Há bem pouco tempo, em minhas andanças pela busca de conteúdos para o EuSemFronteiras, acabei conhecendo o Eneagrama. Em dado momento, cheguei até a baixar um aplicativo para fazer o teste e conhecer um pouco melhor essa ferramenta de autoconhecimento. Fiz o teste, mas naquele primeiro momento não me envolvi completamente com o assunto. Diante da correria do dia a dia deixei o aplicativo adormecido na segunda tela do meu celular. Sabe aquela que você não olha sempre? Pois é, nessa mesma! Mas tudo aquilo que você tem que ver, uma hora chega: a pé, a cavalo, de trem ou avião. A hora tinha chegado!
Passado um ano do primeiro contato com a técnica, uma grande amiga me convidou para participar de um workshop sobre o tema. Um sábado inteiro! Resolvi ir e saber finalmente o que era esse tal de Eneagrama. Afinal, o que essa técnica teria a me oferecer? Sei lá! Lá vamos nós buscando o autoconhecimento, a informação e sabe-se lá mais o que!
Vou tentar explicar aqui, de uma forma bem simples (até porque não sou especialista), o que é o Eneagrama. A palavra vem do grego “ennea”, que significa “nove”, e “grammos”, que quer dizer “desenho”, ou seja: “figura de nove pontas”. Nesse desenho, estão representados 9 tipos essenciais de personalidade. Há opiniões diversas sobre onde nasceu o Eneagrama. Existe há mais de 3 mil anos e a sua origem já foi atribuída aos sufistas do Islã, aos judeus e egípcios. Em meados do século XX, George I. Gurdjieff, filósofo armênio e mestre espiritual, foi quem recuperou e trouxe esse sistema para o Ocidente. Tem muita literatura sobre isso!
Bem, conceitos e datas à parte, o que importa mesmo é o que o Eneagrama é capaz de proporcionar por ser uma ferramenta profunda e maravilhosa de autoconhecimento.
Durante o workshop, eu fiquei surpresa com a precisão e os detalhes de informações que ele traz sobre a nossa personalidade. Surpresa, sim, mas muito incomodada, pois tudo aquilo que mexe com as nossas sombras traz incomodo. E aquele que diz que não se chateia é porque ainda não está pronto para ver. Ainda se engana acreditando que é um personagem. Precisamos sempre dar oportunidades para conhecer um pouco mais de nós mesmos. Mas cada um ao seu tempo!
Os nove tipos descritos têm características muito particulares que, ao serem descritas, fazem com que a gente vá se identificando, vendo aspectos que se encaixam em nosso perfil psicológico. É um sistema tão completo que, além das características da personalidade atual, retoma aspectos de comportamentos de cada tipo de personalidade: a infância, os mecanismos de defesa, a autoimagem, a idealização, as armadilhas, as fugas, as motivações, enfim, um amplo espectro de sinais que criam uma forte identificação com os tipos.
Embora exista um tipo predominante que você vê e diz: “bingo, essa sou eu”, não é uma análise estática e os tipos interagem com outros de acordo com determinados aspectos avaliados. É um trabalho que precisa ser aplicado por um profissional para que a sua leitura seja adequada. Hoje em dia, é muito utilizado como ferramenta de análise dentro de empresas, mas não quero me prender a isso.
Mas como em qualquer processo que leva ao autoconhecimento, é preciso estar aberta e preparada para ouvir, se identificar, se incomodar, se irritar e aceitar o que o Eneagrama tem a dizer. Confesso que em alguns momentos me senti completamente exposta, com a alma nua e escancarada, isso incomodou muito. Mas se incomodou, se doeu, é porque tem verdade!
Olhei aquelas sombras, aquelas bem escondidinhas que a gente passa a vida tentando abafar e não ver, mas que, de uma hora para outra, surgem no momento em que você menos espera e traz conteúdos que devem ser trabalhados.
O Eneagrama é uma entre tantas ferramentas capazes de nos proporcionar um mergulho dentro de nós. Quis dividir a minha experiência, sem a pretensão de dizer que essa ou aquela técnica é a melhor. De repente, para você, isso não ressoe. Estou me desafiando a conhecer e experimentar. E parafraseando Zeca Baleiro:
Eu digo: calma, alma minha, calminha! Você tem muito o que aprender”.
Não tem como iluminar a alma se nós não abrirmos as portas para a luz entrar: “A ferida é o lugar por onde a luz entra em você.” (Rumi).
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