Já ouviram essa frase: “É dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna”? Pois é, trata-se de um trecho da lindíssima oração de São Francisco de Assis que, independentemente da religião que se siga, essas frases trazem uma paz de espírito indescritível para qualquer um de nós.
A regra da reciprocidade é uma das mais básicas, generalizadas e faz parte da cultura do ser humano. Isso é o que afirmam sociólogos e antropólogos.Essa regra diz que uma pessoa tenta retribuir, na mesma moeda (ou até mais), o que a outra pessoa lhe forneceu.
Segundo Robert Cialdini, no livro as Armas da Persuasão, ao obrigar o beneficiário de um ato a retribuí-lo no futuro, a regra permite que um indivíduo dê algo a outro com a certeza que não sairá perdendo. Essa sensação de obrigação futura possibilita o desenvolvimento de diferentes tipos de relacionamentos duradouros, transações e trocas que são benéficos à sociedade.
Consequentemente, todos os membros da sociedade são treinados desde a infância a cumprir essa regra ou correm o risco de sofrer uma forte desaprovação social.
Essa regra é amplamente utilizada nas ações de marketing, sejam elas quais forem, e podemos tomar como exemplo a distribuição de amostra grátis em qualquer ramo de negócio, aquele suco no supermercado que está sendo lançado e nos deixa, em alguns casos, envergonhados em não comprar na frente da pessoa que nos ofereceu “sem cobrar nada”.
Ou mesmo no farol de trânsito, onde os vendedores ambulantes que, oferecendo uma balinha ao motorista, podem aumentar significativamente suas vendas dos pacotinhos de balas e bombons. Enfim, os exemplos são inúmeros.
Recebemos diariamente um verdadeiro bombardeio de coisas grátis na internet, principalmente Ebooks sobre os assuntos mais simples até aqueles inimagináveis; ao clicar na oferta você deixa seu email e, a partir daí, começa a receber ofertas incríveis, só que a partir de algum momento vai precisar comprar algo!
Um outro exemplo bem marcante, principalmente num país que ama o futebol como o nosso, é o “fair play” num jogo de futebol. Se um time ou jogador não retribuir a devolução de uma bola para o time adversário o caos está formado!
Outras áreas, feliz ou infelizmente, eticamente ou não, honestamente ou não, também se beneficiam dessa regra básica: na política, nas máfias, nos cartéis, pelos chefes do tráfico, entre outros. É só ver a teia de “retribuições” que se criou e está sendo apurada pela operação “Lava a Jato”…
Religiões espiritualistas também se referem ao “dar e receber” como uma lei áurea de prosperidade, como um ato de amor e magnanimidade. Dizem que essa prática une o nosso coração ao coração de Deus, atraindo assim a prosperidade infinita.
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Segundo o autor citado no início desse artigo, o poder da reciprocidade é tão grande que, mesmo pessoas estranhas, malvistas ou inoportunas podem aumentar a chance de conseguir nosso consentimento se primeiro nos fizerem um favor. O antropólogo francês Marcel Mauss, ao descrever as pressões sociais na cultura humana em torno do processo de presentear, afirma que existe uma obrigação de dar, uma obrigação de receber e uma obrigação de retribuir.
Já pensou em usar isso a seu favor, para o bem, é claro, tanto na vida pessoal como na profissional?