E se as coisas tivessem sido diferentes no meu passado? E se eu tivesse feito tal coisa de outra maneira? Talvez hoje eu estivesse em outra situação, mais feliz, mais ciente do que preciso fazer da vida. Talvez tivesse um emprego diferente, outros amigos. Viveria em outra cidade. Ou talvez passasse minha caminhada inteira repleta de “e se” sem de fato aproveitar os momentos que por mim são vividos sem encanações e pela livre espontânea vontade de ser.
Muitas vezes, praguejamos contra as experiências que tivemos que passar como se isso fosse a pior coisa do Universo. Embora exista a dor e o sofrimento nessa jornada, não há como negar que foi por meio desses sentimentos que muito de nossa evolução aqui na Terra se deu. Como diz o ditado: “Nem tudo são flores”. Mas e se não houvesse os erros, as angústias e a sede de sempre querer melhorar? Como saberíamos que estamos no caminho certo de algo? E olhe lá, se um dia vamos saber. O ponto crucial é entendermos que, sem a via-crúcis faz parte do processo que nos desenvolve e faz de nós seres melhores.
É comum do ser humano querer ter o controle sobre tudo o que acontece com ele. Queremos controlar o tempo, as pessoas, os acontecimentos e aquilo que estiver em nosso alcance. A verdade é que nem os cientistas conseguiram desvendar a façanha do tempo, e ele ainda é um dos maiores mistérios a ser explorado.
Queremos voltar no passado, imaginamos alternativas com finais felizes em determinadas situações e fazemos de tudo para acreditar que o que se está vivendo agora é ruim e errado. E aí está o perigo. O sentimento de frustração com o que poderia ter sido pode levar o indivíduo a desencadear uma série de problemas como depressão e transtornos psicológicos. Muita gente, além de querer reviver o passado, tem a pretensão de planejar cada etapa do futuro, desencadeando desta maneira a ansiedade.
Errar, falhar em um projeto, descartar possibilidades que já passaram por você e que não deram certo não tem nada demais. É impossível não relembrarmos ocasiões antigas e não queremos corrigi-las. Porém, tal faceta ainda não foi descoberta e a única solução possível é a ressignificação das coisas. E tudo acontece com um propósito, seja ele profissional ou pessoal. Está tudo interligado.
Reunindo conceitos obtidos em religiões como cristianismo, budismo, hinduísmo e taoísmo, o escritor Eckhart Tolle oferece em seu best-seller “O Poder do Agora” ferramentas de reflexão e concentração para que sua vivência esteja no momento presente. Para ele, esse é o segredo da paz interior e da felicidade. Não conseguimos reconstruir em nossas mentes detalhes do que aconteceu no passado corretamente, temos apenas alguns relapsos em nossa memória que nos levam a tal episódio ocorrido. Mesmo que tenhamos acesso a artifícios como calendários, agendas e relógios para marcarmos determinados compromissos que acontecerão, a precisão de como ambos vão acontecer está fora de cogitação. E isso nos remete a apenas uma conclusão: só vivenciamos o aqui e o agora.
Você está exatamente na hora certa
Para ilustrar um pouco melhor a ideia e te inspirar, separamos um trecho de um texto do líder espiritual indiano Sri Ravi Shankar. Confira!
“Alguns estão solteiros, alguns estão casados e esperaram 10 anos para ter um filho. Outros tiveram um filho depois de um ano de casados. Alguns se formaram aos 22 anos e esperaram cinco anos para conseguir um bom emprego. Outros se formaram aos 27 e encontraram o emprego de seus sonhos imediatamente. Alguns se tornaram presidentes de grandes empresas aos 25 e morreram aos 50, enquanto outros se tornaram presidentes aos 50 e viveram até os 90. Cada um trabalha com seu próprio fuso horário. As pessoas conseguem lidar com situações apenas de acordo com seu próprio tempo. Trabalhe com seu próprio tempo. Seus colegas, amigos, conhecidos mais jovens podem parecer estar “à frente” de você; outros podem parecer estar “atrás”. Não os inveje nem zombe deles. Apenas estão em seu próprio tempo – e você está no seu. Você não está atrasado nem adiantado. Você está exatamente na hora certa.”
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O momento certo é este que você está vivendo. Viva com os pés no presente e use o passado apenas como um termômetro que dita o grau de sua evolução neste plano em que vivemos. Dê novos significados ao pé na bunda que levou, à entrevista de trabalho que não foi bem-sucedida, à tristeza em não ter passado no vestibular. Veja tudo com outros olhos. Com os olhos do agora.