Muitas pessoas confundem a maternagem com a maternidade. Por mais que elas “andem” lado a lado, são coisas completamente diferentes. Atualmente, maternagem tem como principal significado zelar pelos filhos – proteger e cuidar.
Para as mães ancestrais, porém, a maternagem representava tudo o que contribuía com os seus descendentes: escolher o seu parceiro, ir em busca de comida, construir um abrigo, lutar por uma boa imagem dentro de um grupo para que, dessa forma, conquistassem pessoas que lhe oferecessem suporte quando necessário.
A questão do tempo também era muito importante, pois, para cuidar das crianças e fazer as tarefas, era preciso conciliar as horas e dividir o tempo, de forma que ninguém saísse prejudicado.
Hoje, o conceito moderno de maternagem é o amor incondicional de mãe pelos seus filhos. A sociedade contemporânea tem uma visão bem específica do tipo de “mãe ideal”: a que deixa tudo para trás e dedica 100% do seu tempo para cuidar do seu filho, mas muitas mulheres viveram grandes frustrações decorrentes de conflitos internos ao longo do tempo, por terem abdicado de suas vidas para apenas cuidar dos seus filhos.
Existe uma grande luta para equilibrar as necessidades de uma mulher e a necessidade de cuidar dos filhos, que, na maioria das vezes, é algo extremamente complicado em grandes cidades.
O mercado de trabalho não oferece condições favoráveis às mães que têm filhos, principalmente pequenos, pois nem sempre é fácil encontrar creches, berçários ou escolas acessíveis, tanto financeiramente quanto em questões de localização – sem contar que a sociedade criou um pré-conceito quanto à terceirização dos cuidados com crianças.
Antigamente, a ambição e a luta por cargos de trabalho eram comportamentos bem vistos apenas pelos homens, mas, com o passar do tempo, as mulheres ganharam e ainda lutam pelo seu espaço e por igualdade, o que também pode ser visto como grande força para proporcionar e manter uma boa vida aos seus filhos.
Para que o sucesso profissional seja compatível com a família, as mulheres cada vez mais optam por ter um menor número de filhos e podem ainda ter filhos um pouco mais tardiamente do que o habitual.
Dentro do contexto da maternagem, o ciclo social da mulher é muito importante. Desde as sociedades primitivas, mães criavam redes sociais em que proporcionavam uma segurança maior a elas – o que também acontece na atualidade: tias, avós e até mesmo parentes mais próximos se disponibilizam e ajudam a cuidar das crianças pequenas.
Direto ao ponto
Qual é a diferença entre maternidade e maternagem?
Maternidade consiste no processo biológico pelo qual uma mulher passa e se torna mãe, sendo baseado no laço sanguíneo que une uma mãe ao seu filho. É totalmente uma condição física: gerar, gestar e dar à luz, parir.
Já a maternagem é caracterizada pelo afeto, pelo desejo de cuidar e pelo sentimento, não tendo nenhuma condição biológica como suporte. A maternagem é uma escolha! Amar, cuidar, proteger, ensinar, entre muitas outras coisas, são ações e escolhas da maternagem.
Como construir a maternagem e quais são os benefícios de praticá-la?
Tornar-se mãe não é algo simples, porque é preciso encarar uma nova identidade: quem era apenas filha agora é filha e mãe. Como a maternagem consiste no amor e no cuidado, não em fatores biológicos, é preciso entender o que ser mãe significa.
Durante a gravidez, as mães comumente relatam que o ato de acariciar e conversar com o bebê são formas de aproximação e de imaginação mais concretas do vínculo que se cria. Sentir os movimentos do bebê dentro da barriga é o primeiro contato físico que a mãe sente, pois mães de primeira viagem não se sentem grávidas em um primeiro momento.
Idealizar a vida do filho e até mesmo fantasiar sobre o sexo e a personalidade, fazer planos e sentir o medo de possíveis doenças são sentimentos e ações de amor e cuidado que nascem e promovem o instinto materno.
Na maternagem, tudo é idealizado até que o filho chegue ao mundo. No momento em que o filho nasce, automaticamente a relação se intensifica, considerando que, durante o período de gestação, a mãe imaginou, se aproximou e se preparou para a nova vida que chega.
No instante em que o contato físico realmente acontece e a mãe sente a presença daquele pequeno ser que foi tão esperado e tão imaginado por ela, a separação passa a ser algo extremamente difícil.
Como já explicado anteriormente, construir uma rede social que proporcione auxílio durante a maternagem é essencial para que a mãe não se sinta sobrecarregada e não entre em conflitos internos perante tantas mudanças.
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Praticar a maternagem é um ato que garante um bom relacionamento entre mãe e filho, assim como promove um autoconhecimento maior para a própria mãe e também gera leveza diante de situações que poderiam ser conturbadas. O relacionamento baseado no amor e na prática da doação é um grande sinônimo de união e possibilitará uma vida e criação tranquilas.