Em 27 de agosto, anualmente, comemora-se o Dia do Psicólogo. Com a comemoração dessa data, é necessário destacar a importância desse profissional para a saúde pública e para a qualidade de vida de toda a população mundial. O objetivo dessa profissão é estudar, analisar e diagnosticar os sentimentos, as dúvidas, os traumas e as inseguranças das pessoas, trabalhando para que elas se sintam melhor consigo mesmas.
Apesar disso, muitas pessoas ainda acreditam que a saúde mental é menos importante do que a saúde física. Se alguém se machuca, vai até um hospital. É comum fazer exames anualmente para ver se o organismo está funcionando devidamente. Se esta preocupação existisse também em relação à mente, todas as pessoas teriam sessões agendadas anualmente ou mensalmente.
Os problemas que afetam a mente sempre assolaram a população, mas somente agora, com a influência das redes sociais e com a possibilidade de as pessoas dizerem abertamente como se sentem, é que se percebe como essas questões impactam as vidas de todo mundo. Depressão e ansiedade, por exemplo, são diagnósticos atribuídos a muitos adolescentes e adultos. É só por meio da psicologia que essas doenças podem ser identificadas e tratadas.
Os questionamentos sobre esse tema começaram quando passamos a compreender que cada pessoa tem uma subjetividade, ou seja, que cada pessoa tem seus próprios sentimentos, questões, comportamentos e formas de ver o mundo. Seguir uma fórmula para tratar todas elas não seria possível, visto que todas são diferentes. A partir disso, a psicologia começou a se desenvolver com várias vertentes.
A Antiguidade, para a história ocidental, foi um período no qual homens como Pitágoras, Parmênides, Heráclito, Sócrates e Aristóteles responsabilizaram-se por pensar sobre questões existenciais. Assim surgiu a filosofia, como uma forma de entender os comportamentos das pessoas e o mundo que as cerca.
Na Idade Média, nomes como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino tornaram-se relevantes para a sociedade. Com a Igreja Católica controlando a sociedade, acreditava-se que questões ligadas à mente eram conectadas ao divino, sendo que a alma seria o que permite a conexão entre pessoa e Deus.
Durante o Renascimento, a Igreja perdeu força e se desenvolveram o estudo do humano e a valorização da razão, em detrimento do sagrado, a partir do antropocentrismo. Descartes foi o primeiro a definir que as pessoas são formadas por um corpo físico e por um corpo imaterial, mas que é pensante. Começava a se desenvolver a ideia de que existe uma mente.
Em meados do século XIX, as questões existenciais, estudadas estritamente por filósofos, passaram a ser estudadas pela neurofisiologia, uma ciência que estuda o sistema nervoso, de onde partem as emoções e os sentimentos. Hegel e Darwin despontaram como os pesquisadores do funcionamento do corpo, associando a mente a estímulos e a sensações.
De acordo com a história ocidental, a psicologia moderna surgiu na Alemanha, no final do século XX. Essa distinção da psicologia anterior se estruturou na tese de que houve um distanciamento entre filosofia e psicologia, que atingiu um status de ciência. Sendo assim, considerou-se que problemas mentais poderiam ser considerados casos clínicos, não somente questões pertinentes às ciências humanas.
A partir deste ponto, surgiram novas vertentes para o estudo da psicologia. A psicologia do desenvolvimento, que é o foco desse texto, analisa e interpreta os comportamentos e os sentimentos das pessoas durante todas as fases da vida, justificando o termo “desenvolvimento”. Há quatro interpretações possíveis para as mudanças que acontecem em cada faixa etária.
A primeira delas é a Psicologia da Gestalt. De acordo com esta teoria, no cérebro de cada pessoa existem milhares de habilidades adormecidas. Despertá-las somente será possível em determinadas fases da vida. Ou seja, neste sentido não se pode falar em um desenvolvimento da mente, mas em uma descoberta de habilidades já existentes.
Desenvolvida por Sigmund Freud, a Psicanálise é a vertente responsável por analisar a infância e a adolescência de forma a identificar como a sexualidade (reprimida ou não) pode afetar o desenvolvimento de uma pessoa ao longo de sua vida. Esta é considerada uma vertente de análise pouco científica e muito questionada.
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Por isso, ascendeu o Behaviorismo, termo que vem do inglês “behavior” (comportamento, em tradução livre para o português). Nesta teoria, o estudo parte da relação entre estímulos e comportamento desencadeados por eles. As críticas a essa vertente se devem à simplicidade com a qual ela se estabelece.
Para solucionar esse problema, surgiu a Psicologia Cognitiva. Por meio dela, estudam-se os processos internos que acontecem no corpo depois de estímulos que conduzem a determinados comportamentos. É como o complemento do Behaviorismo.
Independentemente da vertente utilizada para analisar cada uma das fases da vida, é preciso compreender como cada uma das faixas etárias é determinante para comportamentos, pensamentos e emoções, além de identificar os problemas que podem acometer as pessoas ao longo da vida.
Na fase pré-natal, os principais estudos são focados na forma como os fetos reagem a estímulos familiares: quais gestos repetem ao ouvir a voz da mãe e como acompanham os movimentos e os toques de seus familiares, por exemplo. Também se estuda a forma como os comportamentos da mãe podem afetar a criança em formação, como o uso de drogas.
Na fase seguinte – primeira infância –, observa-se o momento em que a criança começa a descobrir o mundo, a conhecer pessoas, a falar, a se alimentar e a expressar suas vontades. Neste momento é possível identificar problemas como autismo, que pode ser tratado com auxílio psicológico, atividades estimulantes e um acompanhamento individual.
A infância média é o momento da vida em que uma criança começa a formar amizades e a adquirir uma vivência em um âmbito social. Em decorrência disso, e também com as mudanças físicas causadas pela puberdade, as crianças podem experienciar inúmeros problemas. Dificuldade de aceitação do próprio corpo e bullying, por exemplo, são problemas crescentes nesta faixa etária.
Durante a adolescência, a pressão social, o reconhecimento da própria identidade e a necessidade de fazer parte de um grupo são questões que permeiam a vida de uma pessoa. Um profissional da psicologia pode fornecer auxílio durante esta fase de desenvolvimento, para que essa pessoa seja capaz de passar por este período de transição de forma saudável.
No entanto problemas como ansiedade, depressão e transtornos de personalidade podem se desenvolver durante esse período. Talvez um(a) adolescente não identifique que está passando por um problema que não é natural e que pode ser solucionado, por isso é que os familiares devem estar atentos, representando uma base confiável para a(o) adolescente.
A idade adulta e a idade adulta-média são caracterizadas pela necessidade de trazer contribuições para a sociedade, constituir-se como alguém independente ou construir uma família. Neste momento, traumas mal-resolvidos que se desenvolveram em outras fases da vida podem acabar prejudicando a capacidade de confiar em pessoas, construir relacionamentos e se amar, por exemplo.
Por fim, a velhice é um período no qual as pessoas podem sentir mais dificuldade de lembrar de tudo o que elas já conquistaram, de quem são ou de manter a independência que construíram. Doenças degenerativas que afetam o corpo e a mente precisam ser acompanhadas também por psicólogos, para que a saúde mental não seja um agravante em um quadro já complicado.
O ideal é que o acompanhamento psicológico aconteça durante toda a vida de uma pessoa, do nascimento até a velhice. É assim que aprendemos a lidar melhor com os desafios que aparecem, com questões referentes à nossa identidade ou com problemas de saúde física. É essencial que traumas e crises sejam solucionadas, para que não conduzam a inseguranças futuras.
Se você quer despertar esse processo de autoconhecimento e de consciência sobre quem você é, há locais que oferecem atendimento psicológico gratuito. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), do Sistema Único de Saúde (SUS), são opções disponíveis em todo o Brasil. Psiquiatras e enfermeiros(as) também atuam nestes centros.
Em clínicas-escola, você também terá acesso a um atendimento psicológico gratuito, já que são de responsabilidade de faculdades de psicologia. Há ainda instituições e ONGs que fazem esse tipo de trabalho por todo o país. Se você tem condições de pagar por esse serviço, basta procurar um consultório particular perto do local onde você vive.
Clique no link a seguir para encontrar locais como esses.
No caso de São Paulo, por exemplo, o mesmo site disponibiliza os endereços por região.
Aqui você encontra centros de tratamento psicológico gratuito em todas as regiões do país.
Além disso, se você conhece alguém que sofre de depressão (somente um dos inúmeros problemas psicológicos que uma pessoa pode ter) e precisa de ajuda, visite o CVV.
Para atendimento imediato, ligue 188. O contato é sigiloso e o atendimento está disponível 24 horas por dia. No Centro de Valorização da Vida, você vai encontrar profissionais capacitados(as) para te ajudar, assim como nos CAPS e nas clínicas-escola.