Há um ditado que diz que todos os caminhos levam a Roma, entretanto, referindo a diversas religiões, foi adaptado para: “Todos os caminhos levam a Deus”, equivocado.
Ao atribuírem a religião como sendo caminho para Deus, estamos materializando o que é espiritual e, portanto, desviando o foco do sentido da vida terrena.
Não digo aqui que religião seja certa ou errada, apenas mostro a diferença entre quem se preocupa com Deus e quem pratica Deus.
O que é pertinente de religião está apenso à manifestação de culto, de ritos e de outras expressões típicas da religiosidade, enquanto a espiritualidade se identifica pela relação humana íntima, pessoal, única, com algo maior reconhecido pelo EU, no qual o sentido da vida consiste em uma realidade de reflexão do ser sobre si, não como sendo o ser uma existência casual.
O que se requer da pessoa não é suportar as vicissitudes em nome de Deus, o que dá um falso sentido da vida; o que se propõe é compreender em termos racionais o fato de que a vida tem sentido coerente e que as tais “vicissitudes” são consequências de desempenhos malresolvidos cuja exercitação se fez necessária e se repetirá até que o acerto seja prática natural.
Cada um de nós procura estímulo que nos dê sentido para a vida, mostrando-nos caminhos entre os quais escolhemos aquele que melhor sintoniza conosco. Um escolheu ser engenheiro, ela preferiu a medicina, há quem prefira ciências contábeis e outros preferem ser pedreiros… Caminhos… Apenas caminhos…
Dar sentido à vida não significa obter alegrias no desvairo, motivando-se pelo efêmero. Acima disso está a automotivação em ser útil. Consciente ou não, desejamos construir, isso é espiritualidade. Contudo quem escolhe o ofício objetivando o que dá mais dinheiro se frustrará em algum dia no seu futuro, porquanto se pôs a servir somente si mesmo.
Não é necessário acreditar em espírito para ser espiritualista. Acreditar não é o fundamento. O alicerce está em agir pela espiritualidade. Daí o equívoco visto que quando se fala de espiritualidade é entendido como entrelaçado à religião.
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Quando dizemos que alguém é espiritualista, quase sempre nossa mente visualiza alguém de joelhos, acendendo velas ou cantando hinos com as mãos elevada. Ou seja, enxergamos religião.
Alguém pode ser religioso e espiritualista desde que pratique com naturalidade os ensinamentos morais que recebe da religião. Aquele que se posta apenas nos rituais no momento de culto é religioso, nunca espiritualista.
Há quem se diga ateu sendo espiritualista pela prática natural dos bons costumes — e também há o oposto, ser religioso e não ser espiritual no viver diário. Conclui-se, portanto, que a espiritualidade não está no caminho, e sim no caminhar.
Obrigado por me ouvir.