Em se tratando de enfermidades corporais, observa-se que todos adoecemos e que um diagnóstico comum a dois indivíduos nem sempre acarreta a mesma intensidade de sintomas, o mesmo tempo de cura, o mesmo desfecho.
Comecemos pelos esclarecimentos de “O Livro dos Espíritos”, produzido por Allan Kardec:
A união da alma com este ou aquele corpo é predestinada, ou a escolha se faz apenas no último momento?
– O Espírito é sempre designado antes. Ao escolher a prova por que deseja passar, pede para encarnar, portanto, Deus, que tudo sabe e tudo vê, sabe e vê antecipadamente que alma se unirá a qual corpo.
O Espírito faz a escolha do corpo em que deve encarnar, ou apenas do gênero de vida que lhe deve servir de prova?
– Pode escolher o corpo, já que as imperfeições desse corpo são para ele provas que ajudam no seu adiantamento.
Em que momento a alma se une ao corpo?
– A união começa na concepção, mas só se completa no instante do nascimento.
Ouçamos o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo (João 9:1-3):
Ao passar (Jesus), viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Rabi, quem pecou, ele ou seus genitores, para que fosse gerado cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus genitores, mas para que fossem manifestadas nele as obras de Deus.
A lição é clara: o Espírito é anterior ao corpo, e o erro moral cometido em vidas anteriores tem a ver com problemática física, ou seja, de acordo com a condição consciencial do Espírito a enfermidade correspondente, com a reencarnação presente na passagem evangélica, pois onde teria pecado aquele homem senão em vida anterior uma vez que nasceu cego?
Em outra passagem evangélica em que Nosso Senhor cura um paralítico junto ao tanque de Betesda, se confirma que os erros morais acabam por se refletir no corpo físico, com Jesus dizendo ao beneficiado:
Eis que te tornaste são, não mais peques para que não te suceda algo pior. (João 5:14).
Não nos esqueçamos, porém, que a exposição à viciação física, à insalubridade de determinados ambientes e aos riscos desnecessários a que se expõe o indivíduo, pode acarretar enfermidades e deformidades correspondentes, que nada tem a ver com o seu programa reencarnatório. São consequências das escolhas atuais.
Esclarece o Benfeitor Espiritual André Luiz (1):
Toda queda moral nos seres responsáveis opera lesão no hemisfério psicossomático ou perispírito, a refletir-se em desarmonia no hemisfério somático ou veículo carnal, provocando determinada causa de sofrimento.
O Benfeitor Espiritual Emmanuel acrescenta (2):
A falta cometida opera em nossa mente um estado de perturbação, instaurando desarmonias de vastas proporções nos centros da alma, a percutirem sobre a nossa própria instrumentação.
As enfermidades congênitas nada mais são que reflexos da posição infeliz a que nos conduzimos no pretérito próximo, reclamando-nos a internação na esfera física, às vezes por prazo curto, para tratamento da desarmonia interior em que fomos comprometidos.
É por isso que, muitas vezes, consoante os programas traçados antes do berço, na pauta da dívida e do resgate, a criatura é visitada por estranhas provações, ou por desastres fisiológicos de comovente expressão.
Continua o Benfeitor:
Sabe hoje a medicina que toda tensão mental acarreta distúrbios de importância no corpo físico.
Nossas emoções doentias mais profundas, quaisquer que sejam, geram estados enfermiços.
Os reflexos dos sentimentos menos dignos que alimentamos voltam-se sobre nós mesmos, depois de convertidos em ondas mentais, tumultuando o serviço das células nervosas, produzem alucinações que podem variar da fobia oculta à loucura manifesta.
Toda emoção violenta sobre o corpo é semelhante a martelada forte sobre a engrenagem de máquina sensível, e toda aflição amimalhada é como ferrugem destruidora, prejudicando-lhe o funcionamento.
O pensamento sombrio adoece o corpo são e agrava os males do corpo enfermo.
E os referidos Benfeitores apresentam o comportamento profilático:
Apenas o sentimento reto pode esboçar o reto pensamento, sem os quais a alma adoece pela carência de equilíbrio interior, imprimindo no aparelho somático os desvarios e as perturbações que lhe são consequentes.
A prática do bem, simples e infatigável pode modificar a rota do destino, de vez que o pensamento claro e correto, com ação edificante, interfere nas funções celulares, tanto quanto nos eventos humanos, atraindo em nosso favor, por nosso reflexo melhorado e mais nobre, amparo, luz e apoio.
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Assim é que orar em nosso favor é atrair a Força Divina para a restauração de nossas forças humanas, e orar em benefício dos outros será sempre assegurar-lhes as melhores possibilidades de autorreajustamento, compreendendo-se, porém, que se o amor consola, instrui, ameniza, levanta, recupera e redime, todos estamos condicionados à justiça a que voluntariamente nos rendemos, perante a Vida Eterna, justiça que preceitua, conforme o ensinamento de Nosso Senhor Jesus-Cristo, seja dado isso ou aquilo a cada um segundo as suas próprias obras.
(1) Evolução em Dois Mundos, pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira;
(2) Pensamento e Vida, pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Grifos são do autor do ensaio.