Tentamos a todo custo sermos competentes: profissionais de primeira, amigos presentes, namorados perfeitos.
Usamos uma capa protetora que só mostra o nosso lado bom: sorrisos simpáticos, roupas da moda, celular de última geração, sapatos impecáveis.
Entendemos dos mais variados assuntos: a novela das 8, a economia mundial, os conflitos de religião, a vida dos famosos.
Perdemos noites em claro estudando para os concursos, bebendo com os amigos, navegando na internet.
Mas o que fazemos realmente pelo nosso eu?
Quando estamos a sós, quem somos nós?
O homem moderno não tem tempo para si, o mundo o engole diariamente. Temos medo de nos confrontarmos.
O que vemos no espelho é aquilo que queremos que o outro veja: a pele bem cuidada, o corpo sarado, a roupa de marca.
Não esquecemos de trabalhar muito, além da nossa capacidade para no próximo ano trocarmos de carro, comprarmos um apartamento, fazer uma viagem da moda.
Deitamos e dormimos logo, muitos à base de remédios, para assim não termos de conviver conosco antes de o sono chegar, e se possível que venha um sono sem sonhos, sem despertarmos de madrugada, sem tempo para confrontação com nossa solidão.
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Queremos ser parte de um grupo, de uma religião, queremos ter status, queremos ser o orgulho da família, o amigo preferido, o amante irresistível.
Nas baladas queremos ser os “pegadores”, nas redes sociais os mais seguidos, na reunião o que mais se sobressai, o pai presente, a mão multitarefa, o amigo de todas as horas.
Muito bom tudo isso… Mas o que você é quando está sozinho?
“Não tenho tempo para mim”, muitos dirão. “Minha vida é muito ‘corrida’.”
E assim a indústria dos remédios para depressão, humor, analgésicos vai de vento em popa. O cartel das drogas nunca esteve tão bem. Os amores “de minuto” nunca foram tão premiados…
Mas e você? O “eu” fica perdido no tempo e no espaço. Quando pensamos em nós mesmos, temos medo. Quem sou eu sem minhas coisas, meus sapatos, meu carro, minha “imagem” tão bem construída?
Resumindo, já que todos nós não temos tempo a perder, ENQUANTO EU NÃO FOR DONO DE MIM, EU NÃO SOU NADA.
Enquanto eu não conseguir ter a minha própria companhia, EU NÃO SOU NADA.
Enquanto eu não aprender que enfrentar meus sofrimentos me faz crescer e ser mais forte, EU NÃO SOU NADA.
Enquanto eu não aprender que para amar o outro, seja ele bicho ou gente, amigo ou desconhecido, eu tenho de me amar primeiro, EU NÃO SOU NADA.
Enquanto eu não entender que os remédios me auxiliam quando estou no desespero, mas que são apenas uma MULETA, eu não sou nada.
Enquanto eu não acreditar que eu posso ser feliz, por direito, EU NÃO SOU NADA.
Enquanto eu continuar me iludindo que roupas, carro, celular, viagens, milhões de amigos nas redes sociais, cirurgias plásticas são apenas camufladores de status, EU NÃO SOU NADA.
Então, quando eu entender e aceitar que sou único, que tenho meus defeitos e qualidades, que posso subir um degrau de cada vez e me amar (aos poucos, com carinho e paciência) e por conseguinte ser feliz (tendo meus momentos de alegria e aceitação) finalmente eu saberei que tudo isso que tenho (ou terei) me é lícito, é meu por direito e não porque tenho de ter, tenho de fazer, tenho de ser.
Eu então saberei fazer bom e real proveito de tudo o que tenho, porque não terei mais medo de perder, pois encontrei aquilo que nada nem ninguém substitui: encontrei a mim mesmo.
Não é simples, não é fácil, mas é o caminho que todos teremos de percorrer, cada um a seu tempo. É o bom caminho, o caminho das pedras, dos degraus íngremes, mas da colheita farta. É o caminho do coração, do encontro no cume mais alto. Só poderá entender aquele que lá chegar. Do topo você vislumbrará o mundo a seu redor e sentirá imenso amor