Encontramos por aí oportunistas que se autointitulam religiosos, explorando paixões, mantendo pessoas na ignorância, tirando-lhes a oportunidade de progresso e gerando seguidores que alardeiam inverdades, apenas para se nutrirem pela ganância financeira que tal procedimento lhes proporciona. Negociam a esperança, então tratada como mercadoria; navegam na sombra ao colocarem de lado a filosofia esclarecedora que eleva o espírito.
Essa postura é encontrada em todas as épocas. No início do século passado, para exemplo, tivemos os beatos.
Com essa exposição, pretendo mostrar que, com o rótulo do espiritual, a boa intenção é explorada objetivando o ganho, e é necessário nos acautelarmos contra isso.
As vítimas desses expedientes são também responsáveis, pois os que vão aos templos o fazem por egoísmo, colocando Deus a seu serviço, querendo d’Ele saúde, proteção, sucesso, dinheiro e mais coisas materiais; os espertos exploram exatamente isso e apresentam Deus como mercearia e a si como orientadores ou guias.
Havemos de nos ater ao serviço da iluminação interior por nosso próprio discernimento, não pelo que nos é oferecido.
A religiosidade se torna importante quando usada para encontrar o sentido da vida, o conforto e a força para prosseguir no caminho do esclarecimento, para darmos conta do desígnio a que nos propomos, ao aceitar virmos nos aperfeiçoar pela vivência terrena.
O que diferencia o comodismo religioso do espiritualismo é a abertura mental. Não é necessário se singularizar pelo comportamento ou pela aparência, a questão está em viver normalmente a vida participando dos eventos, torcendo pelo time favorito, amando. Este é o ponto: amar.
Vemos pelas divulgações midiáticas a troca de valores ao dizer fazer amor em vez de dizer fazer sexo. O sexo é sublime quando for feito em complemento do amor entre duas pessoas e assim sendo não é transgressão a nenhuma lei e quando, pelo empenho, se perde a noção do tempo por se dedicar a alguém ou atividade, então se está fazendo amor.
O chamamento divino é pelo amor resultando na evolução de si próprio como divindade, já que espiritualmente somos a imagem e semelhança de Deus; por esse entender, estarão corretos aqueles que, no cotidiano, tiverem a ação consciente do bem tendo como guia a misericórdia, independente do que se crê ou no que se acredita.
É oportuno a esse tema revermos o diálogo entre o teólogo Leonardo Boff e o líder budista Dalai Lama:
“― Santidade, qual a melhor religião? – Perguntou Leonardo Boff.
― A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor – Respondeu-lhe o religioso.
― E o que me faz melhor? – Voltou a perguntar o teólogo.
― Aquilo que te faz mais compassivo. – Respondeu ele.”
E Leonardo Boff nos elucida dizendo que “Ser compassivo é aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável…Mais ético… A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião…”
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Conclui-se, portanto, que independente do nome que a crença possa ter, alheios a locais, insubmissos a rituais ou cerimônias, a religiosidade é uma das maneiras de nos elevar a Deus transformando os de pedintes de bênçãos em indulgentes, conduzindo os devotos ao espiritual pelas ações do amor espontâneo para com tudo e para com todos.
Obrigado por me ouvir.