Autoconhecimento Comportamento

E quantos segredos traz o coração de uma mulher?

mulher segurando coração de pelúcia
Craft24 / Getty Images Pro / Canva
Escrito por Denise Mantovani

Enquanto preparo meu café da manhã em um domingo chuvoso em São Paulo, escuto a música “Sinônimos” na voz de Zé Ramalho. Quando toca o trecho: “E quantos segredos traz o coração de uma mulher?”, um arrepio atravessa meu corpo. Respiro fundo e respondo no meu íntimo: o meu coração traz muitos! Em segundos, aos 38 anos de vida, percorro meu passado, desde o início da adolescência, quando vivi meu primeiro amor, até o dia de hoje. É sobre amores vividos e/ou não vividos que pretendo falar. Aqueles que estão guardados dentro do meu e do seu coração. Confie em mim.

Esses amores certamente existem. Para alguns envolvimentos damos publicidade. Para outros, optamos por manter no anonimato. No meu caso, de alguns dos meus amores minhas amigas sabem, de poucos, minha mãe, de um ou de outro somente eu sei, além da minha psicanalista. Dizem ser o primeiro amor aquele que deixa marcas profundas no coração. Que lenda! No meu coração (e em todo o resto do meu corpo), a marca profunda foi deixada nos meus 30 e poucos anos.

Recentemente, o amor de uma amiga se casou. E não, não foi com a minha amiga. Eu sofri junto com ela, pois revivi um período doloroso do meu passado. Recordei-me de todo um sofrimento de quando também perdi um grande amor por simplesmente não ter tido a confiança de dizer para ele o quanto eu desejava aquele relacionamento e o quanto eu o amava. O tempo passou. Minha coragem não apareceu. Meu temor prevaleceu. E meu amor também se casou. E não, não foi comigo. Traremos para a eternidade, minha amiga e eu, esses segredos em nossos corações.

“Nossa, Denise, você não viveu um amor por falta de coragem?”, talvez você esteja me questionando. Minha resposta é positiva. A vida é cheia de caminhos escuros e de segredos. Aquele não era o momento. Ou será que eu realmente não tive a bravura necessária para assumir tal relacionamento? Minha psicanalista responderia de modo afirmativo a esta pergunta. Assim, toda vez que uma mulher me conta algum relato de amor vivido e/ou não vivido mundo afora, fico imaginando a quantidade de amores perdidos, de histórias sem continuação, de famílias não construídas e, principalmente, de corações agonizando.

A vida é bem melhor aproveitada quando amamos. Hoje eu sou uma mulher que prezo e incentivo a confiança de vivermos nossos amores e histórias: se você ama, se você quer determinada pessoa, diga! Afinal, é como dizem por aí: o “não” nós já temos, então vamos atrás da humilhação! Além do mais, é pela falta de coragem que estamos negociando nossa felicidade e nosso futuro?! Entenda: por medo, você pode deixar de viver um grande amor, assim como minha amiga e eu.

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A dor de um amor vivido e/ou não vivido passa com o decorrer do tempo. Ficam as boas lembranças, o carinho e a gratidão pelos aprendizados e pelo amadurecimento. Confiantes do surgimento de um novo amor, seguimos vivendo. Porém que nunca percamos a oportunidade de viver algo especial e que tenhamos a coragem necessária para apreciar nossas histórias.

É isso! Essas minhas confissões, em um domingo chuvoso em São Paulo, são apenas para falar para você não deixar de desfrutar de um grande amor por medo ou por falta de coragem. Não abrevie sentimentos. Viva! Enquanto registro essas palavras, o meu coração está feliz, em paz e amando uma pessoa muito especial. Mas traz, em algum lugarzinho, muitos segredos (09/01/2022).

Sobre o autor

Denise Mantovani

36 anos, aquariana, formada em direito, servidora pública federal, mãe do adolescente Pedro. Tentando o equilíbrio nos papéis de mãe e de mulher. Romântica, prática, sonhadora, batalhadora, corajosa, brava, audaciosa e medrosa ao mesmo tempo. Sou amor, lágrimas e sorrisos, muitos risos. Sou amiga e companheira, mas de quem merece. Sou a soma de defeitos e qualidades. Vida saudável, e meia-maratonista.

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