão; cruze uma perna sobre a outra, com o joelho dobrado; coloque a mão oposta ao joelho dobrado e puxe a perna em direção ao peito; por fim, fique nessa posição por aproximadamente 30 segundos e repita o procedimento com a outra perna;
- Compressas mornas: o uso da temperatura em regiões doloridas serve em inúmeros episódios de dor — e em relação ao nervo ciático não é diferente. Por isso, aplique compressa morna sobre a região afetada. O processo ajudará a aliviar as dores na área, pois ele reduz a pressão sobre o nervo;
- Alimentação: em quadros de dores, é sempre bom cuidar da alimentação. Evite, portanto, consumir produtos que sobrecarregam o metabolismo, como açúcar, alimentos ricos em gorduras saturadas ou gordura trans, arroz, macarrão, álcool, carnes processadas, salames, presuntos, salsichas etc. Busque alimentos anti-inflamatórios, como frutas, hortaliças, peixe e azeite;
- Microfisioterapia: uma técnica interessante é a microfisioterapia, criada em 1983, na França, que auxilia, por meio de toques específicos, a reequilibrar as disfunções acumuladas ao longo de décadas em nosso corpo. Por meio dela, é possível identificar as raízes traumáticas que se acumularam nos tecidos corporais e iniciar um processo estimulado de cura;
- Acupuntura e osteopatia: técnica milenar chinesa, a acupuntura é uma técnica terapêutica que espalha pequenas agulhas em várias áreas do corpo, que são chamadas de meridianos (fibras musculares, nervos e tendões). Em relação à osteopatia, depois da avaliação e diagnóstico, o tratamento se dá por meio de massagens e técnicas manuais, sendo uma prática que ajuda o corpo a restabelecer seu equilíbrio natural.
O que é microfisioterapia?
A microfisioterapia é um tipo de terapia que tem como objetivo identificar a origem de um problema. Dessa forma, é possível resolver um mal pela raiz, por meio de exercícios de palpação e de eliminação do que está incomodando um(a) paciente.
A sessão dura cerca de uma hora, na qual o profissional vai tocar gentilmente o corpo do paciente. Durante esse processo, o fisioterapeuta vai analisar quais tecidos perderam a vitalidade em decorrência de um trauma. Essa ausência de vida é como uma cicatriz que, ao ser identificada, é estimulada a se autocurar.
No caso da dor no ciático, que pode ser causada por traumas emocionais, a microfisioterapia vai identificar em qual parte do corpo estão armazenadas as memórias negativas sobre algo. A partir dessa análise, é possível até mesmo descobrir em qual fase da vida de uma pessoa tal mal ocorreu. Depois, iniciam-se os toques curativos.
Muito além de uma técnica que alivia os sintomas físicos temporariamente, a microfisioterapia se aprofunda nos eventos emocionais que desencadearam o nascimento daquele trauma, tornando este um caminho de cura mais sólido e que garante resultados mais duradouros.
Se você está sentindo alguns dos sintomas físicos descritos neste artigo ou mesmo consegue identificar problemas em suas atitudes do dia a dia, não hesite em buscar ajuda de um profissional. Sua saúde deve estar em primeiro lugar!